segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Cansaço coletivo, por Letícia Mouhamad.

Correio Braziliense

Até que ponto a construção de viadutos e alargamento de faixas beneficia aqueles que dependem exclusivamente de transporte público, inclusive, do metrô?

Sou moradora de Planaltina e, desde os 18 anos, faço, de segunda a sexta-feira, o trajeto em direção ao Plano Piloto. Somadas, ida e volta totalizam cerca de 90km, e o tempo de deslocamento para cada viagem pode variar de 40 minutos a duas horas a depender do congestionamento. São, em média, 10 horas por semana gastas somente no trânsito. 

Essa jornada —  só de vir à mente já me cansa — ganha um sabor especial quando feita de ônibus e em horário de pico. As tardes de calor são um tempero a mais nesse caldeirão de trabalhadores exaustos. E, acredite, não há gentileza que resista a um assento prestes a ficar vazio. Afinal, descansar ao menos as pernas é, nesse contexto, um privilégio. 

Fato é que, depois de tantos anos vivenciando essa rotina, passar mais estresse no trânsito me parecia algo distante, pois estava calejada. Ledo engano. Com as inúmeras intervenções na BR-020, quem acordava às 5h20 precisa, agora, programar-se para levantar ao menos meia hora antes. Além da pouca paciência e da poeira, os passageiros ficam à mercê da insegurança, com desvios sinuosos nas pistas e sinalização confusa. 

Direita busca alforria, por Carlos Pereira

O Estado de S. Paulo

O bolsonarismo se tornou um fardo. Romper com ele é o caminho para uma direita democrática

A iminente prisão do ex-presidente Bolsonaro impõe um teste crucial ao comportamento estratégico dos políticos. Quando o custo reputacional junto ao eleitorado se antecipa, é racional que os partidos desenvolvam relutância em se associar a nomes marcados por problemas com a Justiça. Em um ambiente eleitoral cada vez mais competitivo – em que, até a véspera da votação, ainda é difícil prever o vencedor –, é esperado que as legendas busquem candidatos substitutos distantes do perfil do político condenado.

Bancada Cristã promove tortura e feminicídio de Estado, por Camila Rocha

Folha de S. Paulo

Compromisso de parlamentares 'cristãos' com projeto restingindo aborto nunca foi a diminuição de casos

Interrupção de gravidez é quinto maior causador de mortes maternas no Brasil

Tortura significa causar dor ou sofrimento intenso, físico ou mental, de forma intencional para obter informações, punir, intimidar ou por qualquer motivo baseado em discriminação, segundo convenção da ONU.

E agora é exatamente isso que pode ocorrer com meninas estupradas no Brasil: tortura promovida pelo Estado baseada em discriminação de gênero. Porque são mulheres, merecem sofrer. Tudo graças à crueldade da autodenominada "Bancada Cristã".

Congresso mina o direito de meninas estupradas, por Lygia Maria

Folha de S. Paulo

Ao derrubar resolução do Conanda, deputados perpetuam a dificuldade de acesso ao aborto legal e o sofrimento de crianças violentadas

No Senado também avançam propostas insensatas, como proibir o procedimento por telemedicina e após 22 semanas de gestação em caso de estupro e anencefalia

O congresso está numa cruzada contra o direito que crianças grávidas têm ao aborto legal. Nem o interesse eleitoreiro parece explicar tamanha crueldade. Afinal, segundo o Datafolha, 58% dos brasileiros acham que a lei sobre o tema deve continuar como está (34%), incluir mais permissões (17%) ou que o aborto deveria ser descriminalizado (7%).

O Código Penal autoriza o procedimento em casos de risco à vida da mulher, anencefalia fetal e estupro, e toda relação sexual com menor de 14 anos é estupro.

Como choques redefiniram o terceiro mandato de Lula, por Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Governo tem sido marcado por alterações nos parâmetros do jogo político que produzem efeito duradouro no mandato

Eventos como a invasão da praça dos Três Poderes, em janeiro de 2023, e a Guerra da Ucrânia são exemplos de acontecimentos que impactam gestão

Lula 3 tem sido marcado por choques de natureza singular. Ao historiador do futuro não escapará esta singularidade embora alguns desses choques sejam eventos de grande importância histórica per se. Penso em choques não como em referência a variações conjunturais ou à volatilidade inerente ao sistema político, mas a mudanças estruturais — alterações nos parâmetros do jogo político que produzem efeitos duradouros ao longo do mandato e não decorrem da ação direta do governo ou de suas lideranças. São, portanto, choques exógenos, cujo impacto, positivo ou negativo varia conforme o evento.

Velhas práticas, novos discursos, por Jorge Chaloub*

Folha de S. Paulo

Operação policial reproduziu velhas práticas do Estado em meio a novos discursos de teor fascista

Defesa da morte como política pública ganha destaque e mostra mudança brusca no Brasil

[RESUMO] Operação contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, a mais letal da história do país, com 121 mortos, expõe tanto continuidades (incursões violentas em favelas, desrespeito a direitos humanos) quanto mudanças no cenário brasileiro, como a centralidade que o culto à morte passou a ter na esfera pública, tornando desnecessárias as justificativas para matanças. Em meio a uma direita radicalizada e uma esquerda com dificuldade a assumir papel relevante neste debate, não há coalizão capaz de apoiar políticas alternativas de combate ao crime.

A chacina ocorrida no Complexo do Alemão expõe evidentes continuidades. Há, por um lado, a renitente violência com a qual o Estado brasileiro trata regularmente certos grupos sociais. Despontam ainda permanências mais recentes, como a política de guerra empreendida pelo estado do Rio de Janeiro, que ultrapassa os marcos históricos dos regimes políticos, sejam eles democráticos ou autoritários.

De Carlos Lacerda a Chagas Freitas, passando por Marcelo Alencar e Sérgio Cabral, as incursões violentas da polícia nas favelas são uma das principais formas de impor certa ideia de ordem, definida por um uso seletivo da lei, hábil em limitar os direitos dos moradores.

Por outro lado, em meio às mudanças no território, há a contínua dominação territorial do crime organizado, um problema grave não apenas para o Alemão ou a Penha, mas para a implantação de uma ordem democrática no Brasil.

A ênfase nas permanências ofusca, entretanto, aspectos centrais do evento e mudanças importantes no cenário político do Brasil. Se a ação policial segue um roteiro em vários aspectos semelhante, o discurso público a justificá-la tem elementos novos, ou ao menos relegados às margens nas últimas décadas, e aponta para um lugar diferente da segurança pública.

Poesia | É preciso agir, de Bertold Brecht

 

Música | Velho ateu, por Roberto Riberti (Eduardo Gudin e Roberto Riberti)

 

domingo, 9 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Lula deve evitar armadilhas em cúpula na Colômbia

Por O Globo

Venezuela é pauta incontornável. Será preciso cautela para não prejudicar negociação do tarifaço

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje e amanhã da cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE) em Santa Marta, na Colômbia. É incontornável que a Venezuela, sob ameaça de ataque dos Estados Unidos, esteja na pauta. A situação exigirá de Lula cautela e habilidade diplomática. Ao mesmo tempo que, como todos os presentes, ele deve se opor a qualquer intervenção militar na América Latina, precisa evitar declarações que ponham em risco as negociações bilaterais em curso com os americanos para revogar o tarifaço imposto às exportações brasileiras por Donald Trump.

Diante da Venezuela, a missão do governo brasileiro é trabalhar diplomaticamente para que o ditador Nicolás Maduro aceite abdicar do poder sem conflito armado. O Brasil tem boas razões para temer uma intervenção militar americana próxima à fronteira norte. Nem os estrategistas em Washington chegam a consenso sobre o que desejam como desfecho caso usem a força para derrubar Maduro.

Sangue novo, por Dorrit Harazim

O Globo

Eleição de Zohran Mamdani foi a expressão de uma geração faminta por mudanças reais ou imaginadas

Pelo Artigo II, Seção 1, Cláusula 5 da Constituição dos Estados Unidos, Zohran Kwame Mamdani jamais poderá cogitar concorrer à Presidência do país — ele não é cidadão nato, ponto final e intransponível. Fora isso, já fez história. Com a petulante idade de 34 anos, Mamdani elegeu-se prefeito da indômita Nova York na última terça-feira, dia 4. Nascido em Uganda de pais indianos que, primeiro, se mudaram para a África do Sul e, quando Zohran tinha 7 anos, cruzaram o Atlântico e foram se instalar em Manhattan, o futuro burgomestre declara-se socialista na meca do capital e muçulmano praticante na cidade que abriga a maior comunidade judaica fora de Israel. É a síntese de identidades africana, asiática, muçulmana e nova-iorquina.

Sua carreira pública, esquálida até tornar-se esfuziante, começou com a obtenção da cidadania americana em 2018. Dos dois mandatos como deputado estadual sobraram um programa-piloto de gratuidade no transporte e a lembrança de uma greve de fome por melhores condições de trabalho para os taxistas de Nova York. Ainda assim, derrotou o veterano em idade, experiência e linhagem política Andrew Cuomo, de 67 anos, filho de governador e ele mesmo três vezes governador de Nova York, até renunciar ao cargo, em 2021, sob denúncias múltiplas de assédio sexual.

Belém e o futuro da humanidade, por Míriam Leitão

O Globo

Se o mundo ampliar as renováveis sem substituir petróleo e carvão, não enfrentará a causa central do aquecimento global

O presidente Lula falou de um mapa do caminho para o abandono dos combustíveis fósseis, o que foi comemorado pela ala ambiental do governo. O mesmo presidente que celebrou a licença para o início da exploração de petróleo na Margem Equatorial, estava em Belém, na quinta-feira, discursando sobre honrar o legado das últimas duas COPs. Um dos marcos da COP de Dubai foi incluir no comunicado a necessidade de eliminação dos combustíveis fósseis. Os defensores do petróleo afirmam que o combustível vai financiar a transição. O que significaria que mais produção levaria à sua eliminação. Não faz sentido. O melhor resultado a esperar é que saia do Pará um mandato para construir o caminho para o fim gradual da principal causa de tudo o que temos vivido.

A floresta no centro, por Bernardo Mello Franco

O Globo

Com cinco anos de atraso, Brasil sedia debate global sobre mudança do clima

Com cinco anos de atraso, o Brasil estreia amanhã como anfitrião de uma Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. O país havia sido escolhido para sediar a COP25, em 2019. O encontro ocorreria em Salvador, mas foi cancelado por ordem de Jair Bolsonaro.

Os ambientalistas protestaram, mas foi melhor assim. O Brasil evitou o constrangimento de receber a cúpula sob um governo que negava o aquecimento global e estimulava a destruição do verde. A outra consequência positiva viria depois: a ideia de levar a COP30 para Belém, no coração da Amazônia.

Noite histórica, por Merval Pereira

O Globo

A posse de Ana Maria Gonçalves na ABL foi um momento marcante, mais por questões históricas do que políticas

A Academia Brasileira de Letras (ABL) viveu na sexta-feira noite histórica, com a posse da primeira escritora negra, a romancista Ana Maria Gonçalves, autora do livro icônico “Um defeito de cor”, já considerado um dos maiores romances da literatura brasileira. Sua chegada à ABL trouxe com ela mais uma vez a discussão sobre dois temas polêmicos, o racismo e a misoginia, que marcaram a maioria das sociedades no século em que a ABL foi fundada, há 128 anos, em 1897. Como salientou a atriz e acadêmica Fernanda Montenegro, Ana Maria Gonçalves chegou à Academia por ser uma grande escritora, não por ser negra. O fato de ser mulher e negra tornou sua posse um momento marcante, mais por questões históricas do que políticas.

Bukele, de El Salvador, é o novo ídolo da extrema-direita brasileira, por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

El Salvador virou vitrine porque é pequeno, porque os resultados na redução dos índices de criminalidade são espetaculares à primeira vista e porque Bukele transformou sua política num produto global de comunicação

Nayib Bukele é o novo ídolo da direita radical brasileira. O presidente de El Salvador faz exatamente o que a oposição defende para enfrentar o problema do tráfico de drogas e sua “territorialização”: a ideia de que segurança pública se resolve pela suspensão de garantias individuais e pela exibição da força repressiva do Estado. El Salvador virou vitrine porque é pequeno (6,3 milhões de habitantes), porque os resultados na redução dos índices de criminalidade são espetaculares à primeira vista (era campeão mundial de homicídios) e porque Bukele transformou sua política num produto global de comunicação.

Ao escolher o capitão ferrabrás da PM paulista Guilherme Muraro Derrite (PP-SP), que deixou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, para relatar o projeto de Novo Marco da Segurança Pública, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou que a Câmara, sempre ela, também quer falar a linguagem da “mão pesada” e do encarceramento prolongado. O deputado Derrite, que já foi acusado de 16 homicídios, representará o “Consórcio da Paz” dos governadores que pretendem mudar a legislação penal, classificar o tráfico de drogas no Brasil como “terrorismo” e substituir a centralidade da União, sem levar em conta as consequências.

Controvérsias e convergências, por Pedro S. Malan

O Estado de S. Paulo

Os arranjos institucionais e regras do jogo estabelecidos desde o imediato pós-guerra, que bem ou mal presidiram os últimos 80 anos, hoje são questionados com veemência

John Kenneth Galbraith escreveu em seu A Short History of Financial Euphoria, publicado em 1990: “Para fins práticos, deve-se presumir que a memória financeira dura, no máximo, cerca de 20 anos. Esse é, normalmente, o tempo necessário para que a lembrança de um desastre seja apagada e para que alguma variante da demência anterior surja novamente para capturar a mente financeira. É também o tempo geralmente exigido para que uma nova geração entre em cena, convencida – como suas predecessoras – de seu próprio gênio inovador”.

A ideia me vem à mente porque logo terão decorrido 20 anos desde a eclosão da grande crise de 2007-2009, a primeira desde 1929. Seu epicentro foi a principal economia do mundo desenvolvido. Tim Geithner, então presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, escreveu em março de 2009 que “(uma) crise como esta não tem uma causa simples (...); como nação, nos endividamos em demasia e deixamos nosso sistema financeiro assumir níveis irresponsáveis de risco e alavancagem”.

Expressões semelhantes, de sofrida singeleza, podem ser encontradas em declarações à época de Ben Bernanke e Larry Summers, entre outros. Todos reconheceram posteriormente, os elementos fundamentais da excessiva complacência que levou à crise.

É valioso constatar, é o que se pode concluir, que não apenas aos países em desenvolvimento aplica-se a restrição da realidade. A expressão, que designa a capacidade de resposta da oferta aos estímulos da demanda, é de André Lara Resende, e foi usada em artigo a ser publicado na revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). No texto, o autor refere-se a uma observação de Paul Samuelson feita na década de 90, em entrevista para documentário sobre Keynes, na qual o Prêmio Nobel de Economia teria reconhecido que não existem limites objetivos para o déficit fiscal e para o crescimento da dívida pública – e acrescentado que a insistência na explicitação desta inexistência de limites pode promover a aceleração dos gastos, levar à erosão da credibilidade do governo e à expectativa de maior inflação futura. O mesmo Samuelson havia escrito em 1962, em suas famosas Wicksell Lectures: “Uma economia moderna pode em alguns momentos precisar de déficits fiscais e uma dívida pública crescente – e em outras épocas, precisar de superávits fiscais, obtidos por meio de redução de gastos e/ou aumento de tributação, para destinar recursos à necessidade de investimento, combater a inflação e reduzir a dívida pública”. É curiosa a continuação da frase: “Eu digo isso com toda seriedade, embora dificilmente um em cada cem formadores de opinião consiga ainda compreender o que quero dizer. Mas também aqui sou otimista de que a racionalidade prevalecerá sobre o hábito.”

Eleição e economia lideram a pauta pós-COP-30, por Rolf Kuntz

O Estado de S. Paulo

Em busca de uma reeleição no próximo ano, o presidente deve ser o mais interessado em uma política de juros mais favorável ao crescimento econômico e à expansão do emprego

Como figura internacional, o presidente Lula teve mais um bom momento na COP-30, em Belém, ao mobilizar 53 países para a defesa das florestas tropicais e do clima. Aberta a conferência e batidas as fotos, voltou a Brasília, de onde planejava partir no dia seguinte para uma reunião, na Colômbia, de autoridades latino-americanas e caribenhas com representantes da União Europeia. Longe do Palácio do Planalto, o presidente pode ter se desligado um pouco dos desafios brasileiros nesta fase pré-eleitoral. Com mais trancos do que barrancos, a economia brasileira continua a avançar lentamente, com crescimento estimado em pouco mais de 2% neste ano e desempenho mais fraco no próximo, segundo as contas do mercado. No governo, as projeções ficam na casa dos 3%.

Chuvas no Sul respingam no Pará, por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Tornados do Sul desabam na COP do Norte, onde Lula defende etanol, mas investe em petróleo

O tornado no Sul do Brasil, com efeitos destruidores, em especial no Paraná, serve como um alerta drástico e contundente para os perigos do aquecimento global, exatamente quando a COP 30 ocorre no Pará. Não se trata de uma “coincidência feliz”, porque não há nada feliz nisso, mas de uma “coincidência útil” para cobrar seriedade e responsabilidade na questão climática.

Tornados, enchentes e tragédias semelhantes não são novidade nem incomuns no Cone Sul das Américas, como acabamos de ver no Rio Grande do Sul e vemos agora em toda a região. Logo, são eventos históricos e não se pode dizer que sejam causados pela crise climática que se aprofunda no mundo. Mas...

Trump terá de rever sua estratégia, por Lourival Sant’Anna

O Estado de S. Paulo

Eleitores estão mais propensos a culpar republicanos por paralisação e bloqueio de salários

Fragilidades econômicas, políticas e jurídicas na estratégia de Donald Trump transpareceram nos últimos dias em índices, urnase na Suprema Corte. Dados o perfil flexível do presidente americano e a realização de eleições para o Congresso em um ano, mudanças de rumos são um cenário provável.

O Índice de Preços ao Consumidor bateu em 3%, um ponto porcentual acima da meta do Banco Central. Nos últimos 12 meses, o café e abanana subiram 40% e 9% respectivamente, por causadas tarifas, já que não são produzidos no país. O filé aumentou 19% e acarne moída, 14%, pela combinação de queda na produção e tarifas.

Quando há risco de o país dar certo, por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Temos metas de inflação e fiscais; faltam metas para a mata, o agro e a segurança energética

Transformações importantes, como a tributária, revelam coalizões daninhas para o interesse nacional

Quase ninguém se lembra do que foi a COP29, em 2024, no Azerbaijão, além de ambientalistas, certos militantes sociais, estudiosos, diplomatas, jornalistas especializados e poucos políticos envolvidos. Como a COP30 é no Brasil, vamos ler mais manchetes dramáticas sob impasses em negociações ou financiamentos frustrados. Dias depois da cúpula, quase todos nos esqueceremos do assunto.

Em parte, é normal, por assim dizer; em parte, não pode ser mais assim. No Brasil, temos condições especiais de fazer que assim não seja. O país progride na área e pode ganhar muito se fizer mais coisa certa.

Além de se tratar da nossa contribuição para atenuar o desastre climático planetário, assuntos como devastação ambiental, transição energética ou modo de produzir alimentos e materiais são centrais para o desenvolvimento socioeconômico do país, se não os principais.

Golpe de Dilma e o problema de Lula, por Fernando Canzian

Folha de S. Paulo

Impeachment livrou o PT de assumir caos econômico de sua gestão

Endividamento do país hoje é ainda maior, e está em forte elevação

impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um golpe. Talvez o mais prejudicial à compreensão dos efeitos da política sobre a economia desde a redemocratização.

Naquela sessão deprimente em abril de 2016, o Congresso livrou Dilma de assumir, no exercício do cargo, as consequências de sua gestão irresponsável. Afastada a presidente, o PIB afundaria 7% e o desemprego atingiria 12%.

PT até hoje culpa os governos posteriores, que aprovaram as reformas trabalhista e previdenciária, além de terem preparado o terreno para a tributária e destravado investimentos gigantescos em saneamento.

Operações na Faria Lima repercutirão melhor entre eleitores do que nas favelas, por Juliano Spyer

Folha de S. Paulo

População reconhece que o crime nasce da desigualdade e da corrupção, aponta pesquisa

Mais de 73% concordam que parte da polícia e do Estado participam do crime

"Bandido bom é bandido morto." Será essa a régua para a sociedade escolher seus candidatos em 2026? Para entender melhor a percepção dos brasileiros sobre segurança pública e combate ao crime, o Instituto Ideia Big Data rodou um questionário online exclusivo para esta coluna.

Foram ouvidos 1.027 respondentes em todo o país, distribuídos proporcionalmente por classe social, gênero, idade e região, com margem de erro de três pontos percentuais. O resultado completo pode ser baixado aqui.

O estudo indica que há consenso de que o Estado e a polícia são parte do sucesso do crime organizado. Mais de 73% concordaram com afirmações como "o acesso de criminosos presos a celulares mostra que parte da polícia e do Estado participa do crime". E 84,1% concordaram que "facções e milícias crescem porque conseguem circular dinheiro e armas com a ajuda de gente influente".

É fácil mentir sobre segurança, por Celso Rocha de Barros

Folha de S. Paulo

Justiça não autorizou mobilizar 2.500 policiais para prender quaisquer moradores

Governo Cláudio Castro subiu Alemão para prender cem criminosos do Comando Vermelho; destes, 80 fugiram

O governo Cláudio Castro subiu o Complexo do Alemão com mandado para prender cem criminosos do Comando Vermelho. Desses cem, 80 fugiram. Tanto o nome da operação ("Contenção") quanto a ideia de novas operações de "retomada" se referem a um movimento recente de conquista pela facção de áreas do Rio de Janeiro que antes eram controladas pelas milícias; parte do debate, portanto, deveria ser sobre a estratégia do poder público diante dessa guerra de facções.

Quantos brasileiros sabem disso? Suspeito que muito poucos, apesar de termos passado duas semanas falando sobre o Alemão.

Ateando fogo ao fogo, por Muniz Sodré

Folha de S. Paulo

Em vez de segurança pública, a matança vingativa, que mata moralmente o vingador e suscita imaginário de guerra

A retórica dos direitos humanos soa fraca ao cidadão comum, confrontado com a crueldade que rege o universo do crime

São Judas Tadeu, primo de Cristo e um dos doze apóstolos, santo das causas impossíveis, é celebrado no final de outubro, com missas e quermesses de bolos. Este ano, no Rio, o início dos festejos, em 28 de outubro, coincidiu com preces para que o santo contemplasse o desespero da cidade, testemunha de um espetáculo de sangue anticristão, ofensivo a São Judas e às romarias para Nossa Senhora da Penha. "Botei o Lula na lona", saltitou depois o governado Cláudio Castro, com seus índices de aprovação. Em missa na Barra, fariseus o aplaudiram.

Quando a maioria é injusta, por Juliana Diniz

O Povo (CE)

A espetacularização das operações policiais rende votos porque alimenta a sede de justiçamento de uma sociedade cansada da insegurança. O cadáver do bandido gera gozo: os cidadãos de bem se sentem "vingados" pela eliminação desse inimigo personificado no corpo abatido pela polícia

A operação policial que ocorreu há dias nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, ficou marcada como a mais letal de todas as já realizadas. As imagens dos cadáveres não foram suficientes para impactar a opinião pública: pesquisas indicam que a maioria aprovou o ato. Os números influenciaram a movimentação dos políticos de direita, assim como contiveram instituições como Poder Judiciário e Ministério Público, que reagiram timidamente.

A pauta da segurança e as eleições de 2026: como a opinião pública molda o voto, por Ananda Marques

O Povo (CE)

A aprovação da atuação policial aponta para a relação da sociedade brasileira com a mão armada do Estado, os efeitos das duas décadas de ditadura militar são longevos, reverberando quarenta anos depois de seu fim

Dias após a operação policial no Rio de Janeiro, que resultou em pelo menos 121 mortos, pesquisas de opinião revelam que, apesar da imagem chocante de dezenas de corpos enfileirados na Praça São Lucas, o apoio à operação é maior do que a desaprovação.

Na pesquisa Quaest, divulgada em 3/11, temos 64% de aprovação; na pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, divulgada em 01/11, 69,6% de aprovação, e na pesquisa do Instituto AtlasIntel, divulgada em 31/10, 62,2% de aprovação. Ainda que existam variações na porcentagem de apoio, fica evidente que há um consenso na opinião pública sobre o uso da violência no enfrentamento ao crime organizado.

Brainrot político: a Era dos cidadãos apodrecidos, por Antonio Jorge Pereira Júnior

O Povo (CE)

Ser coerente com os mandamentos constitucionais, base da convivência democrática, cimplica respeitar quem pensa diferente e nunca tolerar abusos de autoridade contra adversários políticos ou ideológicos

O "brain rot", ou podridão cerebral, termo que evoca uma atrofia intelectual, foi eleito palavra do ano em 2024 pela Universidade de Oxford, e reflete a preocupação global com a diminuição da capacidade de concentração na era digital. No século XIX Thoreau já denunciava a superficialidade e a fuga intelectual como causas do esvaziamento mental que compromete a autonomia do pensamento.

A superficialidade digital repercute no cenário político e cria a "podridão cívica". As telas, com ciclos de gratificação instantânea e o bombardeio de informações fragmentadas e simplistas, atrofiam a capacidade de atenção sustentada, de pensamento crítico e de argumentação coerente. Tais habilidades são essenciais para a autonomia intelectual e para o exercício pleno e consciente da cidadania.

Poesia | O tempo passa? Não passa, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Casuarina - Minha Filosofia

 

sábado, 8 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

A COP 30 num Momento Crítico da Humanidade

Por Revista Será?

A Cúpula de Chefes de Estado da COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – ocorre num momento crucial da civilização, tendo que enfrentar um desafio decisivo para o futuro da humanidade: efetivar uma redução significativa da emissão de gases de efeito estufa capaz de impedir a elevação da temperatura mundial a mais de 1,5º acima da era pré-industrial. Esta é a segunda vez que o Brasil sedia a reunião de líderes mundiais para discussão do meio ambiente, a primeira conferência foi a Rio 92 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992, que abriu caminho para o Protocolo de Kyoto (1997) e, principalmente, o Acordo de Paris (2015), quando foram definidas metas de redução das emissões de gases de efeito estufa: declínio de 37% até 2025. Ao contrário desta expectativa criada pelo Acordo de Paris, nos últimos nove anos, de 2015 a 2024, as emissões cresceram cerca de 2,5%, registrando, em todo caso, uma leve desaceleração.

Um populista em Nova York, por Thaís Oyama

O Globo

Ele optou por campanha que ofereceu soluções simples para o problema complexo que é o custo de vida na cidade

Não é todo dia que um socialista ganha uma eleição no coração do capitalismo prometendo deixar os ricos mais pobres. Reconhecido o fato extraordinário, é preciso ir devagar com o andor. Diferentemente do que têm afirmado políticos e comentaristas no Brasil, Zohran Mamdani não foi eleito prefeito de Nova York pela “classe trabalhadora”, nem sua vitória é uma prova de que a esquerda vence quando “é mais esquerda”.

O muçulmano nascido em Uganda numa família de artistas e intelectuais não foi erguido em triunfo pelos desvalidos — percentualmente, mais ricos (48%) votaram nele do que pobres (44%). Alavancaram a vitória de Mamdani sobretudo os jovens, em especial millennials com curso superior, moradores dos bairros hipsters do Brooklyn e do Queens.

Péssimo calendário eleitoreiro, por Flávia Oliveira

O Globo

Política militarizada de mortes não vencerá crime organizado

Depois de breve recolhimento, em que preferiu não aparecer na mesma foto dos governadores açodados por surfar a popularidade súbita do colega fluminense, Cláudio Castro, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, foi às redes sociais pela política de confronto. Presidenciável do campo bolsonarista, de extrema direita, escreveu que “não se combate essa ameaça [a perda da soberania do Estado para o crime organizado] apenas asfixiando financeiramente ou com discursos”. Justo ele, à frente do estado alvo da mais bem-sucedida ação integrada de desarticulação financeira da facção criminosa que domina São Paulo, a Operação Carbono Oculto. Justo ele, que viu as operações policiais de sua gestão, na Baixada Santista, citadas como suspeitas de “execuções extrajudiciais” em relatório do governo de Donald Trump sobre violações de direitos humanos no Brasil. Justo ele, cobrado pelo aumento de casos de latrocínios e furtos — sem falar na execução, no intervalo de dez meses, de Vinícius Gritzbach, delator do PCC, e de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista.

Notícias que não vamos ler, por Eduardo Affonso

O Globo

‘Greta e sua flotilha chegam à Faixa de Gaza, com ajuda humanitária para os palestinos vítimas do grupo terrorista Hamas’

— Greta leva sua flotilha para salvar vidas no SudãoSomáliaHaiti e Mianmar.

— Esquerda pede aos editores do Aurélio, do Houaiss, do Michaelis e do Caldas Aulete que criem novas palavras para designar a ação da polícia carioca, porque já usou banho de sangue, matança, massacre, chacina, carnificina, morticínio, extermínio e genocídio, e a única que falta é holocausto, mas esta ela se recusa a pronunciar.

— Direita diz que desiste de rotular ações do Comando Vermelho como terrorismo se a esquerda concordar em chamar Farc e Hamas de terroristas, e vice-versa.

— Secom adverte presidente de que a única forma de ter chance de reeleição em 2026 é não falar de improviso, principalmente se for para dizer o que pensa sobre tráfico e segurança pública.

— Bancada religiosa tem consenso de que dificultar aborto legal em crianças vítimas de estupro é mais importante que combater o abuso infantil.

Verdades amazônicas, por André Gustavo Stumpf

Correio Braziliense

Na COP30, os técnicos, os teóricos e os curiosos poderão, afinal, conhecer um pouco da Amazônia, de seus problemas e das ambições do povo que vive no norte do Brasil

A realização da COP30 em Belém significa a redescoberta da Amazônia para brasileiros e alguns estrangeiros. Os europeus conhecem a região desde há muito. Ingleses roubaram o látex para fazer borracha na Malásia, e diversos produtos da região foram patenteados por marcas internacionais. Mas o resultado da reunião na capital do Pará será positivo, porque os técnicos, os teóricos e os curiosos poderão, afinal, conhecer um pouco da Amazônia, de seus problemas e das ambições do povo que vive no Norte do Brasil.

Os governos brasileiros sempre mantiveram posição dúbia na relação com a Amazônia. A primeira reação é nacionalista, no sentido de que a Amazônia é brasileira e ninguém toca.  Mas os governos nada fizeram em 500 anos para integrar a região que é a metade do território nacional. Getúlio Vargas iniciou tímida marcha para oeste com a criação das cidades de Ceres e Rialma, em Goiás. E visitou Belém rapidamente. Juscelino Kubitschek fez mais: criou a rodovia Belém-Brasília sob violentas críticas dos chamados especialistas no Sul do país. Jânio Quadros, sucessor de JK, chegou a designar a obra de estrada das onças. Hoje, ao longo de seu trajeto, florescem boas cidades médias com economia própria e dinamismo impressionante. O Brasil cresce apesar dos críticos.

A primeira classe também cai, por Bolívar Lamounier

O Estado de S. Paulo

Os economistas talvez nos possam dizer quanto nos falta para vislumbrar, num cinzento horizonte, o espectro da guerra civil

Os acontecimentos do dia 28 de outubro no Rio de Janeiro só nos deixam uma certeza: hoje, o País é outro; seu nível de conflito não voltará a ser o que era antes.

Repare, prezado leitor, que não estou aqui reeditando minhas elucubrações, que sei serem ardidas. Estou propondo uma simples constatação: a primeira classe também cai. Não estou afirmando que o avião vai cair.

Seria, entretanto, ingenuidade ignorar que aquela fileira de corpos estendida no chão é um marco macabro em nossa história. Designem-na como matança, como violência excessiva, como repressão policial indispensável à bandidagem organizada – como quiserem –, mas ao mesmo tempo e acima de tudo isso ela é o que escrevo acima: um marco macabro em nossa história. Os “arrastões” de Copacabana, casos de turistas assassinados à faca, tudo isso foi também fotografado e as fotos correram o mundo, muitas vezes implicando o cancelamento de centenas de reservas nos hotéis cariocas. Mas as reservas sempre voltaram. Penso que voltarão desta vez também, mas com uma aura, um halo, uma atmosfera psicológica diferente, que só se modificará se todos os protagonistas agirem com sensatez, construindo bases mais seguras para a paz social.

Contenção e tentação, por Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Questão conceitual-marqueteira à parte, sobre se seria ocupação (modelo UPP, associado ao fracasso) ou retomada de território (como quer vender o governador do Rio), certo é que haverá novas operações policiais – com incursão em favelas – até a eleição. Claudio Castro, ante a aprovação do 28 de outubro, está desafiado pela tentação eleitoreira da operação policial; a ideia de que mais duas ou três como aquela produziriam um candidato a presidente.

Sozinha, aquela ação – marco do pós-Bolsonaro, primeiro fato político relevante da direita que tem Jair nem como coadjuvante – já deu ao governador a emancipação da família. Se nunca pôde haver dúvida de que segurança pública seria o tema de 2026, seguro doravante será afirmar que o debate se desenvolverá em função da atividade policial para que as cidadelas do crime sejam reintegradas à República.

Lula entre os bancos e as fintechs, por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Veto para os bancos fazerem a portabilidade de salários e aposentadorias é entrave à concorrência

Em jogo, um embate sobre segurança versus competição que vai nortear decisões com potencial impacto na vida dos brasileiros

O veto de Lula ao prazo de dois dias para as instituições financeiras fazerem automaticamente a portabilidade de salários e aposentadorias se transformou em mais um foco de tensão na disputa entre bancos e fintechs.

Em jogo, um embate sobre segurança versus competição, que vai nortear decisões regulatórias do Ministério da Fazenda e do Banco Central nos próximos meses e anos —e com potencial impacto no dia a dia da vida dos brasileiros com conta em alguma instituição financeira.

'Primeiro, conquistamos Manhattan', por Demétrio Magnoli

Folha de S. Paulo

Promessas de novo prefeito configuram programa tão ousado quanto arriscado

Mamdani não pode candidatar-se a presidente, mas lançou desafio a Trump

"Condenaram-me a vinte anos de tédio/ por tentar mudar o sistema por dentro/ Estou chegando agora, estou chegando para recompensá-los/ Primeiro, conquistamos Manhattan, depois conquistamos Berlim". O compositor Leonard Cohen escreveu o verso em 1987, para uma canção que definiu como tributo a "nossos terroristas, Jesus, Freud, Marx, Einstein". Zohran Mamdani nasceria apenas quatro anos depois, mas seu triunfo em Nova York parece a muitos uma confirmação: só o radicalismo salva.

Trump colheu derrotas em série na terça passada, um reflexo da queda livre de sua aprovação desde a posse (de +18% a -1% entre brancos, de -8% a – 37% entre hispânicos e de -37% a -76% entre negros). As vitórias democratas na Virginia e em Nova Jersey inscrevem-se na equação das pesquisas. Nova York, porém, descortinou a opção estratégica que divide os democratas: Cuomo, o pragmatismo centrista, ou Mamdani, o giro à esquerda. Interpreta-se, febrilmente, o resultado como lição.

Cláudio Castro se aproveita da crise de segurança, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Incapaz, governo desconsidera retomada de territórios

Com espetacularização, é mais fácil e barato conseguir votos

Ele não é apenas "El Matador". Sob a gestão Cláudio Castro, o Rio de Janeiro afundou na pindaíba. Mas a responsabilidade, segundo o próprio governador, não é dele —deve ser de Deus ou do Diabo. A exemplo dos territórios ocupados por milicianos e traficantes, o culpado é sempre o governo federal, a quem Castro continua a estender o pires, pedindo mais e mais dinheiro.

Na Alerj, discute-se um projeto que autoriza o governador a alienar 62 imóveis, entre os quais o estádio do Maracanã, para quitar parte da dívida com a União —R$ 12,3 bilhões a pagar em 2026.