Queda de ministro do PR gera insatisfação entre outros partidos aliados; Planalto espera nova onda de acusações
Governo aguarda outra safra de escândalos por vingança ou como um alerta para evitar mais trocas na Esplanada
Márcio Falcão, Eliane Cantanhêde e Natuza Nery
BRASÍLIA - Em sinal público da insatisfação que toma conta da base aliada com a queda do PR do Ministério dos Transportes, o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), disse achar curioso que não haja acusações contra ministros comandados pelo PT.
"Só observo que não existe insatisfação contra o PT", afirmou à Folha, negando que haja desgaste do seu partido, o PP, na gestão da poderosa pasta que controla.
Há insatisfações latentes em PP, PSB, PTB e setores do PMDB, além de no próprio PR do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento.
Cidades é um dos ministérios citados por membros do governo como eventual alvo de intervenção pelo Planalto -especulação chamada de "factoide" por Negromonte.
Ele diz que viajou com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira e que teve um "bate-papo muito agradável". "Se tivesse alguma sinalização de insatisfação [de Dilma], eu já teria notado."
Seja como for, ele planeja fazer visitas às 12 cidades-sede da Copa de 2014 para ver eventuais problemas em obras de mobilidade urbana.
O governo já se prepara, inclusive, para uma onda de denúncias contra o Executivo. Segundo a Folha apurou, essa é a expectativa na Polícia Federal e na Controladoria-Geral da União.
A motivação seria vingança daqueles desalojados ou um movimento preventivo de aliados que se sintam em posição vulnerável.
Para desestimular isso, emissários do Planalto têm dito aos membros da base que Dilma não precipitou a saída de Nascimento e afirmam que o próprio ex-ministro está envolvido na escolha do sucessor.
O Ministério do Turismo também entrou no radar, embora esteja na cota do PMDB, sócio majoritário da coalizão governista com o PT.
Um dos responsáveis pela indicação de Pedro Novais para a pasta, Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara, admite que "ouviu boato" de que o ministro poderia ser retirado do Comitê Gestor da Copa.
"Mas vi que isso não procedia", disse Alves. Segundo ele, o PMDB não recebeu reclamações formais e não acredita que o atual ministério tenha prazo de validade.
"Esse som não chegou ao PMDB, e esse não parece o perfil da presidente", diz ele.
Um dos fatores que assusta a base é a rapidez do caso de Nascimento. Ele caiu cinco dias após a primeira reportagem que apontou suspeitas nos negócios de membros do seu PR na cúpula e em órgãos vitais do ministério, como o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e a Valec (que faz obras ferroviárias).
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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