quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Temer manda recado sobre vazamentos

Por Andrea Jubé e Bruno Peres - Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer aproveitou ontem uma solenidade de liberação de recursos para renovação da frota de ônibus para avisar que não permitirá que "conflitos" e "problemas" paralisem o país. Foi uma alusão indireta aos vazamentos de delações no âmbito da Operação Lava-Jato. Ele ainda comemorou a aprovação em segundo turno da PEC do teto dos gastos no Senado, e adiantou que o pacote de medidas microeconômicas deve ser anunciado amanhã.

"Talvez na quinta-feira [amanhã], nós venhamos a anunciar novas medidas para o desenvolvimento e o crescimento da nossa economia", disse o presidente. Hoje ele se reúne no Planalto com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, para ajustar as medidas, em um desdobramento da reunião de segunda-feira à noite em São Paulo.

Empenhado em estancar os vazamentos das delações de executivos da Construtora Odebrecht, Temer advertiu que não permitirá que esse processo paralise o país.

"Nós não permitiremos que isto aconteça. Pode vir a notícia que vier, o país não ficará paralisado", enfatizou. "Há conflitos, há problemas no país? Há, mas não podemos mantê-los indefinidamente", ressalvou.

O presidente lembrou que segunda-feira, pediu à Procuradoria-Geral da República que "essas coisas todas, muitas vezes acusatórias", viessem logo à luz, para os acusados possam se defender e explicar.

Temer discursou no meio da tarde, logo após a conclusão da votação da PEC do Teto dos Gastos em segundo turno no Senado, onde o governo obteve 53 votos a favor da medida - oito a menos que na apreciação em primeiro turno.

O Planalto celebrou a estratégia costurada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e pelo líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), que antecipou a votação, a fim de esvaziar os protestos contra a medida. O ápice das manifestações estava programado para o fim da tarde, e a análise da emenda foi concluída por volta das 14 horas.

A articulação, contudo, reduziu votos do governo, já que alguns aliados chegariam somente à tarde para votar. Por isso, Temer esclareceu que não houve derrota do governo, e sim uma mudança de estratégia. "O número de 61 [votos] não mudou acentuadamente, mudou por outras razões que não o apoio ou não ao governo".

Temer voltou a afirmar que a palavra de ordem de seu governo é coragem, que foi o tom de seu discurso anteontem, em evento do Grupo Lide. "É preciso coragem porque, convenhamos, estamos enfrentando muitas adversidades", afirmou.

Temer disse que o anúncio do mini-pacote econômico, previsto para quinta-feira, vai ajudar a impulsionar o crescimento. "Não falhamos naquilo que dissemos no passado: que primeiro era preciso combater a recessão e depois, logo em seguida, iniciar o crescimento", defendeu. Ele disse que o crescimento virá adiante, "muito acentuadamente pela confiança e pela credibilidade" inerentes às medidas anti-recessivas, quais sejam, a PEC dos gastos e a reforma da Previdência Social.

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