quinta-feira, 2 de outubro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

O STF pode se reformar por dentro

Por O Estado de S. Paulo

Estudo da Fundação FHC mostra que o Supremo tem como resgatar a colegialidade, a clareza dos precedentes e a ética institucional sem precisar esperar que o Congresso faça alguma reforma

Há tempos o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de ser apenas a mais alta Corte do País e se tornou um protagonista político hipertrofiado e sobrecarregado. Decisões monocráticas prevalecem sobre o debate colegiado. Inquéritos heterodoxos se arrastam por anos. Voluntarismos interpretativos fabricam “constituições paralelas”. A pretexto de “omissões” dos outros Poderes, o STF edita leis e dita políticas públicas, precipitando corrosão institucional e repulsa social.

Parte do problema está nos vícios de origem da Constituição, que atribuiu ao STF competências tão vastas quanto difusas. Mas a crise se deve, sobretudo, à forma como os ministros exercem esse poder. Falta sobriedade, autocontenção, respeito aos limites éticos da magistratura. Acrescente-se a isso a litigância abusiva de partidos que tentam reverter com sentenças o que perderam no voto.

Tarcísio cozido em banho-maria. Por Merval Pereira

O Globo

Bolsonaro cava sua derrota ao não permitir que a direita se una em torno de um candidato competitivo

Cresce a percepção entre os políticos de que o ex-presidente Bolsonaro cozinha em banho-maria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para que ele não tenha condições práticas de se candidatar à Presidência da República. Está cozinhando o galo, como se diz popularmente. Como Tarcísio tem de se desincompatibilizar do cargo a partir de abril, sua escolha como candidato bolsonarista teria de ser definida ainda neste ano, para que houvesse tempo de organizar a campanha presidencial.

Se Bolsonaro fizer como Lula, que só indicou Fernando Haddad como seu substituto poucos dias antes da eleição — exatos 29 dias, no derradeiro prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o PT mudar de candidato, diante da derrota do último recurso possível para que a candidatura de Lula fosse aceita, mesmo ele estando na cadeia —, a eleição estará perdida.

O dilema de Tarcísio. Por Julia Duailibi

O Globo

O fator Lula é hoje a variável que importa, para além de outros fatores com peso menor, como os ataques de Eduardo Bolsonaro

O que quer Tarcísio de Freitas? A resposta é óbvia. Ser presidente da República. Daí vem outra pergunta: quando Tarcísio se lançará à Presidência? Apesar da especulação na praça, a verdade é que hoje não existe resposta a essa pergunta. Caciques do Centrão, mercado financeiro, pessoal dos palácios do Planalto e dos Bandeirantes... ninguém sabe.

Nem Tarcísio tem a resposta. Hoje é impossível cravar se o governador de São Paulo será candidato a presidente em 2026 — ou se esperará 2030. Esse é o fato. O resto é torcida, chute ou especulação da Faria Lima, com muito banco comprado (apostando) em Tarcísio 2026 — ou tudo junto e misturado.

À espera de Trump. Por Malu Gaspar

O Globo

Já faz uma semana que Donald Trump contou ter cruzado com Lula nos bastidores da ONU, disse que rolou uma “química” entre eles e prometeu marcar um encontro. Desde então, já houve muita especulação sobre como seria a conversa: por telefone, presencial, na residência de veraneio de Trump, em Washington ou mesmo em Kuala Lumpur, numa reunião de cúpula de países asiáticos. Até agora, não há nada definido. Trump nem sequer indicou com quem se devem combinar os pormenores, mesmo o Brasil já tendo se apresentado para jogo.

Tudo indica que o plano para a paz entre Israel e Hamas, a crise que paralisou a máquina administrativa americana por falta de orçamento e, muito provavelmente, a ação do Departamento de Estado — adversário declarado de Lula — ajudaram a adiar a definição. Não é segredo que o Brasil não é prioridade na agenda dos Estados Unidos; portanto, ainda serão necessários novos empurrõezinhos para fazer a coisa andar.

Saúde: as urgências e o negacionismo. Por Míriam Leitão

O Globo

Crise do metanol: ministro da Saúde prevê aumento das notificações à medida que alerta mobiliza profissionais de saúde

O pai de Alexandre Padilha, Anivaldo Padilha, foi exilado político nos Estados Unidos, nos anos 1970, e o ministro tem dois irmãos que são cidadãos americanos, um deles ainda mora lá. Ele contou estes fatos para dizer que já visitou muitas vezes os Estados Unidos, conhece bem o país, portanto, não se preocupa com as restrições que recentemente enfrentou do governo de Donald Trump. Sua preocupação é com a negociação para que haja na COP 30 um esforço global para enfrentar os problemas na saúde em decorrência da mudança climática. “Se tem um setor que está sentindo o impacto é a saúde. As enchentes do Rio Grande do Sul, a seca na Amazônia, o aumento da temperatura. Está tendo caso de chikungunya na França, ou seja, o aumento da temperatura está permitindo a circulação do vetor”. O negacionismo de Trump atrapalha a cooperação internacional. O Brasil vai lançar na COP 30 o Plano Belém para a adaptação do setor aos efeitos que já estão sendo sentidos.

'Construção de Brasil mais justo', diz Lula sobre aprovação da isenção do IR

Por Victor Correia / Correio Braziliense

Presidente celebrou a aprovação do projeto pela Câmara dos Deputados com 493 votos favoráveis e zero contrários, e disse esperar amplo apoio também no Senado

presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou, nesta quarta-feira (1º/10), a aprovação na Câmara do projeto que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil mensais. Segundo Lula, a decisão da Casa é um passo para a "construção de um Brasil mais justo".

A matéria foi aprovada nesta noite pelo Plenário com 493 votos favoráveis e zero contrários. O presidente disse ainda esperar que o Senado dará o mesmo apoio à medida, que também dá descontos no IR para quem recebe até R$ 7.350.

"Uma vitória em favor da justiça tributária e do combate à desigualdade no Brasil, em benefício de 15 milhões de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. A Câmara dos Deputados deu hoje um passo histórico na construção de um Brasil mais justo ao aprovar projeto encaminhado pelo nosso governo", escreveu Lula em suas redes sociais.

Imposto de Renda zero para classe média pode alavancar o governo Lula. Por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Um dos elementos catalisadores dessa mudança foi a inesperada declaração do presidente Trump de que vai negociar com Lula

A pesquisa PoderData, realizada entre 27 e 29 de setembro, mostra que a diferença entre a aprovação do governo Lula (44%) e a desaprovação (51%) está diminuindo progressivamente. Embora separadas por apenas sete pontos percentuais, número que pode parecer ainda desfavorável, o levantamento mostra uma tendência inequívoca de virada do governo. Em maio, a diferença era de 17 pontos; em julho, recuou para 11; e agora, em setembro, para 7.

Mantida a trajetória, Lula ficará muito próximo de inverter essa relação, o que o colocaria, pela primeira vez neste mandato, em posição de franca vantagem sobre seus possíveis concorrentes: os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União); do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e de Minas, Romeu Zema (Novo). Essa tendência também explica a decisão de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciar que pretende concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes. Bolsonarista raiz, era o único nome capaz de unir a oposição, mas enfrentou a resistência dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível e condenado a 27 anos e três meses de prisão. Querem que alguém do clã seja candidato.

A agenda que avança para pautar o ano eleitoral. Por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Bets, fintechs, PCC e emendas parlamentares formam o quarteto da agenda lulista

“O presidente Lula roubou nossa agenda”. Não fosse o verbo na primeira pessoa do plural, a autora desta constatação, uma respeitada liderança, com trânsito nos gabinetes, públicos e privados, mais poderosos da República, passaria por governista de quatro costados. A preocupação inquieta a oposição no ano eleitoral que se inicia neste sábado.

Naquele dia, a Polícia Federal abriu dois inquéritos. O primeiro para apurar as mortes causadas por bebidas adulteradas. E o segundo, para investigar as informações que o Banco Central recolheu ao rejeitar a compra do Master pelo BRB e repassou ao Ministério Público.

O sequestro do binômio segurança pública/corrupção teve início há pouco mais de um mês com o início das operações destinadas a apurar a sociedade entre devedores contumazes e crime organizado na lavagem de dinheiro por meio de fintechs, postos, hotéis e imobiliárias que findou nos drinques adulterados por metanol com casos crescentes de intoxicação e óbito.

Foi entre os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, quando o Centrão se aboletou no poder, que Daniel Vorcaro se apropriou do Master, as fintechs cresceram 340% no período, as bets tiveram um aumento no volume de apostas de 1.300% e a Receita foi privatizada. Com menos controles, abriram-se brechas para a lavagem de dinheiro.

O que os brasileiros têm na cabeça. Por Maria Hermínia Tavares

Folha de S. Paulo

Estudo descreve uma quase ausência de posições polares entre pessoas que se alinham à esquerda ou à direita

Muita coisa mudou no Brasil em pouco mais de 20 anos. Todo mundo tem opiniões fortes – mas nem sempre fundamentadas – sobre o que ocorreu aqui nas primeiras décadas do século.

Para avaliar com rigor e método como se alteraram as formas de pensar e os valores dos compatriotas entre 2002 e 2202, o cientista político Alberto Carlos Almeida replicou a sua alentada pesquisa no ano em que o PSDB perdeu o Palácio do Planalto para o PT.

Os resultados estão no livro recém-publicado "A cabeça dos brasileiros, vinte anos depois: o que mudou". Além da introdução e da conclusão assinadas por Almeida, a obra contém capítulos escritos por colaboradores do projeto. Aos entrevistados se perguntou sobre temas sempre presentes na discussão pública: religião, cor e raça; respeito à lei; relações de gênero; política; liberalismo econômico e segurança pública. Destaco algumas conclusões especialmente importantes para o debate político.

Quem vai pagar a conta da pindaíba. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Isenção do IR, reforma tributária, investimentos evidenciam conflito distributivo

Lobbies fortes impedem solução da crise de forma justa e eficiente em termos econômicos

debate do projeto da isenção do Imposto de Renda é mais um episódio do conflito cada vez mais frequente a respeito de quem vai pagar a conta do desarranjo sinistro das contas públicas e do conserto do que resta da capacidade operacional do Estado.

Os lobbies das pessoas de renda mais alta queriam, bidu, evitar até pagar o mínimo de 10% de imposto, um escândalo.

Foi assim também na reforma dos impostos sobre consumo, tem sido assim em qualquer conversa sobre redução de isenção tributária, tem sido assim na tentativa de aumentar a tributação sobre certas categorias de investimentos.

O acordão de extração de rendas do Estado é forte e inimigo da eficiência econômica, da redução da dívida, da justiça tributária e social. A situação fica mais e mais crítica, o conflito distributivo fica mais e mais escancarado.

A força simbólica do projeto do IR. Por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Projeto de lei que aumenta faixa de isenção no Imposto de Renda é tímido, mas rompe inércia

Veio o aperitivo, ficou faltando o prato principal: a volta da tributação de lucros e dividendos

A votação do projeto de lei que isenta a cobrança do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais e cria um imposto mínimo de 10% para taxar os contribuintes do andar de cima da pirâmide de renda do Brasil poderá romper a inércia e o conservadorismo que marcaram o debate sobre o tema nas últimas décadas.

É um primeiro passo tímido em relação ao que o país precisa fazer para reestruturar a tributação da renda, mas de força simbólica imensa. O ideal seria que o aumento da faixa de isenção viesse acompanhado de uma ampla reestruturação da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Não será dessa vez.

Claustrofobia política. Por William Waack

O Estado de S. Paulo

A direita brasileira parece parada e não consegue deixar de se amarrar a postes

As eleições de 2026 parecem neste momento abertas em boa parte pelo fato do que se chama de direita achar que um bom poste funcionaria. Um poste vistoso, pintado com as cores certas do bolsonarismo.

Há crises que fazem surgir lideranças em função da volatilidade, perigo, abrangência e imprevisibilidade dos fatos. É a crise que o Brasil enfrenta, com inéditos componentes geopolíticos nas questões até aqui “exclusivamente” domésticas.

Mas ela não está projetando lideranças. Lula é a expressão acabada de mais do mesmo, apesar da fantasia mal-ajambrada de estadista que lhe foi emprestada pelo adversário político. O grande problema do lado oposto do espectro não é a falta de nomes, mas de estaturas.

Reina em elites brasileiras econômicas uma dupla sensação de desamparo. A primeira por cortesia de Donald Trump, que, via tarifaço, exibiu sua vulnerabilidade e a falta de inteligência estratégica internacional. A segunda sensação de desamparo surge do quadro político doméstico.

STF longe da rinha política. Por Carolina Brígido

O Estado de S. Paulo

Intenção de Fachin não é sair do centro das atenções, mas mudar o tipo de protagonismo da Corte

Engana-se quem pensa que Edson Fachin quer retirar o Supremo Tribunal Federal (STF) do centro das atenções. Ele quer, na verdade, mudar o tipo de protagonismo da Corte. A ideia é deixar os embates políticos de lado e focar em duas funções primordiais do tribunal: a defesa da Constituição e a garantia dos direitos de grupos minoritários.

A primeira pauta de julgamentos da nova gestão reflete essa estratégia. Logo de cara, Fachin mandou para o plenário ações que discutem o vínculo trabalhista de motoristas e entregadores de aplicativos com as empresas para as quais prestam serviço. Também quer julgar limites de áreas de proteção ambiental e a extensão de direitos previstos no Estatuto do Idoso.

‘Onde é que a esquerda errou?’ Por Eugênio Bucci

O Estado de S. Paulo

Lula perguntou certo, ainda que tarde. Algo me diz que ele sabe, ou não estaria indagando. Que as respostas – e as correções de rumo – não demorem tanto

A pergunta que dá título a este artigo aparece entre aspas porque não é de minha autoria. Trata-se de uma citação. A interpelação foi enunciada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 24 de setembro, em Nova York. A fala aconteceu durante a Assembleia-Geral da ONU, numa reunião paralela dedicada a discutir o futuro da democracia, ao lado dos presidentes Gabriel Boric, do Chile, Pedro Sánchez, da Espanha, Gustavo Petro, da Colômbia, Yamandú Orsi, do Uruguai, e outras lideranças. Lula usou palavras duras e diretas: “O que me importa hoje é a gente responder, para nós mesmos: onde é que os democratas erraram? Onde e em que momento a esquerda errou? Por que é que nós permitimos que a extrema direita crescesse com a força que está crescendo?”.

Economia dá sinais de desaceleração. Por Roberto Macedo

O Estado de S. Paulo

A situação é ruim, assim como a política econômica que o governo segue, muito voltada a conveniências eleitorais

Estamos entrando no último trimestre do ano e, já no terceiro trimestre, houve sinais de desaceleração econômica. O último que vi foi anunciado na segunda-feira passada e atingiu o mercado de trabalho, que vinha mostrando muita resistência. Segundo o noticiário, a geração de empregos formais foi de 147,4 mil empregos em agosto, enquanto o mercado previa 182 mil.

E, no dia seguinte, o jornal Valor Econômico teve este título na principal reportagem de primeira página: Desaquecimento da economia é desafio adicional para as contas públicas em 2026. Enquanto isso, as projeções do mercado indicam um crescimento do PIB de apenas 1,8% e o Banco Central fala de um número ainda mais baixo: 1,5%. A mesma reportagem informa que o Projeto de Lei Orçamentária de 2026 do governo federal enviado ao Congresso prevê expansão do PIB de 2,44% (!). Talvez a ideia seja de, com isso, aumentar as despesas previstas para 2026 e, depois, dar um jeito de aumentar as receitas ou não contar novas despesas no déficit público.

Poesia | Soneto XXIX, de William Shakespeare

 

Música | Gal Costa e Zeca Baleiro - Flor da pele

 

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Capitulação do Hamas é chave em plano de Trump

Por O Globo

Ainda que proposta seja realista dadas as circunstâncias, é incerto como reagirá o grupo terrorista

O plano de 20 pontos para acabar com a guerra em Gaza apresentado na Casa Branca pelo presidente americano, Donald Trump, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, representa um avanço inegável. É certo que, no detalhe, desperta dúvidas sobre viabilidade e implementação. Também é verdade que nenhum dos envolvidos no conflito sairá plenamente satisfeito com os termos. Mas trata-se de uma proposta realista dentro das circunstâncias, cujos maiores benefícios imediatos seriam a libertação dos reféns israelenses e o alívio para a população palestina. Inspirada em ideias do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, ela expõe as dificuldades que cercam a solução duradoura do conflito, mas ao mesmo tempo traz esperança.

Paz entre Poderes não é para já. Por Vera Magalhães

O Globo

STF esteve e continua sob insidioso e ininterrupto ataque, a partir até dos EUA, inflamado por um deputado

Luiz Edson Fachin não chegou a ser original ao centrar seu discurso de posse na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) pregando harmonia entre os Poderes e que o Judiciário, por assim dizer, adote uma postura de maior comedimento institucional. Além de não ser inédita, trata-se de uma plataforma praticamente impossível de cumprir e, no momento atual, questionável do ponto de vista da defesa da própria Corte.

Quem for ler a fala de Fachin à luz do que o STF fez nos últimos anos depreenderá de muitas das 19 páginas uma crítica, se não direta, ao menos parcial a decisões, tomadas de posição e iniciativas do colegiado e de colegas que o antecederam no comando do tribunal. Para não falar de atos do próprio agora presidente.

Foi Fachin quem relatou a ADPF 572, ajuizada pela Rede Sustentabilidade contra o inquérito das fake news, relatado por Alexandre de Moraes, uma das principais fontes das críticas que alegam usurpação de prerrogativas por parte do Supremo.

Ele fez um voto, que saiu vencedor, pela constitucionalidade do inquérito, determinando medidas para “sanear” alguns aspectos. Só que o inquérito já mudou de nome e objeto, mas segue aberto até hoje. Para ser coerente com sua fala em prol da volta aos fundamentos da atuação do STF, a discussão em torno do encerramento desse feito seria primordial.

Fachin mostrou a que veio. Por Elio Gaspari

O Globo

O ministro cortou a festa e condenou os espetáculos

O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal ao seu estilo, com um discurso longo, tedioso e até descuidado. Misturou num mesmo parágrafo seu compromisso com a liberdade de imprensa e com o “bem-estar dos servidores”. Ainda assim, disse a que veio, com boas notícias. Por exemplo:

— A prestação jurisdicional não é espetáculo. Exige contenção.

Ou:

— Assumo aqui compromisso de uma gestão austera no uso dos recursos públicos pelo Judiciário. A diretriz será a austeridade.

Fora do mundo das palavras e promessas, Fachin resgatou a tradição de Rosa Weber e cancelou a pajelança com que lobistas festejam posses. Há registro de eventos com a presença de magistrados para provar uísques, na Europa, com patrocínio de um banco mambembe.

Suprema precarização. Por Bernardo Mello Franco

O Globo

Tribunal decidirá se motoristas e entregadores têm vínculo trabalhista com plataformas

Ao assumir a presidência do Supremo, o ministro Edson Fachin afirmou duas vezes que o Judiciário deve proteger o direito ao “trabalho decente”. Hoje o discurso será submetido ao primeiro teste prático.

Fachin escolheu iniciar sua gestão com o julgamento de recursos apresentados pelas empresas Uber e Rappi. As plataformas querem derrubar decisões da Justiça do Trabalho que reconheceram vínculo com motoristas e entregadores. Os casos terão repercussão geral — ou seja, a decisão do Supremo valerá para todos os processos que discutem a chamada uberização no país.

A visão de Fachin sobre o STF na crise política. Por Fernando Exman

Valor Econômico

Novo presidente do Supremo fez em seu discurso uma forte defesa da independência judicial

Considerando que o ceticismo é atitude fundamental para quem busca sobreviver no ambiente muitas vezes hostil de Brasília, com frequência é preciso evitar cair na tentação de classificar como “coincidência” qualquer sequência aleatória de fatos. No entanto, chamam atenção alguns movimentos que ocorreram antes, durante e depois da posse dos ministros Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e Alexandre de Moraes na vice.

Poucas horas antes da solenidade realizada na segunda-feira (29), o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), pediu à Corte que o número das bancadas estaduais na Câmara não fosse alterado para as próximas eleições. A despeito da decisão da própria Corte para que a redistribuição das cadeiras fosse feita nesta semana de acordo com o censo, Alcolumbre defendeu que isso só ocorresse para o pleito de 2030. Uma tentativa de reduzir a insatisfação dos deputados, que pressionavam pela derrubada do veto ao projeto que aumentava o número de deputados e, assim, driblava a determinação do STF.

‘Big techs’ pedagiam tudo, diz Haddad. Por Lu Aiko Otta

Valor Econômico

Projeto de lei propõe que Cade seja o “xerife” da atuação das big techs no Brasil

“Estamos criando uma regulação para impedir práticas anticoncorrenciais, porque senão as big techs jantam todo mundo”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao podcast Três Irmãos, na semana passada. “Elas [as big techs] pedagiam tudo. Quer usar esse dispositivo? Pedágio. Quer usar esse outro? Tem que fazer um contrato de exclusividade comigo. Aí, o empresário fala: ‘cara, todo meu lucro tá indo para esses serviços de informática’.”

Ele falava sobre o Projeto de Lei 4.675/2025, protocolado no último dia 18, que regula os aspectos econômicos da atuação das big techs. O texto é fruto de um trabalho desenvolvido por sua equipe durante dois anos e meio.

O PL propõe que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que regula a concorrência entre empresas no Brasil, seja o “xerife” da atuação das big techs. Será criada nele a Superintendência de Mercados Digitais, que vai monitorar de perto as plataformas que faturam mais do que R$ 5 bilhões por ano aqui ou R$ 50 bilhões globalmente. Além desse critério quantitativo, há um recorte qualitativo: o serviço precisa ter relevância sistêmica na economia.

Aumento de 390% no Fundo Eleitoral para 2026 é tapa na cara da sociedade. Por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Para blindar seus mandatos financeiramente, deputados e senadores da Comissão Mista de Orçamento aprovaram aumento de R$ 1 bilhão para R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral

A proposta de quase quintuplicar o Fundo Eleitoral, aprovada pela Comissão de Orçamento da Câmara, avança em direção à consolidação de uma “partidocracia” nefasta ao país. A Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO) aprovou ontem, de forma simbólica, um aumento de 390% (R$ 3,9 bilhões) da reserva prevista na peça orçamentária para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para 2026. O “Fundão” abastece campanhas eleitorais em todo o país com dinheiro público.

O princípio da “paridade de armas” na disputa eleitoral simplesmente não existe mais, não é respeitado. Afora o “Fundão” anabolizado, que em tese poderia ser distribuído democraticamente pelos partidos entre candidatos com mandato e sem mandato, existe também a montanha de dinheiro de emendas parlamentares, que chegam em média a R$ 50 milhões para cada parlamentar.

Um SNE Efetivo. Por Cristovam Buarque

Correio Braziliense

O SNE e o novo PNE apresentam boas intenções, prometem mais recursos, mas carecem de objetivos audaciosos e ações concretas que implantem a rede de escolas públicas para a educação de qualidade para todos

Ao longo dos últimos 70 anos, o Brasil adotou 22 programas voltados para a educação básica — da Merenda Escolar, em 1955, ao Pé-de-Meia, em 2025 — incluindo dois Planos Nacionais de Educação (PNEs), com vigência de 10 anos cada. Com esses programas, avançamos rumo à quase universalização das matrículas nas séries iniciais do ensino fundamental. No entanto, progredimos insuficientemente quanto ao número de alunos que concluem a educação básica com formação capaz de atender às exigências do mundo contemporâneo. Apesar dos avanços, nesse período três lacunas se ampliaram: entre ricos e pobres, entre a educação no Brasil e em outros países, e a desconexão entre o que ensinamos e o que precisa ser ensinado.

Paz de conveniência. Por Rodrigo Craveiro

Correio Braziliense

Estive no Oriente Médio por duas vezes. Em uma delas, em abril de 2023, depois de visitar a fronteira com a Faixa de Gaza e ver a cerca por onde o Hamas invadiu o sul de Israel em 7 de outubro do mesmo ano, conheci Ofir Libstein. O político israelense que administrava o Conselho Regional de Sha'ar HaNegev, região vizinha ao enclave palestino, era responsável por 9,3 mil moradores de 12 comunidades do "envelope". Vi em Libstein um visionário e um pacifista. Ele e colegas vislumbravam um futuro de coexistência pacífica entre judeus e palestinos.

A semente seria plantada nas crianças dos dois povos. Libstein ajudou a fundar o "Bridging", um programa que convidava 25 jovens de Gaza a passarem um dia no sul de Israel e aprofundarem o contato por meio de diálogos e experiências. Libstein foi morto por militantes do Hamas ao tentar defender o kibbutz onde morava e proteger os quatro filhos, abrigados em um quarto seguro.

O estilo Lula de ‘fritar’ ministros. Por Vera Rosa

O Estado de S. Paulo

O problema do presidente é a dificuldade para demitir, deixando o ‘fogo amigo’ se espalhar

A um ano das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu deixar o Centrão em banho-maria. Na prática, Lula aguarda a saída de ministros e integrantes desse grupo, após o ultimato dado pela cúpula do União Brasil e do PP, sem de fato acreditar que haverá grandes baixas na equipe.

O presidente sabe que não terá apoio integral do Centrão nem do MDB na campanha, mas espera conquistar pedaços desses partidos. O que ele não quer é um casamento de papel passado dos “aliados” de conveniência com o bolsonarismo. Pelos cálculos do Planalto, de 18 a 20 ministros devem sair no início de abril para concorrer às eleições. Diante dessa expectativa, o presidente fará agora apenas pequenas mudanças na equipe.

O enigma do PIB. Por Fábio Alves

O Estado de S. Paulo

Quem pode dizer com algum grau de certeza, hoje, se a maior economia do mundo está fraca ou forte?

Não são apenas os dirigentes dos principais bancos centrais do mundo que estão inseguros em determinar em que ponto está, de fato, o nível da atividade econômica em seus países – algo crucial para calibrar a política monetária. Analistas e investidores também parecem estar no escuro, uma vez que os dados ora apontam para resiliência inesperada no consumo e investimento, ora mostram perda de fôlego do mercado de trabalho.

Tome-se o exemplo dos Estados Unidos. Quem pode dizer com algum grau de certeza, na fotografia de hoje, se a maior economia do mundo está fraca ou forte, diante de números recentes de atividade aparentemente conflitantes?

O que Lula pode tirar de Trump neste mundo de império americano sem freio. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Um acordo bem-sucedido com os EUA aumentaria a confusão nas direitas extremas

Governo do Brasil vai negociar mais do que crise comercial e ataques políticos

Um encontro bem-sucedido entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump causaria novos embaraços para as direitas, pelo menos para a extrema direita e para bolsonaristas em geral.

Decerto as redes bolsonaristas parecem capazes de engolir quase qualquer ficção —Jair Bolsonaro lá aparece como defensor da vida e da família. Mas seria difícil elaborar o insucesso da vassalagem de Trump e do MAGA, a reviravolta em tese simpática a Lula e o fracasso da conspiração dos Bolsonaro e sua bandeira americana na avenida Paulista.

Trump inventa um plano para a paz em Gaza, e o mundo finge acreditar. Por Rui Tavares

Folha de S. Paulo

Entre ilusões coloniais e cálculos políticos, palestinos continuam à espera de que acordo possa desbloquear futuro

Conjunto de pontos tem lacunas em sua implementação e, em cada uma delas, uma hipótese de o fazer descarrilar

Por um lado, a situação em Gaza é tão desesperadora que dá vontade de acreditar em qualquer nesga de uma solução, por rebuscada que seja. Por outro lado, não deixa de espantar ver líderes mundiais, em particular aqui na Europa, fazer de conta que existe um plano de Donald Trump para Gaza minimamente credível.

"Sim, por favor, qualquer coisa que pare com a matança", diz o coração. A memória, desafortunadamente, tem obrigação de desconfiar.

Fachin semeia em solo infértil. Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Novo presidente do Supremo proferiu palavras certas no momento necessário à contenção

Resta saber se nos três Poderes em disfunção haverá ouvidos dispostos a compreender a mensagem

Em matéria de carta de intenções, o discurso inaugural de Luiz Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal incluiu as melhores. A estreia sem festejos excessivos, com prestígio ao coral da casa, fez jus ao apelo à contenção.

Palavras, gestos e recados certos no momento necessário. Primazia ao colegiado, atenção à segurança jurídica, senso de dever em detrimento da sensação de poder, reprovação a privilégios, resistência à tentação do espetáculo midiático, elogio à austeridade —estava tudo lá e mais a frase síntese: "Ao direito o que é do direito, à política o que é da política".

O país precisa de uma direita republicana. Por Wilson Gomes

Folha de S. Paulo

Há direita republicana com regras, freios e responsabilidade

Conservador pode escolher ordem com garantias, não exceção iliberal

Há duas forças interessadas em borrar a distinção entre direita republicana e extrema direita: a própria extrema direita e setores da esquerda radical. A primeira precisa convencer o eleitor de direita de que sua única alternativa política real é uma plataforma iliberal. A segunda prefere reduzir tudo à sua direita a um rótulo único —"fascismo"— porque isso simplifica o conflito, rende mobilização moral e dispensa distinguir adversários legítimos de inimigos da democracia.

Ao país, porém, essa diferença faz falta: sem direita republicana reconhecida, cresce o espaço para aventuras iliberais.

Trump dá uma dentro com plano para Gaza. Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Proposta de paz do presidente americano tem problemas, mas é chance de parar carnificina

Se acordo avançar, haveria governo palestino formado por tecnocratas e sem participação do Hamas

Não costumo perder oportunidades de criticar Trump, então, hoje, para variar, vou elogiar seu plano de paz para o Oriente Médio. A proposta tem inúmeros problemas, mas oferece uma chance palpável de interromper a carnificina em Gaza. Não desperdiçá-la é um imperativo moral.

Poesia | Ser ou não ser, de William Shakespeare

Música | Paulinho da Viola - Foi um rio que passou em minha vida

 

terça-feira, 30 de setembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Fachin acerta ao pregar Supremo longe da política

Por O Globo

Novo presidente do STF faz bem em fugir dos holofotes, mas não poderá se esquivar de questões espinhosas

Na cerimônia de posse como novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin deu o tom que pretende imprimir a sua gestão. “Assumo não um Poder, mas um dever: respeitar a Constituição e apreender limites. Buscaremos cultivar a virtude do discernimento”, afirmou. “Ao Direito, o que é do Direito. À política, o que é da política.” A tônica de seu discurso foi a institucionalidade e o chamado ao diálogo republicano entre os Poderes, sem que o Judiciário fique submetido a populismos. Sua discrição já ficara nítida quando ele recusou qualquer badalação e festa de celebração. É sem dúvida positivo que tente desviar do Supremo os holofotes que, nem sempre com razão, se voltam para a Corte e seus ministros. Mas será preciso agir com determinação quando necessário. O STF não pode se esquivar de enfrentar questões espinhosas que volta e meia acabam por desaguar lá.

A linguagem do dinheiro. Por Merval Pereira

O Globo

As negociações entre Brasil e Estados Unidos têm de deixar a política de lado e focar nas trocas comerciais

Como a política brasileira é muito fluida, essa afirmação é arriscada, os tempos recentes estão aí a nos mandar não ter pressa para afirmações definitivas. Se Lula cometer erros grosseiros, ou se a saúde não permitir, ele voltará a pôr em risco sua provável vitória. A pouco mais de um ano das eleições, sua proverbial sorte lhe deu uma saída magnífica com a desastrada ação de agentes de Bolsonaro em solo americano, desvelados como agentes antinacionais a serviço de Trump.

Se a aparente vitória de Lula nessa disputa permitir que ele aja como estadista, e não como reles politiqueiro, terá um caminho aplainado pela frente, pois a direita submissa ao ex-presidente erra dia sim, outro também. Caso contrário, a hubris, palavra grega que significa confiança desmesurada que leva alguém a superestimar suas capacidades, fará com que perca essa oportunidade rara que ganhou. Brincar dizendo que levará a primeira-dama, Janja, ao encontro com Trump pode sugerir esse estágio de soberba.

País precisa de um Congresso renovado. Por Fernando Gabeira

O Globo

Agora ficou mais evidente que Lula será reeleito, porque a oposição pisoteou algumas de suas próprias bandeiras

Semana passada, um hater me chamou de Matusalém. Só para contrariá-lo, farei algumas previsões sobre o futuro. Não um futuro distante, mas os poucos anos que me restam.

Minha filosofia é a do poema “Quando vier a primavera”, de Fernando Pessoa: Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem./Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele./Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

Por enquanto, ainda há o que fazer. Vejo o Brasil numa encruzilhada e o mundo como um espaço absurdo, onde a mensagem do homem mais poderoso é sobre uma escada rolante emperrada, e algumas aberrações como o perigo das energias alternativas.

O mundo que as redes criaram. Por Pedro Doria

O Globo

Os grupos se fecharam no entorno da identidade comum e passaram a ver o resto da sociedade como rival

O período que se seguiu à morte do ativista de direita americano Charlie Kirk foi intenso. Muita gente foi demitida, muita gente foi cancelada, muita gente foi calada — e não só nos Estados Unidos, também aqui no Brasil. A maioria era, essencialmente, responsável pelo terrível crime de mau gosto. Dizer coisas fora do tom, desagradáveis, porque não gostavam de Kirk. Não faltou quem comparasse o comportamento das massas canceladoras da direita aos muitos canceladores de esquerda. Porque, afinal, o comportamento foi rigorosamente o mesmo.

Pois é, nos tempos da internet, uma das coisas que viraram tabu é comparar esquerda com direita. Afinal, a extrema direita no Brasil tentou um golpe de Estado, nos Estados Unidos promove o descrédito do sistema eleitoral, na Europa o partido alemão AfD quer vestir roupa nova no velho nazismo, e a xenofobia corre solta. Assim, para qualquer tentativa de fazer comparação, alguém tira da manga a carta da falsa equivalência. Isso não muda o fato à nossa frente. A direita trumpista se comportou igualzinho à esquerda woke. Tem explicação. Uma explicação que envolve redes sociais e ajuda a compreender a crise democrática.

Recados da posse de Fachin. Por Míriam Leitão

O Globo

Em sua posse no STF, Fachin deixou claro que defesa da democracia e dos direitos de grupos discriminados serão centrais em seu mandato

A posse do ministro Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal foi um momento de forte defesa da democracia, e de tudo o que compõe um regime constitucional, a garantia dos direitos de populações discriminadas e vulneráveis. Não houve meias palavras. Elas foram ditas inteiras, em todos os discursos, principalmente no da ministra Cármen Lúcia, e no do juiz que, nos próximos dois anos, será o chefe do poder Judiciário brasileiro.

— Ao Direito o que é do Direito, à política o que é da política — disse Edson Fachin, demarcando o terreno que tem estado dominado pelo conflito e pela acusação recíproca de invasão de áreas de competência.

— A espacialidade da política é delimitada pela Constituição. A separação dos poderes não autoriza nenhum deles a atuar segundo objetivos que se distanciem do bem comum. O genuíno estado de direito conduz à democracia — completou Fachin.