Nada como uma safra de notícias negativas para que
o governo comece a refletir um pouco mais sobre o que anda dando errado na
economia brasileira, que deve crescer só 1% neste ano.
Depois do PIB "nada espetacular" do
terceiro trimestre e da inflação ainda elevada de novembro, alguns assessores
presidenciais começaram a enxergar problemas onde, até pouco tempo, só viam
virtudes.
É o caso do sentimento refratário de investidores
em relação ao estilo presidencial. No governo, reinava o discurso de que eles
estão muito mal acostumados com a era do "almoço grátis" no país e
terão de se adaptar aos novos tempos -de taxa de retornos bem menores.
A avaliação tem lá seu sentido e justificativa.
Essa turma ganhou muito dinheiro fácil por aqui nos últimos anos. Só que o
governo parece ter exagerado na sua autoconfiança e começou a distribuir
sopapos de forma indiscriminada, sobrando até para quem não merecia.
Agora, com o investimento registrando a quinta
queda consecutiva, alguns assessores passaram a admitir reservadamente que o
tratamento nada amigável dispensado aos investidores teve sua influência no
resultado ruim da economia.
Um conselheiro da presidente Dilma vai na mesma
linha. Em sua opinião, ela vem tomando as medidas adequadas e corretas, mas seu
governo erra nos detalhes e na forma como as negocia com o empresariado e
investidores. Um tom de arrogância prepondera e cria ruídos.
Assessores e conselheiros acreditam que foi
quebrada, em alguns casos, a relação de confiança entre governo e setor
privado, paralisando investimentos. Alguns, inclusive, estão mudando de
endereço e seguindo para países vizinhos.
Um dos assessores disse que, com jeitinho, iria
repassar sua avaliação à presidente. Em sua opinião, é hora de ser mais suave
no trato, sem perder a direção. Enfim, a ficha parece estar caindo. A conferir.
Fonte: Folha de S. Paulo
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