PF já havia apontado crimes de corrupção e tráfico de influência
-SÃO PAULO- A ex-secretária da Presidência da República em São Paulo,
Rosemary Noronha, foi indiciada por formação de quadrilha. A informação é da
Polícia Federal (PF), que encaminhou o relatório do inquérito policial da
Operação Porto Seguro à 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo na noite de
sexta-feira. Rose já havia sido indiciada no último dia 23, por tráfico de
influência e corrupção passiva, quando foi levada à sede da PF sob mandado de
condução coercitiva e liberada em seguida. Também foi indiciado ao término do
inquérito, por corrupção passiva, Tiago Pereira Lima, ex-diretor geral da
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Ele pediu exoneração do
cargo na sexta-feira e não estava entre os indiciados originalmente.
Até então, a PF e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmavam que
não havia motivos para indiciar Rose também por quadrilha porque ela não
participava da estrutura da organização.
Com a inclusão do diretor da Antaq, sobe para 23 o número de indiciados por
suspeita de envolvimento na venda de pareceres técnicos fraudulentos em órgãos
públicos e agências reguladoras para beneficiar interesses privados. O
relatório entregue à Justiça inclui informações adicionais em depoimentos e
análise de documentos apreendidos durante o cumprimento de 43 mandados de busca
e apreensão em São Paulo e Brasília.
A Justiça deverá encaminhar os autos ao Ministério Público Federal, que
poderá oferecer denúncia, requerer a volta dos autos à Polícia Federal para
outras diligências ou, ainda, pedir o arquivamento do inquérito. A PF informou
que discos rígidos apreendidos, que ainda estão sendo periciados, serão
encaminhados à Justiça Federal em 90 dias.
PT tenta blindar rose
Desde que a operação Porto Seguro foi deflagrada, o PT tenta blindar Rose.
Em reunião no Instituto Lula, dias depois da operação da Polícia Federal (PF)
que trouxe à tona as denúncias contra Rosemary, o ex-presidente e o ex-ministro
José Dirceu expressaram preocupação com o caso.
O presidente do instituto e amigo de Lula há décadas, Paulo Okamotto, foi
quem ganhou a missão de acompanhar o "caso Rose" de perto. Outro nome
que, segundo petistas, tem contornado o incêndio é o ministro da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Considerada no PT como uma pessoa "fora de controle" e "sem
limites", Rosemary Noronha tem sido monitorada de perto por lideranças
ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os petistas criticam todas
as iniciativas tomadas por Rose, principalmente a de ter ligado para o ministro
da Justiça e para José Dirceu, recém-condenado à prisão, tão logo a Polícia
Federal entrou em seu apartamento para deflagrar a operação Porto Seguro. Para
o trabalho de "redução de danos" foi chamado o advogado Luiz Bueno de
Aguiar, ligado ao PT.
A preocupação dos petistas se justifica pela proximidade de Rose com Lula e
Dirceu. Em sua edição desta semana, a revista "Veja" publicou que,
uma semana antes da operação, Rose passou o feriado de 15 de novembro com o
ex-ministro José Dirceu e a namorada dele, Evanise Santos, numa casa em frente
ao mar na praia de Camaçari, na Bahia.
Fonte: O Globo
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