sábado, 30 de junho de 2012

OPINIÃO DO DIA – José Serra: o legado Lula

"Ganhe quem ganhar, eu ou a Dilma, terá pela frente o pesado legado econômico deixado por Lula. Não se desenvolve um país apenas estimulando o consumo. Lula não soube aproveitar os bons ventos da economia que sopraram durante seus oito anos de governo. O pior está por vir."

José Serra, em declaração a Ricardo Noblat durante a campanha de 2010. Blog do Noblat, 27 de junho de 2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Brasil é menos católico e ainda mais evangélico
Mensalão do DEM tem 37 denunciados
TST divulga salários na internet
Europa ajuda bancos e bolsas disparam
Venezuela é impedida de retaliar Paraguai

FOLHA DE S. PAULO
Mercosul aproveita ausência do Paraguai e inclui Venezuela
PT foi vítima de preconceito em São Paulo, diz Haddad
Número de católicos cai no país pela 1ª vez
Procuradoria denuncia 37 no caso do "mensalão do DEM"

O ESTADO DE S. PAULO
Com Paraguai fora, Mercosul abre as portas à Venezuela
Igreja Católica perde 465 fiéis por dia em 10 anos
Perillo dobrou patrimônio ao assumir governo
Linha branca e móveis ganham redução de IPI

CORREIO BRAZILIENSE
Caixa de Pandora
Católicos em fuga, evangélicos em alta
Transparência: TJ proíbe salários na internet
Funcionalismo: Aumento pode custar R$ 60 bi
Mercosul pune Paraguai e faz mimo a Chávez

ESTADO DE MINAS
A batalha da fé
Campanhas de adversários focam Lacerda
Aprovação de Dilma em alta
Prorrogado IPI menor da linha branca e móveis
Crise no Paraguai abre vaga para a Venezuela

ZERO HORA (RS)
Estado tem a maior diversidade religiosa do país, mostra IBGE
Entra e sai no Mercosul
IPI menor é prorrogado para ajudar a economia

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Governo mantém redução do IPI
Mução liberado após irmão assumir culpla
Dilma atinge maior índice de popularidade
Evangélicos ganham espaço em Pernambuco

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Poupança rende pela primeira vez menos que 0,5% em um mês

Com novas regras, remuneração é de 0,48%, mas ainda compete com fundos

Lucianne Carneiro

Pela primeira vez desde que foi criada, em 1861, a caderneta de poupança registra rendimento menor que 0,50% ao mês. Estão vencendo agora as primeiras cadernetas já sob a nova regra de remuneração - que começou a valer quando a Taxa Selic caiu para 8,5% ao ano, em 31 de maio -, que terão remuneração de 0,48% ao mês. As poupanças antigas terão rentabilidade de 0,5% no período. Apesar da redução, a aplicação ainda é competitiva frente a fundos de investimento, diante do movimento recente de redução dos juros no país.

Os fundos DI (pós-fixados) renderam 0,55% em junho, segundo a Associação Nacional das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) até dia 26, enquanto os de renda fixa (prefixados) renderam 0,54%. O valor desconta a taxa de administração, mas não o Imposto de Renda. No ano, o rendimento foi de 4,67% e 5,45%, respectivamente.

- É a primeira vez que as novas poupanças rendem menos que 0,5%, mas, mesmo com a remuneração menor, a aplicação continua competitiva em relação a fundos de investimento - afirma o administrador de investimentos Fabio Colombo.

Pelas novas regras de remuneração, a poupança renderá o correspondente a 70% da Selic. Se a taxa básica de juros ficar acima de 8,5%, volta a vigorar a regra antiga (0,5% mais TR).

- A nova poupança não provocou nenhuma ruptura no modelo de alocação dos investimentos para a sociedade. Não teve nenhum movimento de fuga de depósitos para outras aplicações financeiras - destaca o professor de Finanças do Ibmec Rio Gilberto Braga.

Em junho, a melhor aplicação foi o fundo FGTS-Vale, que rendeu 5,89%. Apesar do bom desempenho no mês, no entanto, o ganho no semestre ainda é baixo: 2,87%. Já os trabalhadores que destinaram parte dos recursos do FGTS para ações da Petrobras amargam perda de 6,37% no mês e de 17,93% no ano, também segundo a Anbima. As ações da estatal continuam sofrendo pela diferença entre o preço do petróleo no mercado internacional e o do combustível no mercado doméstico, apesar do reajuste anunciado na semana passada.

O otimismo do mercado ontem com o anúncio do acordo dos líderes europeus ajudou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a praticamente zerar as perdas no mês, fechando com queda de apenas 0,25%. Ainda assim, especialistas são cautelosos com a expectativa para o mercado em julho.

- Hoje (ontem) saiu o acordo da Europa e o mercado se animou, mas é preciso ver se isso vai ter fôlego. A gente vem de meses fracos, então qualquer coisa pode animar, mas é necessário ver como será a reação nos próximos dias - diz Colombo.

FONTE: O GLOBO

Queda na atividade derruba o superávit

Economia para pagar juros da dívida do Tesouro caiu pelo terceiro mês consecutivo, mas governo espera resultado melhor no segundo semestre

Fernando Nakagawa, Eduardo Cucolo,

BRASÍLIA - O crescimento mais lento da economia afeta cada vez mais as contas públicas. Dados apresentados ontem pelo Banco Central mostram que o esforço fiscal para pagar juros, o chamado superávit primário, caiu pelo terceiro mês seguido, para R$ 126,8 bilhões, no acumulado em 12 meses. Com o recuo, o número se afasta da meta para o ano, que era de R$ 139,8 bilhões. Os cofres públicos sofrem especialmente pela menor atividade econômica, fato que derruba a arrecadação de impostos.

Nos últimos meses, a atividade pode ter impactado as receitas, admite o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. Mas, segundo ele, no prazo de 12 meses o superávit primário está em torno de 3% do PIB. "Isso é consistente com a meta do ano", disse Maciel. A meta oficial para 2012 equivale a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

No mês passado, com a redução dos impostos gerados por vendas e lucros de empresas, a economia feita pelo setor público atingiu R$ 2,65 bilhões, uma queda de 65% na comparação com maio de 2011. Esse é o pior mês desde dezembro do ano passado. "Essas oscilações são normais", minimizou Maciel.

Diante de uma arrecadação fraca e com iniciativas do governo para reduzir impostos - para automóveis e linha branca, por exemplo -, e ainda reforçar gastos, como a compra de caminhões, tratores e ônibus, Maciel reconhece que as contas públicas são afetadas.

Mas ele lembra que nos cinco primeiros meses de 2012 o governo já tem 45% da meta do ano cumprida". A aceleração da economia no segundo semestre deve melhorar as contas, disse.

Meta. O economista da BBM Investimentos, Hui Lok Sin, avalia que os números apresentados mostram contas públicas cada vez mais fracas. "O desempenho visto até agora aponta mais para um ano com superávit primário em torno de 2,5% do PIB. Atingir a meta de 3,1% é difícil, mas não impossível", diz.

Para o especialista, o governo deve cumprir a meta por fatores que, não necessariamente, dependem do crescimento. "Podemos ter recursos extras em dividendos ou nos leilões de concessão. São valores importantes, mas que não têm relação direta com a atividade."

O BC divulgou também que a dívida líquida do setor público caiu para o equivalente a 35% do PIB em maio, menor patamar da série iniciada em 2001. Em abril, era equivalente a 35,7% do PIB.

Frustração. O relatório divulgado ontem só comprova o quadro já desenhado por números conhecidos ao longo dos últimos dias: a economia reage muito lentamente e frustra todas as previsões. Até o Banco Central admitiu esta semana, pela primeira vez, aquilo que o mercado já prevê há cerca de um mês: a economia vai crescer 2,5% no ano, menos que os 2,7% vistos em 2011.

Por isso, economistas mantêm as apostas de que a taxa básica de juros vai continuar em queda e pode atingir o patamar inédito de 7,5% ao ano para reanimar a economia.

Além dos juros, outra frente de batalha do governo está nos investimentos. Nos últimos dias, a equipe econômica aumentou recursos para o crédito rural, reduziu os juros subsidiados nos empréstimos do (BNDES) para empresas e ainda antecipou compras governamentais. A guinada para o investimento pode ser uma reação à má notícia vinda do mercado de crédito após várias iniciativas para incentivar o consumo via financiamento: em maio, o calote subiu para 6% de todos os empréstimos, novo recorde.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

A piada sem graça do pibizinho

Dias atrás, Guido Mantega estrilou com um banco estrangeiro que previu que o Brasil teria expansão modestíssima neste ano. Se estiver mesmo convicto das projeções que faz, e nunca se cumprem, o ministro da Fazenda agora terá que partir para cima do Banco Central: desde ontem, tornou-se oficial que o PIB brasileiro irá crescer menos neste ano do que em 2011. O que era um pibinho virou um pibizinho.

No Relatório de Inflação divulgado ontem, o BC reviu as projeções de crescimento da economia brasileira de 3,5% para 2,5%. Confirmada a previsão, o Brasil avançará em dois anos o mesmo que o governo Dilma Rousseff prometia crescer apenas neste. A gestão petista está devendo, e muito.

Segundo o BC, o desempenho de todos os setores econômicos será bem pior agora do que foi no fraquíssimo 2011. Para a agropecuária, a previsão é de queda de 1,5% - antes esperava-se elevação de 2,5% no ano. O desempenho da indústria cairá à metade, para 1,9% anual. O dos serviços será o menos afetado, passando de uma alta de 3,3% para 2,8%.

Até poucos dias atrás, a Fazenda alardeava que o Brasil cresceria de "3% a 4%" em 2012, percentual do qual o Planalto nunca divergiu. Em seguidas ocasiões, Mantega sustentou que o patamar do ano passado - expansão de 2,7% - era ótimo "piso" para a economia brasileira numa época de vacas magras como a atual. Resta saber o que o ministro acha de tê-lo agora como teto inalcançável...

Depois de ter chamado de "piada" a previsão de que o PIB só avançaria 1,5% em 2012, feita pelo Credit Suisse na semana passada, Mantega agora terá de se contentar com o que, seguindo o ponto de vista do ministro, seria uma pilhéria do BC. De forma abrupta, a Fazenda também passou a falar dos mesmos 2,5% ora previstos no Relatório de Inflação. Como se faz uma revisão tão súbita sem que o governo se explique?

Infelizmente, é possível que, assim como o errático Mantega, também o BC esteja equivocado. A média dos prognósticos feita por mais de 100 instituições financeiras, estampada semanalmente no boletim Focus, já aponta para um crescimento de apenas 2,18% neste ano. A reversão das expectativas foi fulminante: há um mês, esperava-se algo pouco acima de 3%.

Para que o país cresça efetivamente os 2,5% previstos pelo Banco Central, a economia teria que acelerar muito no semestre que começa no próximo domingo. A LCA Consultoria estima que, para que o BC acerte, o ritmo de crescimento atual teria de ser triplicado. Para a Tendências, significa atingir algo como 9,5% ao ano. Alguém crê nesta possibilidade? Difícil.

A dura realidade econômica que ora vai se consolidando no país resulta da dificuldade do governo petista de agir adequadamente e na hora certa. A gestão Dilma demorou demais a baixar os juros, insistiu além da conta no incentivo ao consumo e até agora não conseguiu destravar os investimentos - alternativa que, de fato, teria o condão de melhorar a situação geral do país.

"O governo Dilma entendia que bastaria derrubar os juros, puxar as cotações do dólar e espremer os bancos para que baixassem os juros para que o PIB disparasse. Não é o que está acontecendo", comenta Celso Ming no Estadão. Para Miriam Leitão, n'O Globo, "o problema não é apenas o mundo. É a qualidade da nossa resposta. Ela tem sido fraca e sem nexo". "O Banco Central exime com excesso de condescendência a política econômica de responsabilidade pelo fraco desempenho do PIB", concorda o Valor Econômico em editorial.

Mais indicadores reforçam a percepção de que a resposta do governo do PT à crise é inadequada. O modelo de expansão da economia a reboque do consumo caminha para a exaustão, se é que ela já não chegou: o brasileiro nunca esteve tão endividado. Mostrou o BC ontem que o valor das dívidas já corresponde a 43,3% da renda das famílias no ano, recorde histórico desde 2005. Neste período, o endividamento mais que dobrou (era de 18,4% há sete anos).

A ferocidade com que os importados tomam conta do mercado brasileiro é outro agravante. No ano passado, os bens vindos do exterior atenderam todo o aumento de consumo de bens industriais verificado no país. Neste ano, contudo, estão indo ainda mais além: enquanto a demanda interna por estes itens caiu 2,4% entre janeiro e abril, a presença dos importados cresceu 0,4%, mostra o Valor em sua edição de hoje.

A um quadro que piora a olhos vistos, a presidente da República responde com o trivial simples da receita petista: medidas a esmo, desconectadas, fragmentárias. Os pacotes se sucedem e o país afunda, sem merecer do governo petista um plano de ação capaz de efetivamente evitar que o pior aconteça. Agindo assim, Dilma Rousseff e sua equipe brincam à beira do precipício.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Vitória de Kassab no Supremo fortalece partidos governistas

PSD se aliou a siglas da coalizão de Dilma em 66% das grandes cidades

Parceria com a legenda dará dois minutos a mais na propaganda de TV para os candidatos a prefeito nas eleições

Catia Seabra, Rodrigo Vizeu

BRASÍLIA, SÃO PAULO - A vitória do PSD de Gilberto Kassab na Justiça vai beneficiar nas eleições de outubro muito mais os partidos da base de Dilma Rousseff do que a oposição ao governo.

Apesar de em São Paulo ser o principal aliado na candidatura de José Serra (PSDB), o PSD de Kassab firmou parcerias eleitorais com siglas governistas em 66% das 119 maiores cidades do país (com mais de 150 mil eleitores).

O exemplo de São Paulo, com o PSD alinhado à oposição, só deve se repetir em 20% das grandes cidades.

Criado em 2011, o PSD é a novidade no cenário político nacional.

Sob o comando do prefeito de São Paulo, o partido conseguiu se erguer a tempo da disputa de outubro e, anteontem, obteve no Supremo Tribunal Federal o direito a espaço na propaganda eleitoral e financiamento público proporcionais ao tamanho da bancada que abocanhou de outras legendas, em especial o DEM.

Só de recursos públicos do fundo partidário, o PSD vai ampliar de R$ 40 mil para cerca de R$ 1 milhão o que recebe mensalmente.

Já o DEM, antiga sigla de Kassab e a mais prejudicada com a criação do PSD, terá um desfalque de cerca de R$ 500 mil por mês.

Ainda devido à decisão, o PSD dará ao candidato que apoiar dois minutos a mais de propaganda na TV, uma das principais armas das campanhas.

Apesar do discurso de independência, Kassab dá sinais de que caminha para a adesão ao governo federal.

Em São Paulo, chegou a discutir aliança com o petista Fernando Haddad. Ficou com Serra. Mas compôs com o PT no ABC: Santo André, São Bernardo e São Carlos.
Ontem o PT de Campinas oficializou a candidatura a prefeito de Márcio Pochmann com uma vice do PSD, a empresária Adriana Flosi.

Rivais

Nas 119 maiores cidades, o PT é o partido que mais receberá apoio do PSD: 23 casos. Em São Bernado, cidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Kassab reforça a campanha do prefeito Luiz Marinho, um dos nomes cotados para disputar o governo do Estado em 2014.

Outro grande aliado do PSD é o PSB do governador Eduardo Campos, que recebe o apoio em 17 cidades.

"O PSB é o nosso grande parceiro nessas eleições. Tanto que, assim que soube da decisão do STF, telefonei para o governador Eduardo Campos para agradecer", contou Kassab.

"Hoje nós temos uma fotografia em que os três [PSDB, DEM E PPS, as siglas de oposição] são nossos adversários. O PSDB escolheu ser nosso adversário quando foi ao Supremo. Já o PT não subscreveu a ação", diz o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, se referindo à ação vencida pelo PSD no STF. "No PSD, há uma simpatia inequívoca pela Dilma", diz Saulo.

FONTE FOLHA DE S. PAULO

Para ministra do TSE, 'falta povo' ao PSD

Cármen Lúcia, que preside o tribunal eleitoral, votou contra o pedido do PSD de ter mais tempo de TV na propaganda eleitoral. "Eu diria que aos partidos novos falta povo. Eu não conheço democracia sem povo", disse ao justificar o voto. O julgamento, no entanto, já estava definido a favor do partido desde o dia anterior.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Prefeito aumenta seu cacife político e viabiliza 'janela' para novas siglas

Vera Magalhães

E eis que, como quem não quer nada, Gilberto Kassab conseguiu instituir a tal janela para a infidelidade partidária no Brasil.

A bem-sucedida empreitada de criação de seu PSD servirá de modelo para tantos quantos queiram deixar as siglas em que estão sem sofrer as sanções estabelecidas pela súmula da fidelidade aprovada pelo próprio STF.

O efeito de médio prazo da decisão que deu ao partido do prefeito todos os direitos das legendas que disputaram as últimas eleições será acrescentar algumas novas combinações à sopa de letrinhas do quadro partidário brasileiro.

A corrida para a criação de novos partidos deve ser deflagrada logo depois das eleições de outubro, já com vistas ao novo arranjo de forças no Congresso e para a sucessão presidencial de 2014.

Além de ficar como uma espécie de patrono da proliferação de partidos, Kassab também colherá da decisão de anteontem do STF o efeito de polinizar com tempo de TV abundante candidaturas em todo o país -da esquerda à direita, do PT ao PSDB, sem deixar de fora nem o antes dogmático PC do B.

Se o cacife político do prefeito já vinha em alta -diferentemente da aprovação de sua gestão, segundo pesquisas-, ele tende a ser ainda maior depois de abertas as urnas. O PSD e seu criador viram um "player" fundamental para a eleição de 2014.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Mensalão do DEM tem 37 denunciados

O Ministério Público denunciou 37 acusados de participar do mensalão do DEM, esquema de desvio de recursos do governo do DF. O STJ livrou o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE) de envolvimento no episódio do "dólar na cueca", protagonizado por um assessor.

Gurgel denuncia 37 no mensalão do DEM

MP detalha como foi partilha do dinheiro público no DF: 30% para Arruda, 20% para Paulo Octávio, e 10% para secretários

Carolina Brígido

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou ontem ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) denúncia contra 37 acusados de participar do chamado mensalão do DEM, suposto esquema de desvio de recursos do governo do Distrito Federal para pagamento de propinas para autoridades. Entre os denunciados está o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), apontado como chefe da suposta organização criminosa. As ilegalidades foram descobertas pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, em novembro de 2009. Na ocasião, Arruda foi preso e acabou perdendo o cargo.

Também foram denunciados o ex-vice-governador Paulo Octávio - que, segundo o Ministério Público, liderava a quadrilha com Arruda - e o ex-secretário de Relações Institucionais e delator do esquema, Durval Barbosa. Os três foram acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além dos dois crimes, Arruda também poderá responder por corrupção ativa. Ainda foram alvo do MP ex-secretários de Estado, deputados distritais e o conselheiro licenciado do Tribunal de Contas do Distrito Federal Domingos Lamoglia.

Os parlamentares flagrados nos vídeos de Barbosa foram denunciados. Nas gravações, Leonardo Prudente guardava dinheiro nas meias; Júnior Brunelli fazia uma oração após receber propina, e Eurides Brito colocava na bolsa o seu quinhão. Eles receberiam dinheiro em troca de apoio político. O procurador revelou que, na investigação da Polícia Federal, nenhum deputado distrital havia sido indiciado. Essa parte da denúncia é toda fruto de investigações do Ministério Público. Segundo o procurador, os 37 suspeitos foram enquadrados nos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, Arruda, Paulo Octávio, Joaquim Roriz, Durval Barbosa e outras 15 pessoas integraram uma quadrilha entre 2006 e 2010 "de modo estável, permanente e mediante divisão de tarefas com o objetivo de cometer crimes, notadamente contra a administração pública".

Segundo o procurador-geral, o ex-governador Joaquim Roriz ajudou a angariar fundos para a campanha de Arruda a fim de garantir a continuidade do esquema. Apesar de ser referido na denúncia, Roriz não foi acusado de crime algum. Devido à sua idade, os crimes teriam prescrito.

Com a denúncia, cabe ao relator do inquérito, Arnaldo Esteves Lima, elaborar um voto e submeter ao plenário do STJ. Se a denúncia for aceita, o caso será transformado em ação penal e os investigados, em réus.

- Estamos com acusação extremamente bem fundamentada - disse Gurgel. - Há provas contundentes. As provas são muito documentais, não só por causa dos vídeos, mas também pelos contratos.

O documento do MP detalha como teria ocorrido a partilha do dinheiro desviado dos cofres públicos. Normalmente era assim: Arruda recebia 30% da propina; Paulo Octávio, 20%, e os secretários, 10%. Os percentuais variavam a cada contrato.

O advogado Nélio Machado, que defende Arruda, disse que seu cliente é inocente e destacou a demora do MP em apresentar a denúncia. Paulo Octávio manifestou surpresa e, por meio de sua assessoria, disse que não há provas contra ele.

FONTE: O GLOBO

Alckmin põe Dimas Ramalho no TCE paulista

Fausto Macedo

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) nomeou o deputado federal Dimas Ramalho (PPS/SP) para uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Não foi tranquila a indicação de Ramalho, porque precedida de longo entrevero na arena política que até fez sombra à supremacia do governador na Assembleia Legislativa.

O principal obstáculo era o empenho do deputado Campos Machado, veterano cacique do PTB na Casa, que queria a qualquer custo a nomeação do deputado Antonio Carlos Caruso, líder do PMDB. Prevaleceu a imposição de Alckmin, por Ramalho.

Eleito três vezes deputado estadual (1990, 1994 e 1998) e outras três deputado federal (2002, 2006 e 2010), Ramalho vai ocupar cadeira emblemática que, por duas décadas, alojou o conselheiro Eduardo Bittencourt - ele aposentou-se em 1.º de abril, aos 70 anos, sob suspeita de enriquecimento ilícito.

Promotor de Justiça, Ramalho exerceu os cargos de secretário de Estado da Habitação (1996-1998) e de secretário de Serviços da Prefeitura (2007-2009). Era o preferido entre os conselheiros do TCE, maior corte estadual de contas do País, que tem sob jurisdição 644 prefeituras e a administração direta e indireta do Estado.

A definição sobre o conselheiro foi consolidada terça-feira na Assembleia. Ramalho foi sabatinado e, por unanimidade, o plenário aprovou Projeto de Decreto Legislativo com sua indicação.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Aliados disputam para indicar vice de Serra

Com vitórias eleitorais, PSD aumenta pressão, mas tucanos ainda falam em chapa puro-sangue

SÃO PAULO. Com uma disputa entre os partidos aliados pela vaga de vice ainda não resolvida, o pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, vai deixar para os últimos dias permitidos pela legislação a escolha do nome. Ele é o único dos postulantes a prefeito na capital paulista que ainda não definiu o companheiro de chapa. A coordenação jurídica da campanha tucana já orientou a equipe do ex-governador que ele tem até o próximo dia 5 para anunciar o escolhido.

O clima, que já era de guerra entre o PSDB e o partido do prefeito Gilberto Kassab (PSD), piorou ainda mais depois da decisão de anteontem do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou que o PSD terá direito já neste ano a espaço no horário eleitoral gratuito. O PSDB reivindica uma chapa puro-sangue e resiste a aceitar um nome sugerido por Kassab. Os tucanos querem como vice o ex-secretário estadual de Cultura Andrea Matarazzo ou o coordenador-geral da campanha de Serra, Edson Aparecido.

Kassab tem o nome de seu ex-secretário de Educação Alexandre Schneider colocado na disputa e a pressão do PSD para ficar com o posto deve aumentar diante da decisão do Supremo. Com a vitória de Kassab, Serra deverá ter um acréscimo de tempo na propopaganda eleitoral, podendo superar por segundos o espaço do adversário Fernando Haddad (PT). Estimativas da campanha tucana dão conta de que Serra poderá ter cerca de 7 minutos e 40 segundos e Haddad, 7 minutos e trinta segundos. A distribuição exata do tempo será feita pela Justiça Eleitoral

FONTE:: O GLOBO

Em Belo Horizonte, campanhas de adversários focam Lacerda

Candidatos do PMDB, PV e PTB mandam recado ao prefeito: vão evitar confrontos entre si para concentrar críticas na atual administração. Convenções partidárias vão definir hoje os nomes de quem concorrerá à Prefeitura de Belo Horizonte.

Um por todos, todos por um

Candidatos do PV, PMDB e PTB avisam que estarão juntos na campanha contra Marcio Lacerda, para tentar levar a disputa para o segundo turno, e rebatem versões de que poderiam desistir

Isabella Souto e Alessandra Mello

A uma semana do início oficial da campanha em Belo Horizonte, já começou a guerra entre os candidatos a prefeito. Uma amostra de como deve ser o tom dos ataques foi dado no penúltimo dia de convenções partidárias que irão definir as chapas, com os candidatos Délio Malheiros (PV), Eros Biondini (PTB) e Leonardo Quintão (PMDB) mandando um recado ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), considerado por eles seu maior adversário. Os três vão evitar confrontos entre si, concentrando suas críticas na administração do socialista, que disputa a reeleição. O objetivo deles é levar a disputa para o segundo turno, quando planejam estar juntos em um blocão de oposição a Lacerda.

Em entrevista coletiva na manhã de ontem, Quintão e Malheiros acusaram o prefeito de tentar cooptar partidos com os quais negociam alianças, em troca de promessas de cargos, para enfraquecer suas candidaturas. As legendas em questão são o PDT – que ainda não decidiu se vai se aliar ao PV ou PMDB –, o DEM, que provavelmente indicará o vice de Malheiros, e o PR, mais próximo dos peemedebistas. Biondini não compareceu, mas segundo os outros dois candidatos deu aval às declarações.

"O prefeito está tentando abafar as candidaturas independentes. São atitudes anti-democráticas que não contribuem em nada com o processo eleitoral", reclamou o candidato do PV. Um dos motivos de irritação dos candidatos são os boatos de que o PSB poderia romper com o PT, se aliando ao PSDB que indicaria o vice, apesar de os petistas já terem escolhido o deputado federal Miguel Corrêa Jr. (PT) para compor a chapa de Lacerda. Nessa hipótese, os três adversários do prefeito desistiram das candidaturas atendendo a pedidos do senador Aécio Neves (PSDB).

Sobraram críticas também às nomeações recentes feitas pelo prefeito, acusado por eles de tentar cooptar os partidos em troca de cargos. Malheiros citou como exemplo a posse de Elson Alípio Júnior (PR) na Regional Noroeste. "Por que nomear um filiado do PR há 20 dias?", provocou. Para os candidatos, a estratégia é uma forma de minimizar um possível recuo do PT, na aliança com o PSB caso não seja acertada a coligação para a disputa na Câmara. No meio desse imbróglio, o PSDB também ensaia um rompimento, se o PSB atender ao pedido do PT.

Invenção O presidente do PSB de Belo Horizonte, João Marcos Lobo, nega qualquer atitude para desestabilizar os concorrentes e alega que a intenção do prefeito e de toda legenda é fazer uma campanha propositiva, "com respeito a todos os candidatos". Ele disse que as buscas por aliança fazem parte do jogo e estão sendo feitas dentro da tradição da política mineira. "Como eles não têm críticas consistentes contra o prefeito, avaliado como um dos melhores do Brasil, ficam inventando coisas", rebateu.

Em discurso de oposição, Leonardo Quintão argumentou que a cidade "piorou" desde o início da administração de Lacerda, especialmente nos setores de saúde e mobilidade urbana, e criticou o que chamou de aparelhamento da máquina pública. Deputado federal, ele queixou ainda da falta de sintonia de Lacerda com a bancada mineira no Congresso. "Ele se reuniu com a bancada federal uma vez. Se for eleito, pretendo encontrar (com os deputados e senadores) pelo menos três vezes por semestre. É importante essa integração com os parlamentares", ponderou.

Enquanto Malheiros deixou claro que vai buscar a boa relação com todos que estiverem contra Lacerda, Quintão ressaltou que acredita em uma campanha de baixo nível por parte do prefeito. Mas avisou que estará pronto para rebater o que classificou de "mentiras". Na campanha de 2008, Quintão disputou o segundo turno contra Lacerda e o acusou de ter divulgado informações falsas com o intuito de prejudicá-lo e vencer as eleições. Ele justificou que na ocasião evitou responder às acusações porque "não entendia o poder de capacidade de informação da imprensa e da internet".

Em relação ao principal cabo eleitoral do prefeito – o senador Aécio –, os candidatos não só pouparam críticas como reafirmaram a admiração e o desejo de vê-lo eleito presidente da República nas eleições de 2014. "Voto no Aécio Neves", disse o peemedebista. "Ele é meu candidato", completou Malheiros.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Ativista em eleição de Fortaleza

O PT de Fortaleza deve oficializar neste sábado, durante sua convenção, a biofarmacêutica Maria da Penha Fernandes como candidata a vice na chapa encabeçada pelo ex-secretário municipal de Educação, Elmano de Freitas. Ela exerceu, durante a gestão da petista Luizianne Lins, o cargo de coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres. Atualmente, preside o Instituto Maria da Penha, que vem fazendo pelo Brasil campanhas de divulgação da lei que leva seu nome.

A vice da chapa de Elmano tinha sido oferecida ao PV e ao PR, mas os dois partidos declinaram do convite em favor de Maria da Penha, em nome de um apelo mais forte para tentar fazer a sucessão da prefeita Luizianne Lins (PT). A ativista integra uma coligação de partidos que tem PT, PV, PR, PTN, PTdoB, PSC e PRTB.

Os petistas enfrentam a oposição do governador do estado, Cid Gomes (PSB). Depois de uma parceria iniciada em 2004, quando Luizianne foi eleita prefeita pela primeira vez — à revelia da direção nacional —, PT e PSB sempre estiveram juntos, tanto nas eleições municipais quanto nas estaduais, garantindo a eleição e a reeleição de Cid Gomes.

Agora, ele e o irmão Ciro avaliaram que Elmano de Freitas é um candidato sem viabilidade eleitoral. O governador rompeu com a aliança e decidiu lançar o nome do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Roberto Cláudio.

O movimento do governador também atraiu o PMDB cearense, do senador Eunício Oliveira. O parlamentar rompeu a aliança com o PT. A direção nacional do PMDB queria uma aproximação com o pré-candidato do PCdoB, senador Inácio Arruda, numa tentativa de beneficiar Gabriel Chalita em São Paulo. Os comunistas paulistas acabaram fechando com o PT de Fernando Haddad. (PTL)

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Em Recife, PSDB oficializa Daniel

Candidatura do deputado será homologada hoje pela manhã. Vice está indefinido

Ayrton Maciel

Depois de enfrentar previsões, intrigas, apostas e boatos de que a sua candidatura seria derrubada pelo próprio partido, para atender interesses do PSB – o presidente nacional tucano, Sérgio Guerra, é amigo e mantém o partido próximo do governador Eduardo Campos (PSB) –, o deputado estadual Daniel Coelho (ex-PV) será homologado, hoje, em convenção municipal, pelo PSDB, candidato a prefeito do Recife, com a garantia do líder tucano de que não há nenhum risco de surpresa.

Sem pompa, o ato acontece, a partir das 10 horas, na sede estadual tucana, no Derby. Superadas as especulações sobre coligação com o oposicionista DEM ou com o governista PSB, devido às adesões ao socialista Geraldo Júlio, Daniel considerava, ontem, sem qualquer possibilidade de retirada a sua candidatura. “Sou candidato da oposição”, procurou delimitar o deputado o seu campo de campanha eleitoral, para eliminar dúvida.

A expectativa, hoje, é sobre a indicação do vice na chapa do PSDB. Daniel já conta com a adesão do PTdoB e espera pelo PMN. As chances de uma aliança com o PPS tinham aumentado, ontem, após reunião entre Sérgio Guerra e o pós-comunista Raul Jungmann, que retirou o nome da disputa quinta-feira (28). “Ficou inconcluso. Está em aberto. Conversamos com o PSB também”, confessou Jungmann.

A indefinição se devia à entrada do DEM na disputa pelo apoio do PPS. Os pós-comunistas sempre se apresentaram como ideologicamente antagônicos aos democratas. Mendonça Filho ligou para Jungmann e pediu para conversarem. “Conversamos. Nada está definido”, ressalvou o pós-comunista.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO

PT faz contra-ataque a Eduardo Campos em Recife

Após intervenção no diretório regional que levou à indicação de Humberto Costa, petistas recorrem a vice de alta popularidade

Letícia Lins

RECIFE . Um dia após o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), lançar um candidato de seu partido à prefeitura de Recife, rompendo a aliança com o PT, os petistas partiram para o contra-ataque ontem à noite: no lançamento oficial da candidatura a prefeito do senador Humberto Costa, anunciaram que o candidato a vice será o deputado federal João Paulo Lima e Silva, que foi prefeito de Recife duas vezes e encerrou sua gestão com alta popularidade.

Além disso, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, exibiu para os militantes petistas um vídeo de quatro minutos, em que o ex-presidente Lula confirma seu apoio a Humberto Costa.

-- Vocês viram nos blogs, nos jornais, as fotografias do ex-presidente sorridente - disse Falcão, referindo-se ao encontro da véspera entre Lula e Eduardo Campos, em São Paulo. - Aquela foto deve ter confundido a cabeça de vocês. Por esse motivo, há aqui uma surpresa para vocês.

No vídeo, Lula lamenta que não tenha sido possível manter a aliança com o PSB que manteve o PT por doze anos à frente da prefeitura e elegeu Campos duas vezes para o governo do estado. Lula promete:

- Vou fazer o maior esforço possível para eleger Humberto Costa. Espero estar bem de saúde para ir muitas vezes a Recife e a presidente Dilma também vai participar.

Costa terá como principal adversário Geraldo Júlio (PSB), ex-secretário de Campos. Ele anunciou como vice Luciano Siqueira, do PC do B, que, ironicamente, foi vice-prefeito de João Paulo.

FONTE: O GLOBO

Petistas temem voo solo de Campos

Setores do partido veem proximidade do governador com PSD de Kassab

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA. Com as vitórias do PSD de Gilberto Kassab no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esta semana, cresce a desconfiança de setores do PT em relação ao voo próprio do presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), a despeito do encontro amistoso e sorridente dele com Lula, anteontem, em São Paulo.

Campos é aliado de primeira hora de Kassab na criação do novo partido, o PSD, que ganhou na Justiça o direito a tempo de propaganda gratuita de TV e rádio nas eleições e acesso aos recursos do Fundo Partidário proporcional ao tamanho da sua bancada de deputados, que já é a quarta maior da Câmara.

Apesar de Campos ter garantido ao ex-presidente Lula que apoiará a reeleição de Dilma em 2014, a avaliação interna no PT é que ele ficará com um pé em cada canoa até a véspera da próxima eleição presidencial. Os petistas até acreditam que o governador de Pernambuco está construindo um projeto próprio mirando em 2018. Mas acham que, dependendo da conjuntura política, ele pode antecipar seus planos de se lançar candidato à Presidência da República, neste caso já em 2014. No mínimo, ele chegará à disputa com um grande poder de barganha.

O PSB rompeu a aliança com o PT em Recife e em Fortaleza, para as eleições municipais deste ano, e terá candidatos próprios nessas capitais. Antes da conversa com Campos, anteontem, Lula disse a pessoas próximas que o presidente nacional do PSB não estava cumprindo o combinado.

Anteontem, no encontro com Lula, o presidente do PSB afastou a hipótese de lançar candidatura própria em 2014, e garantiu a manutenção do partido na base aliada da presidente Dilma. Campos minimizou o desgaste com o PT em Recife.

FONTE: O GLOBO

Em Porto Alegre, PSD deve dar mais dois minutos a Manuela na TV

Legenda obteve na Justiça direito de ampliar tempo de propaganda e recursos do fundo partidário

Juliana Bublitz

Uma sigla com sotaque paulista, que até o ano passado era classificada como uma aposta de risco, tornará mais acirrada a briga pela prefeitura de Porto Alegre no rádio e na TV. Com aval do Supremo Tribunal Federal (STF), o Partido Social Democrático (PSD) terá direito a pelo menos 2 minutos de propaganda partidária, que serão transferidos à candidata Manuela D"Ávila (PC do B).

A parlamentar será contemplada porque conta com o apoio do PSD, fundado no ano passado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Em contrapartida, o principal adversário da comunista, o prefeito José Fortunati (PDT), deverá perder quase 60 segundos de exposição.

Por lei, a divisão do tempo se dá da seguinte forma: um terço é repartido igualitariamente e o resto é rateado entre as legendas que tenham conseguido eleger deputados federais no pleito anterior. Como o PSD não concorreu em 2010, havia ficado de fora dessa conta.

Ontem, porém, o STF decidiu que partidos fundados depois da última eleição terão, sim, o direito de participar do rateio. A alteração foi comemorada pelo PSD, que também ampliará a participação no fundo partidário – passando dos atuais R$ 40 mil por mês para cerca de R$ 1 milhão. Em Porto Alegre, as novidades causaram burburinho.

Até então, Fortunati tinha, disparado, a maior cronometragem. Aliados chegaram a projetar 11 minutos, um latifúndio em comparação às estimativas iniciais de Manuela e do candidato Adão Villaverde (PT). Ambos chegaram a somar menos da metade do tempo do pedetista.

Com a reviravolta, a disputa será mais equilibrada. Se as projeções se confirmarem, Fortunati ficará com pouco mais de nove minutos. No caso de Villaverde, não houve mudanças. Embora o petista conteste os cálculos e garanta que poderá ultrapassar os sete minutos, a tendência é que ele e a comunista fiquem com cerca de seis minutos cada.

– Estamos satisfeitos com o resultado. Sabemos que TV não é tudo, mas acreditamos que isso vai ajudar – disse o vereador Nelcir Tessaro (PSD), candidato a vice da comunista.

Fortunati deverá perder espaço para Manuela

Como o PSD é composto por dissidentes do DEM, do PSDB e do PPS, esses três partidos sofrerão reduções. É por isso que Fortunati, apoiado pelo DEM e pelo PPS, será o mais atingido. Ainda assim, seu candidato a vice, vereador Sebastião Melo (PMDB), evitou entrar na polêmica ontem:

– Continuamos com um tempo muito bom. Vamos conseguir mostrar o que queremos.

No caso dos tucanos, o candidato Wambert Di Lorenzo sofrerá um corte mínimo – estimado em não mais do que alguns segundos. Ele garante que isso não será problema:

– Vou correr por fora.

A definição oficial do tempo de cada chapa deve ser divulgada pela Justiça Eleitoral apenas no fim de julho. Até lá, as especulações devem continuar.

FONTE: ZERO HORA (RS)

Noel Rosa - Filosofia

O mundo futuro:: Merval Pereira

O empresário Roberto Teixeira da Costa escreveu para o próximo número da revista "Política Externa" um artigo em que relata recente debate ocorrido no Instituto Fernando Henrique Cardoso intitulado Global Trends 2030 (Tendências Globais 2030), liderado por representantes do Espas - European Strategic and Policy Analysis; da ISS - European Union Institute for Securities Studies; do The Office of the Director of National Intelligence dos Estados Unidos; e do Atlantic Council, com a participação da FGV do Rio de Janeiro, representada pelo economista Marcelo Neri.

Na ocasião foi distribuído um livro cujo título, "Citizens in a interconnected and polycentric world" ("Cidadãos num mundo interconectado e policêntrico"), define bem a visão de futuro do grupo: um mundo cada vez mais interconectado, com vários centros de decisão.

A seguir, algumas conclusões e observações dos participantes anotadas pelo empresário.

O empoderamento dos indivíduos contribuirá para que adquiram o crescente sentimento de pertencer a uma única comunidade humana.

O mundo policêntrico será caracterizado pela mudança de poder dos Estados e por crescentes deficiências dos governos, sem responder de maneira adequada às demandas públicas globais.

A convergência de preocupações e a crescente vocalização de demandas serão enorme fator de contrastes com a capacidade dos governos de atender a elas, particularmente aquelas referentes à melhoria da qualidade da vida.

Esse gap será uma fonte permanente de tensão e conflitos sociais, podendo ser agravado pela ineficácia dos governantes.

De acordo com as Nações Unidas, em 2030 a população mundial atingirá 8,3 bilhões de pessoas. Grande parte desses indivíduos ganhará mais poder pelos progressos sociais e tecnológicos.

Nas últimas décadas o grande motor desse empoderamento foi a emergência de uma classe média, particularmente na Ásia, com acesso à educação aproximando-se de padrões mundiais pelos efeitos da informação e da comunicação tecnológica, e também com a evolução do "status" das mulheres na maioria dos países.

Em 1990, cerca de 73% da população mundial sabiam ler e escrever. Em 2010 atingiu 84% e estima-se que, em 2030, chegue a 90%.

A classe média aumentará sua influência, passando de 3,2 bilhões, em 2020, para 4,9 bilhões em 2030. Estima-se que esses cidadãos serão mais influentes que os antecessores de gerações passadas.

De qualquer forma, apesar dessas progressões, quando um número crescente de pessoas for beneficiado pela "era da informação", diminuindo o chamado "digital divide" (a projeção é que, em 2030, metade da população terá acesso à internet), muitos indivíduos, quer por falta de eletricidade, analfabetismo ou ausência de acesso a telefones celulares, continuarão marginalizados.

O aumento da classe média não resolverá persistentes pobreza e desigualdade. Uma classe média burguesa emergirá na América Latina e na Ásia.

De qualquer forma, segundo relatório recente do Banco Mundial (2011), entre 2005 e 2008 - desde a África subsaariana até a América Latina, e desde a Ásia até a Europa Oriental -, a proporção de pessoas que vivem na pobreza extrema (em renda inferior a US$ 1,25 por dia) vem diminuindo.

O fortalecimento dos indivíduos também terá consequência, particularmente na sociedade civil, tendo grande impacto em como as políticas públicas serão conduzidas.

Usuários da internet poderão ser motivados a um maior engajamento em assuntos de natureza política. O temor é o de que todas as demandas sociais, justas ou não, façam enorme pressão sobre as instituições e partidos democráticos, podendo abrir espaço para um populismo radical, cuja saída poderá caminhar para a tentação do autoritarismo.

Apesar do progresso, sistemas educacionais fracos e o prevalecimento de doenças (epidêmicas ou não) continuarão sendo pesada carga para o desenvolvimento humano.

A corrupção será um fator de restrição ao desenvolvimento sustentável, funcionando como um dos principais obstáculos à inclusão social e à operacionalidade da economia de mercado.

As mudanças climáticas trarão sérias consequências e afetarão os padrões de vida e de segurança pública pela exacerbação da falta de água e de alimentos.

A degradação ambiental provocará desastres humanitários, inclusive com a desertificação e enchentes de grande escala em algumas regiões.

Maior estresse no desenvolvimento sustentável, tendo como pano de fundo maior escassez de recursos e persistente pobreza, potencializada por mudanças climáticas.

A água será um fator desestabilizador entre países fronteiriços, como, por exemplo, China e Índia. Tensões pela disputa entre países por matérias-primas poderão vir a acontecer.

A competição por recursos vai exacerbar tensões e provocará conflitos. Crise de energia sensibilizará e demonstrará que estaremos penetrando em uma "era de escassez".

O modelo de economia de mercado prevalecente no desenvolvimento continuará sendo questionado. Os governos financiarão mais projetos de pesquisa para energias limpas e renováveis, que poderão ser insuficientes ou que os obrigarão, desde já, a tomar sérias iniciativas para melhorar e buscar maior eficiência energética.

Na questão de segurança humana e proteção dos cidadãos, muito embora seja um tema sempre presente, não se imaginam guerras entre os superpoderes, como também, está descartada uma maior conflagração envolvendo armamentos químicos, biológicos ou nucleares nas próximas duas décadas.

Conflitos motivados por nacionalismo e políticas de identidade extremista poderão acontecer, assim como (associados ou não) massacres genocidas. Serão a preocupação principal da governança mundial.

Organizações criminosas e movimentos populistas nacionalistas poderão tornar os Estados mais vulneráveis, como, aliás, tem acontecido em alguns países na América Latina.

O terrorismo continuará sendo grande preocupação, assim como os conflitos urbanos de baixa intensidade, que não deixarão de ser considerados nas políticas de segurança interna. ( Amanhã, o Brasil e o mundo)

FONTE: O GLOBO

As doses do mensalão :: Valdo Cruz

Julgamento agendado, enfim, para agosto, o inquérito do mensalão vai monopolizar as atenções no início do segundo semestre de 2012, ano de eleição municipal. As emoções, porém, podem ser servidas em doses, criando sensações bem distintas naqueles que vão acompanhar o processo.

Explico: os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) devem decidir, primeiro, a situação de cada um dos 36 réus do inquérito do mensalão, se eles são ou não culpados pelo envolvimento no esquema irregular de financiamento político durante o governo do petista Lula.

Depois então viria o que é chamado de dosimetria. Ou seja, a definição do tamanho da pena de cada um daqueles que forem, de fato, condenados pela maioria dos 11 ministros do STF. Em outras palavras, só depois da primeira fase é que saberíamos se algum réu será condenado à prisão ou, então, a prestar serviços sociais para reparar erros.

Os ministros podem, muito bem, calibrar o tamanho da pena no momento em que proferirem seu voto. Só que, na avaliação de um dos integrantes do julgamento, tudo indica que a maioria irá optar por definir a dosimetria apenas depois.

Ou seja, podemos estar diante do seguinte cenário. Concluída a primeira fase do julgamento, uma possível manchete dos jornais seria: "STF condena petistas no mensalão". Isso pode ocorrer no final de agosto. Depois, talvez já em meados de setembro, nova hipotética manchete: "Petistas escapam de prisão no julgamento final do mensalão".

Sem querer entrar no mérito da questão nem mesmo torcer por este ou aquele roteiro, o fato é que todos os que vão acompanhar o julgamento devem estar preparados para esses detalhes do processo.

Os advogados dos réus vão mirar suas estratégias nos dois cenários. Primeiro, tentar inocentar seus clientes. Depois, encurtar penas. Aí pode estar o caminho de alguns ministros para agradar gregos e petistas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Dentro da noite:: Míriam Leitão

O debate entre os líderes europeus varou a noite. Mas terminou bem, com um acordo que pode levar a mudanças importantes. Ontem, o mercado comemorou, com alta do euro e redução do custo das dívidas dos países, principalmente da Espanha. Não é o fim da crise, mas o começo de um acordo no sentido de aprofundamento da união entre os países da zona do euro. A ameaça de implosão da união monetária está mais distante.

Como tudo na Europa, haverá idas e vindas. A concordância em uma federação de países soberanos, em que todos respeitam as regras de aprovação dos parlamentos para as decisões do executivo, é mesmo demorada. A Europa tem tempos e processos que os outros países não entendem, os mercados detestam, mas que precisam ser respeitados.

Ontem foi dia de vitória, porque ao fim de tantas reuniões em que os principais líderes discordavam sobre tudo a da noite de quinta-feira para sexta-feira foi diferente: eles concordaram. Espanha e Itália, unidos, foram capazes de vencer a irredutível Alemanha.

O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e o Mecanismo Europeu de Estabilidade poderão financiar diretamente a recapitalização dos bancos em dificuldade, sem ter que passar pelos tesouros nacionais. Isso significa que a Espanha, por exemplo, não terá um aumento de dez pontos percentuais na sua dívida bruta, como proporção do PIB. Antes da decisão tomada durante a noite, a Espanha teria que se financiar para capitalizar os bancos. Ontem mesmo houve uma queda forte nos juros cobrados da Espanha, de 7% para 6,35%, para vencimento em 10 anos.

A Irlanda, segundo analistas, é o segundo país mais beneficiado, porque apesar de já ter tido um aumento brutal na sua dívida para capitalizar o sistema financeiro, precisaria de captar mais para um novo resgate. Além disso, poderá rever o que já foi acordado e dar fim às supervisões que a troika - Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu - faz no país. O governo irlandês comemorou a decisão como uma "virada de jogo". Num cenário mais otimista, a Irlanda será o primeiro dos países resgatados a voltar ao mercado de dívida soberana, no início do ano que vem. A Itália, com sua dívida que, como a da Irlanda, é do tamanho do seu PIB, é outra beneficiada pelas novas regras.

Elas não são de aplicação imediata, nem todas as regras foram definidas. Mas houve o mais importante: concordância na reunião de cúpula. A nota começa dizendo: "Afirmamos que é imperioso romper o círculo vicioso entre bancos e emissores soberanos." E a segunda frase é também promissora: "A comissão apresentará em breve propostas relativas ao mecanismo único de supervisão bancária."

Essa segunda frase se refere ao segundo passo dado durante a reunião da noite. Agora, a Europa começa a dar passos na direção da união bancária, como me disse em entrevista durante a Rio+20 o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Haverá um órgão de supervisão bancária supranacional, que pode ser o Banco Central Europeu (BCE), que criará regras para a solidez dos bancos de toda a região do euro.

O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, disse que a flexibilização foi permitida para que os fundos europeus de resgate possam comprar dívidas no mercado secundário dos países que cumpram seus compromissos de ajuste e consolidação fiscal. Não entrou em detalhes sobre se os países terão também que cumprir compromissos macroeconômicos.

Outra decisão tomada foi a de aprovar um pacote de 130 bilhões para estimular o crescimento econômico nos países da região. Dada a dimensão da queda em alguns deles, e ao fato de que, como um todo, a zona do euro está em recessão, o pacote é pequeno. Não tem a força necessária para retomar o crescimento, mas ajuda a fortalecer a liderança do presidente da França, François Hollande, que se elegeu com o discurso de lutar por políticas favoráveis ao crescimento.

Tudo é sempre apresentado como uma luta entre a Alemanha e os países de maior fragilidade econômica do bloco. Mas não é simples assim. De acordo com o analista Felipe Queiroz, da Austin Rating, 31% das dívidas dos bancos dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) estão com bancos alemães e 18,5% estão com bancos franceses. Esses números pesaram na discussão durante a noite. Na prática, problemas bancários nesses países significam risco para Alemanha e da França. O problema também respingaria em instituições americanas, que detêm 13% dessa dívida, e sobre bancos ingleses, que carregam 9,7% do total. Tudo isso aumenta a pressão sobre as lideranças europeias.

Nos próximos dez dias há uma série de eventos com capacidade de mexer com os mercados: a troika volta à Grécia no dia 2 de julho; o BCE se reúne no dia 5; os detalhes do plano de resgate dos bancos espanhóis serão divulgados no dia 9. Certamente, muitas dúvidas sobre o acordo anunciado ontem vão aparecer nos próximos dias, mas qualquer volatilidade que houver será melhor do que o clima de desânimo e de falta de saída que estava se consolidando na Europa depois da falta total de entendimento entre os líderes nas reuniões recentes.

FONTE: O GLOBO

União bancária no euro:: Celso Ming

Os mercados festejaram nesta sexta-feira o que passou a ser considerado o melhor acordo de cúpula do bloco do euro entre todos os que já foram firmados nesse tempo de crise.Depois de 12 horas de negociações, foi divulgada uma declaração de apenas três parágrafos. Seu conteúdo pode não ser suficiente para tirar o euro da beira do precipício, mas é substancial avanço nessa direção. A mais importante decisão foi a de criar, na prática, uma união bancária. É o que está sendo examinado nesta Coluna. As demais decisões dessa cúpula ficam para serem avaliadas na edição de amanhã.

Os fundos de resgate do bloco, hoje o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês) que será sucedido pelo Mecanismo Europeu de Estabilização (ESM), ficarão autorizados a injetar capital diretamente nos bancos de toda a área para resgatar aqueles que estejam atolados em crise patrimonial.

O objetivo dessa decisão é livrar os Tesouros nacionais da necessidade de aumentar suas dívidas para levantar recursos destinados a reforçar o capital dos seus bancos, situação que afundou a Irlanda e já passou a ameaçar as finanças da Espanha.

A condição para que essa nova função dos fundos de resgate seja colocada em movimento é que a supervisão dos bancos da área seja feita pelo Banco Central Europeu (BCE) e não mais pelos países soberanos, como é hoje.

Não ficou claro se o BCE vai desempenhar essa nova função diretamente ou se vai operar como supervisor dos supervisores nacionais.

Além de fiscalizar a operação dos bancos, a supervisão centralizada implica mais duas exigências técnicas: o mandato de emprestador de última instância aos bancos e a criação de um mecanismo central que funcione como seguro de depósitos em conta corrente.

A decisão tomada tem importantes implicações. Uma delas é exigir mais delegação de soberania dos Estados nacionais para um poder central. Ou seja, a união bancária vai na direção da união política.

Boa pergunta consiste em saber até que ponto os fundos europeus de resgate, que têm munição de apenas 500 bilhões de euros, darão conta de tanta necessidade de recursos. Também será preciso saber até que ponto o bloco do euro estará preparado para enfrentar essas mudanças no curtíssimo prazo decidido pelos líderes. A declaração diz que a Comissão Europeia deve estudar propostas nessa direção até final deste ano. E, nesse meio tempo, é preciso saber se os mercados, sempre tão aflitos, saberão esperar.

Finalmente, pode-se perguntar se o ESM estará pronto para exercer essas novas funções nesse prazo. Até agora, apenas 7 entre os 17 membros do euro aprovaram o tratado do MEE. Seu nascimento ainda não foi inteiramente garantido.

Essa decisão desarmou duas bombas do mercado financeiro. A primeira delas, já mencionada, foi a da escalada do endividamento dos Estados nacionais que puxava para cima o risco de suspensão de pagamentos (e de calote). A segunda bomba desarmada foi a do enfraquecimento em cadeia dos bancos e, no limite, da fuga dos depositantes e do aumento de risco de uma quebra em cadeia.

(Neste domingo, as outras decisões desta cúpula e seu principal significado.)

CONFIRA

O gráfico registra o comportamento do rendimento (yield) dos títulos públicos da Espanha, Itália e Alemanha ao longo de junho. As curvas mostram a acentuada reversão ocorrida ontem em consequência do acordo obtido na reunião de cúpula dos líderes da área do euro.

Cai a dívida. A dívida líquida do setor público caiu de 35,7% do PIB (em abril) para 35,0% do PIB (em maio). E tende a baixar ainda mais, especialmente com a queda dos juros e com o aumento da cotação do dólar que aumentou em reais o valor das reservas. Se houvesse mais avanço do PIB do que esse 1,5% a 2,0% que está pintando neste ano, a redução seria ainda maior.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Os verdadeiros ganhadores:: Paul Krugman

Aprovação de lei de saúde é vitória de Obama, mas beneficia em primeiro lugar os americanos comuns

A corte Suprema dos Estados Unidos, contrariando as expectativas de muitos, sustentou a validade da lei de reforma da saúde, também conhecida como Obamacare.

Haverá, sem dúvida, muitas manchetes proclamando uma grande vitória para Barack Obama -e isso é fato. Mas os verdadeiros ganhadores são os americanos comuns.

Sobre quantas pessoas estamos falando? Seria possível responder 30 milhões, o número de cidadãos que passarão a dispor de planos de saúde graças ao Obamacare. Mas isso subestima o número de ganhadores, porque milhões de outros americanos estariam em risco de perder sua cobertura de saúde.

Por isso, devemos acrescentar ao cômputo todos os que trabalham para empresas que oferecem bons planos de saúde, mas estão em risco perder o emprego (e quem não corre esse risco, em um mundo de terceirização e aquisições pelo setor de capital privado?); todos os que não teriam condições de pagar por um plano de saúde, mas agora passarão a receber apoio financeiro crucial; todos os com doenças que teriam resultado em impossibilidade de assinar um plano de saúde, em muitos Estados.

Mas e quanto ao custo? Uma boa maneira de expressar a questão é dizer que a estimativa do serviço orçamentário quanto ao custo das "provisões de cobertura" do Obamacare -basicamente, os subsídios necessários a tornar o custo dos planos de saúde acessíveis a todos- equivale, para os próximos dez anos, a um terço do custo dos cortes de impostos, esmagadoramente favoráveis aos ricos, que Mitt Romney propõe para o mesmo período.

É verdade que Romney alega que encontraria formas de compensar esse custo, mas não ofereceu qualquer explicação plausível sobre como o faria. Já a lei de saúde de Obama está plenamente coberta em Orçamento, por meio de uma combinação explícita de aumentos de impostos e cortes em outros gastos.

Portanto, a lei que a Corte Suprema acaba de sustentar é tanto um gesto de decência humana quanto um exemplo de responsabilidade fiscal. Está longe de ser perfeita -afinal, ela nasceu de um plano republicano, criado há muito tempo para evitar a necessidade de estender a cobertura do plano federal de saúde Medicare a todos.

Como resultado, é um sistema híbrido e canhestro de seguros de saúde privados e públicos que não funciona da maneira que um sistema criado do zero para esse fim poderia funcionar. E a luta para melhorar o novo sistema será longa e árdua, como aconteceu no caso da Previdência. Ainda assim, o Obamacare é um grande passo na direção de uma sociedade melhor -e quero dizer moralmente melhor.

Tradução de Paulo Migliacci

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Voto aberto e obrigatório :: Cristovam Buarque

Não há democracia plena sem o voto secreto para o eleitor, nem com voto secreto para o eleito. O eleitor deve ter seu voto protegido, mas os eleitos não devem ter seus votos escondidos. Ele foi eleito pela escolha do eleitor, que tem o direito de saber como vota quem o representa.

É um contrassenso que um eleitor confie seu voto a um candidato e depois da eleição fique sem saber como seu vereador, deputado ou senador vota no Parlamento em assuntos que interessam ao eleitor, à cidade e ao país. O voto secreto no Congresso é uma excrescência na democracia.

Há pouco, o Brasil deu um passo positivo na transparência, ao publicizar toda informação que interessa ao público. Cada cidadão ou cidadã tem o direito de saber até mesmo o salário e os custos dos seus eleitos, mas não tem o direito de saber como votou seu parlamentar. A lei da transparência não está completa se o Congresso mantiver o voto de parlamentares escondido dos olhos e ouvidos dos seus eleitores.

É preciso que o Congresso tome a decisão de acabar com o voto secreto em todas as decisões. Alguns dizem que o sigilo do voto do parlamentar deve ser protegido de pressões do Poder Executivo. Isso podia se justificar durante o regime autoritário, em que a frágil oposição precisava evitar morte, prisão ou exílio por causa de um voto.

Mas na democracia, o único poder do presidente contra quem vota discordando das propostas do Executivo é tratar o parlamentar como membro da oposição, o que faz parte perfeitamente do jogo democrático. Por isso não se justifica a ideia de voto secreto na hora de votar para derrubar um veto do Presidente da República à lei ou artigo da lei. O eleitor quer saber se o seu parlamentar votou a favor ou contra o veto ou em uma lei que lhe interessa.

Outro argumento usado a favor do voto secreto é proteger o parlamentar quando vota na escolha de embaixador, juiz dos tribunais superiores e alguns outros diretores de agências. Mas, quando se tem medo de votar contra a nomeação de um juiz, é porque se espera ter benefícios quando vota a seu favor, ou quando escondido diz-se ter votado nele, mesmo mentindo. O voto secreto é um manto da mentira e precisa ser abolido. Achar que um juiz vai perseguir um parlamentar que votou contra ele é reconhecer que a Justiça foi politizada, a solução exige coragem para modificar a maneira de escolher os juízes, não de esconder o voto do parlamentar.

Da mesma maneira que é preciso saber todo voto de cada parlamentar, é preciso fazer o voto do parlamentar ser também obrigatório em todas as votações, como é o voto do eleitor em todas as eleições. O voto secreto do parlamentar é uma vergonha da democracia, mas o voto escondido por trás do voto das lideranças também é vergonha e humilhação para o parlamentar. É preciso acabar com o voto secreto, mas também exigir que toda decisão seja tomada com o voto explícito de cada parlamentar, jamais pelo atual sistema do voto com o corpo: "quem estiver de acordo fique como está", como é tão comum no dia a dia do parlamento brasileiro.

Além de vergonhoso e humilhante, tem permitido a aprovação de atos e leis sem o conhecimento dos próprios parlamentares, com artigos e parágrafos contrabandeados, por distração ou omissão dos parlamentares presentes, às vezes desconhecendo a pauta da votação naquele dia. A desculpa de que o voto nominal tornaria impossível aprovar qualquer coisa, porque os parlamentares nunca estão presentes, é ainda mais vergonhosa e injustificável. Se for preciso, que mudem as regras para obrigar a presença no plenário na hora da votação, como qualquer trabalhador, ou que apresente suas justificativas para a ausência, ou deixe o eleitor saber que estava ausente sem justificativa, mas jamais se escondendo debaixo do voto dito de liderança.

O voto do eleitor na urna é obrigatório e secreto, o voto do eleito deve ser obrigatório e transparente em cada caso, para que o seu eleitor saiba como ele vota, e possa lembrar na eleição seguinte se o seu candidato votou como ele deseja ou não. Nenhum eleito deve ficar preso à vontade de seu eleitor. Deve votar conforme seus compromissos de campanha e de sua consciência, mas publicamente. Ao eleitor cabe se manifestar nas urnas, secretamente, para reeleger ou não o seu candidato.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF).

FONTE: O GLOBO

Viva Vlado! :: Zuenir Ventura

Nesta semana em que Vladimir Herzog faria 75 anos, participei de uma homenagem a ele no Midrash Centro Cultural. A data coincide com uma nova tentativa da família de fazer cumprir uma sentença de 1978, quando o juiz Márcio José de Moraes determinou a apuração das circunstâncias em que o jornalista foi torturado até a morte nas dependências do II Exército em SP, há 37 anos. Como a ordem judicial nunca foi cumprida, prevalece a versão mentirosa de que o então diretor da TV Cultura tinha se suicidado.

A recente recusa do Itamaraty a atender ao pedido da OEA para reabrir o caso repercutiu tão mal que a ministra Maria do Rosário se reuniu com a viúva Clarice e o filho Ivo Herzog, para explicar a inexplicável atitude do Brasil. O resultado foi uma nota conjunta em que o governo reconhece "a luta histórica empreendida" pelos Herzogs, mas nem se refere à exigência principal, que é um novo atestado de óbito desmentindo o falso suicídio.

Acompanho esse caso desde que Clarice me ligou no dia 25 de outubro de 75 dizendo: "Mataram o Vlado." Na véspera, policiais tinham ido ao seu local de trabalho, convidando-o a comparecer ao quartel do Exército para prestar esclarecimentos. Ele podia ter fugido, mas não quis. "Não tenho nada a esconder. Vou e saio logo." Chegou no dia seguinte às 8 da manhã e às 3 da tarde estava morto, após uma sessão de tortura. Outros jornalistas também presos ouviram seus últimos gritos.

Uma reação cautelosa que não desse pretexto à repressão começou já no enterro, com o rabino Henry Sobel negando-se a sepultar o judeu Vlado no lugar destinado aos suicidas. Como diria mais tarde, "foi minha maneira de denunciar a farsa". Depois veio o culto ecumênico celebrado em conjunto pelo rabino, por D. Evaristo Arns, D. Hélder Câmara e pelo reverendo James Wright. A polícia montou 385 barreiras para impedir o acesso à Catedral da Sé, e mesmo assim cerca de 3 mil pessoas compareceram à histórica cerimônia, uma das mais dramáticas já realizadas em SP.

Quando Clarice quis recorrer à Justiça, não foi fácil encontrar advogado, e tive a honra de participar dessa procura. Por interferência de Guguta Brandão, prima de Heleno Fragoso, fomos a ele, um respeitado criminalista, que aceitou o caso e indicou para a área cível o jovem Sergio Bermudes. Três anos depois, graças a Bermudes, que moveu a ação, e ao juiz federal Márcio, que deu a corajosa sentença, ambos com 32 anos, aconteceu o que parecia impossível: a União era considerada responsável pela prisão, tortura e morte de Vladimir Herzog. Foi a partir do choque causado pela morte do jornalista - com a revolta que espalhou - que a imprensa tomou coragem de avançar até o horizonte do possível. Ele pode ser considerado um mártir da abertura. Naqueles tempos difíceis de viver, Vlado soube viver, trabalhar e morrer com dignidade.

FONTE: O GLOBO

Poema patético:: Carlos Drummond de Andrade

Que barulho é esse na escada?
É o amor que está acabando,
é o homem que fechou a porta
e se enforcou na cortina.

Que barulho é esse na escada?
É Guiomar que tapou os olhos
e se assoou com estrondo.
É a lua imóvel sobre os pratos
e os metais que brilham na copa.

Que barulho é esse na escada?
É a torneira pingando água,
e o lamento imperceptível
de alguém que perdeu no jogo
enquanto a banda de música
vai baixando, baixando de tom.

Que barulho é esse na escada?
É a virgem com um trombone,
a criança com um tambor,
o bispo com uma campainha
e alguém abafando o rumor
que salta de meu coração