Por Raphael Di Cunto - Valor Econômico
BRASÍLIA - Em meio a uma crise no governo e no partido, com vários nomes alvejados por denúncias de corrupção, o PMDB convocou reunião de sua Executiva Nacional hoje com o objetivo de referendar a mudança no nome da legenda, que pode passar a se chamar Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Entre 1966 e 1979 este era o nome do único partido de oposição ao regime militar. Neste ano, foi iniciada uma reorganização partidária, e, para fragilizar a sigla de oposição, ficou estabelecido que todas as legendas teriam que ter "partido" como primeiro nome, o que fez com que o MDB se tranformasse em PMDB. Esta regra não existe mais.
O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), tem defendido a mudança de nome como forma de modernizar a marca, sem referência a partidos, o que resultaria em dividendos eleitorais. "Voltar ser MDB resgata uma tradição, uma história, uma origem, importante para o povo brasileiro", disse o pemedebista em evento há duas semanas.
Esse tipo de estratégia já foi lançado pelo PFL que, em meio à perda de espaço político, mudou de nome para Democratas (DEM) em 2007 e agora pelo nanico PTN que, em processo de crescimento, passará a se chamar Podemos, partido espanhol que surgiu como alternativa à esquerda tradicional e acabou como quarto mais votado.
A discussão ocorre em meio ao vazamento de delações premiadas feitas por executivos da Odebrecht, que relatam pagamento de propina e caixa dois eleitoral aos principais líderes do partido, como Jucá, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ) e o próprio presidente Michel Temer. Todos negam irregularidade.
Internamente, a possibilidade de troca de nome é criticada. Um dos integrantes da Executiva reclama que, quando reduziu o repasse de fundo partidário para os Estados, Jucá não convocou o diretório. "A cúpula deveria mudar o nome para MDOB, de Movimento Democrático Odebrecht", ironizou, em referência à delação que atingiu líderes do partido.
Paralelamente, os deputados federais devem reeleger Baleia Rossi (SP) para líder do PMDB em 2017. Parlamentar de primeiro mandato, o pemedebista é um dos mais próximos do presidente Temer, o que o alçou ao comando da legenda. Embora muitos deputados reclamem que muitas vezes Rossi atue mais como líder do governo do que da bancada, uma lista de apoios já circulava ontem pelo plenário.
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