- Folha de S. Paulo
Estagnada há um século, nação discute inflação de 50%, congelamentos e FMI
Para um emigrante europeu no final do século 19, a escolha entre Estados Unidos e Argentina como destino não era óbvia. Ambas as nações estrelavam o período conhecido como primeira grande globalização.
Compartilhavam abundância de planícies férteis, custo cadente de transporte, escassez de mão de obra e vigorosa escolarização. A renda por habitante convergia e despontava entre as mais altas do mundo.
A estupenda eficiência na produção e na exportação de bens primários não havia, em nenhum dos casos, atrapalhado a manufatura. A Argentina, pouco antes da Primeira Guerra, destacava-se também na industrialização.
O conflito internacional marca o fim dessa história. Depois dele, enquanto os EUA consolidaram sua trajetória, o país sul-americano atolou no brejo da estagnação, relativa até 1975 e absoluta a partir dali.
Desde 1950, os argentinos viveram em média um ano de recessão a cada três. Só a estropiada República Democrática do Congo supera a marca.
No quadriênio do presidente Mauricio Macri, terá havido apenas um ano de atividade no azul contra três, incluindo este de 2019, no vermelho. O debate eleitoral argentino, que neste domingo (11) avançou com a realização de prévias, é uma espécie de “Stranger Things” da política.
Como no seriado da Netflix, clichês dos anos 1980 pipocam o tempo todo na tela e provocam vertigem no espectador desacostumado.
Comemora-se a queda da inflação para 50%(!) ao ano. Macri, declaradamente liberal, congela preços, insufla o consumo com programas de parcelamento “sem juros” ou a taxas reduzidas, segura o câmbio e sustenta na palavra mudança sua plataforma de reeleição.
Do outro lado, os responsáveis pela última bancarrota do país, com Cristina Kirchner no papel de dublê de vice, pregam falar grosso com o FMI e sair gastando novamente recursos que não existem.
E a população confia mesmo é no dólar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário