A incoerência da presidente Dilma Rousseff: ela disse que o PIB, o Produto Interno Bruto — soma de tudo o que o país produz anualmente — é manos importante do que a assistência à infância no Brasil. Nisso, ela cometeu tremendo escorregão na lógica oratória.
A rigor, a formação educacional de cada brasileiro é fator que pode ser considerado positivo ou negativo no PIB, conforme a educação seja ótima ou péssima. Sob esse aspecto, os educadores lamentam que nossa média educacional não seja excelente, como noutros países pobres na América do Sul.
Temos boas escolas públicas primárias (uma, no Piauí, em Cocal dos Alves, ganha, todos os anos, os maiores prêmios no ensino de matemática para seus alunos). Esse mérito, diga-se, a bem da verdade, é muito mais do professorado, que, embora mal pago e sem muito investimento do governo, cumpre, com orgulho, seu dever profissional.
Trata-se de um sacrifício que o Planalto não reconhece, embora gaste muito mais com a burocracia administrativa, com os sindicatos que dão automóveis como prêmios aos sindicalizados e a criação de mais 50 mil vagas de vereadores em municípios falidos. Seria o caso de a Constituição, para conter o apetite pecuniário dos edis, exigir, nesses municípios, que os munícipes fossem obrigados a contribuir para pagar a manutenção de seus vereadores.
De mais a mais, a proposta que fixa em 10% do Orçamento da União o investimento obrigatório na Educação, aprovada em junho último, na Comissão de Educação da Câmara, foi ignorada por Dilma e os que a cercam no Planalto, contrário à tal medida.
Se a sancionasse, ela corrigiria o escorregão oratório e poderia salvar a juventude brasileira ainda em seu mandato. Comparada aos governos que a precederam, Dilma teria tomado a melhor iniciativa para o Brasil resolver parte das injustiças na educação. Mas ela não o fez. Preferiu continuar dando esmolas humilhantes a solucionar um problema crucial de nossa juventude e dos mestres que a educam.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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