Folha de S. Paulo
Não se descarta a possibilidade de uma
complementação da ordem disparada pelo governo Trump contra o ministro do
Supremo
Não é exagero dizer que parte dos
participantes do mercado financeiro no Brasil está hoje mais preocupada com o
impacto de uma aplicação
rígida da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de
Moraes para as empresas brasileiras do que com o tarifaço em
si.
A punição a Moraes não é um problema só para os bancos e muito menos restrito às dúvidas se o ministro do STF pode ou não fazer compras usando cartão de crédito internacional de bandeiras americanas.
Está todo mundo mapeando os riscos, traçando
cenários, na tentativa de se prevenir de efeitos primários e secundários
decorrentes da aplicação da lei, que atinge qualquer empresa que preste
serviços a pessoas que forem sancionadas. Casos de outras punições estão sendo
estudados, como o de Carrie Lam, ex-chefe
do Executivo de Hong Kong, que relatou a uma TV local, em 2020, como viveu só
com dinheiro em espécie, inclusive o salário.
Como a sanção a Moraes foi feita de forma
genérica, as empresas tateiam meio que no escuro. O governo Trump não disse o
que pode e o que não pode fazer nem há comunicação formal aos bancos.
As dúvidas continuam, e as instituições
financeiras aguardam posições mais definitivas de escritórios jurídicos
americanos para compreender a abrangência de aplicação da lei.
As consultas preliminares apontam que Moraes
pode fazer operações em reais, mas há divergências sobre esse ponto. Não se
descarta a possibilidade de uma complementação da ordem disparada contra o
ministro. A situação complicará muito se os americanos disserem que ele não
pode fazer transações em real.
O economista Fabio Kanczuk,
ex-BC, foi um dos poucos a alertar publicamente que a aplicação plena da
Magnitsky representa uma ameaça sistêmica incomparável ao Brasil, com um
potencial de destruição "absurdo e muito superior" aos impactos
tarifários.
A cautela é geral pelo medo de novas
retaliações de Donald Trump em
meio a esse balaio de incertezas. Por hora, é melhor não subestimar o problema
dizendo que basta Moraes mudar sua conta do BB para a Caixa.
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