Blog do Noblat / Metrópoles
Aos poucos, começa a se fechar o cerco
judicial a Bolsonaro
Se a Câmara dos Deputados, sob o comando de
Arthur Lira (PP-AL), nega-se a examinar sequer uma das centenas de denúncias
sobre supostos crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente Bolsonaro,
o Supremo Tribunal Federal decidiu fazê-lo.
Nunca antes na história um presidente foi
considerado suspeito de tantos crimes. Nas contas do ministro Alexandre de
Moraes, Bolsonaro pode ter incorrido em 11 crimes de uma vez só quando, na
semana passada, atacou a Justiça em uma live. A saber:
Calúnia;
Difamação;
Injúria;
Incitação ao crime;
Apologia ao crime ou criminoso;
Associação criminosa;
Denunciação caluniosa;
Tentar mudar, com emprego de violência ou grave
ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito;
Fazer, em público, propaganda de processos
violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social;
Incitar à subversão da ordem política ou
social; e
Dar causa à instauração de investigação, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral.
Esse é o terceiro inquérito no Supremo que
inclui o presidente. Ele já é investigado por suposta interferência política na
Polícia Federal e prevaricação no caso da compra superfaturada da vacina
indiana Covaxin. Alexandre escreveu em seu despacho:
“O pronunciamento do presidente da República
[…] revelou-se como mais uma das ocasiões em que o mandatário se posicionou de
forma, em tese, criminosa e atentatória às instituições, em especial o Supremo
Tribunal Federal, imputando aos seus ministros a intenção de fraudar as eleições
para favorecer eventual candidato, e o Tribunal Superior Eleitoral, no contexto
da realização das eleições previstas para o ano de 2022, sustentando, sem
quaisquer indícios, que o voto eletrônico é fraudado e não auditável.”
Fecha-se, aos poucos, o cerco judicial a Bolsonaro. Na última segunda-feira, o Tribunal Superior Eleitoral abriu um inquérito administrativo para investigar os ataques do presidente ao sistema eleitoral brasileiro.
A ministra Cármen Lúcia analisa o pedido de partidos políticos para que Bolsonaro seja investigado por ter usado a EBC, televisão estatal, para transmitir a live, algo que, segundo ela, pode “configurar crime de utilização ilegal de bens públicos”.
O ministro Luís Felipe Salomão pediu a Alexandre que compartilhe com a Justiça Eleitoral provas que tenham alguma ligação com investigações de irregularidades cometidas pela chapa Bolsonaro-Hamilton Mourão nas eleições de 2018.
Bolsonaro quer briga com a Justiça? Ela está pronta para brigar.
Guedes sob pressão para dar maior aumento
ao Bolsa Família
Nada como está em queda nas pesquisas para
ser mais caridoso com os pobres
No final do ano passado, o presidente Jair
Bolsonaro se irritava com quem falasse ao seu redor de aumento para o programa
Bolsa Família. Em abril último, em queda nas pesquisas de intenção de voto,
admitiu reajustar para R$ 250 o benefício médio de R$ 192. Um mês e pouco
depois, falou em R$ 270.
Como nem assim recupera popularidade,
alinhou-se com o Centrão, que defende mais gastos públicos, e que arrancar de
Paulo Guedes, ministro da Economia, um reajuste ainda mais generoso. Que tal R$
400 reais a serem pagos a 17 milhões de pessoas pobres, eleitores em potencial
do PT que criou o Bolsa Família?
“Eu falo em 50% de aumento e deixo os outros 50% para que o Guedes anuncie”, provocou, ontem, Bolsonaro olhando para seu ministro na cerimônia de posse do senador Ciro Nogueira (PP-PI) na chefia da Casa Civil da presidência da República. Calado estava, calado Guedes permaneceu com ar de emburrado.
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