Aos seis meses, o governo Rousseff afeta senilidade precoce. Comporta-se como administração envelhecida e desgastada em práticas, quadros e ideias.
No nono ano da coalizão lulista, a reposição de peças nos ministérios é uma agonia. Palocci, convocado do mundo das sombras, para lá voltou depressa. A pasta dos Transportes é do PR, mas não surge quem, com garantia mínima de durabilidade, possa assumi-la.
O Código Florestal, a extinção de verbas represadas de congressistas, as licitações sigilosas, a negociação de royalties com governadores, a ajuda ao Pão de Açúcar, onde o governo põe a mão, a coisa emperra. Sai a tempo a privatização, decidida sobre as coxas, de aeroportos? A que preço?
A situação geral não é de crise; está mais para a letargia, a modorra, a saturação. Por coincidência, combina-se com a sensação de mal-estar que avança na economia, induzida pelo embotamento das expectativas sobre EUA e Europa.
A digestão de uma dívida gigantesca no mundo rico vai longe. Prolonga-se, com isso, o artifício dos americanos de baratear ao limite a sua moeda. As economias emergentes, entretanto, não aguentam mais sustentar níveis razoáveis de alta no consumo global. A China registra a inflação mais elevada em três anos; o Brasil, em seis anos.
Por aqui, o aluvião de dólares entorpece e desorienta agentes públicos e privados. Favorece opções de risco no câmbio e atiça o crédito, que o governo tenta frear. Aumenta o dano potencial de um mergulho súbito no preço das exportações. A alta frenética dessas mercadorias, extraídas do campo e das minas, determinou o sucesso econômico e eleitoral do consórcio lulista.
Aqui, como lá fora, vive-se um momento de postergar definições, de colocar esparadrapos nas feridas mais evidentes. Mas já provoca incômodo essa longa travessia de um oceano que, sem ser tempestuoso, tampouco oferece calmaria.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário