Resultados da economia e questões éticas serão alvo de críticas
Gustavo Uribe
SÃO PAULO - Num esforço para viabilizar uma candidatura competitiva para a
sucessão presidencial, o PSDB pretende tornar Aécio Neves o principal porta-voz
da sigla em 2013 e focará a sua munição eleitoral não mais no ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, mas em sua sucessora, Dilma Rousseff, candidata do
PT em 2014. O projeto da sigla para a disputa ao Palácio do Planalto tem sido
conduzido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a sigla só
terá chances de derrotar o PT na corrida eleitoral se passar a fazer uma
"oposição contundente" ao governo federal.
O próprio senador mineiro, que iniciou nesta semana a sua campanha à
sucessão presidencial, reforçou, em reunião com tucanos, que é hora de fazer
críticas à atual presidente, e não ao seu antecessor. O diagnóstico de
dirigentes da sigla é de que, nos últimos anos, o partido errou ao ter poupado
Dilma de críticas duras, o que, segundo eles, teria contribuído para o aumento
de sua popularidade.
- Ou o PSDB engrossa a voz oposicionista ou não sobe a rampa do Palácio do
Planalto. O partido tem ficado aquém das expectativas em matéria de veemência.
Por um lado, muitos oposicionistas não são afeitos ao enfrentamento. Por outro,
não temos número para dar volume ao nosso discurso no Congresso Nacional -
avaliou o líder do PSDB no Senado Federal, Álvaro Dias.
Na formulação de um novo discurso, que pavimente uma candidatura
presidencial, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, tem se reunido
regularmente com economistas, entre eles Armínio Fraga e André Lara Resende, e
falado com o cientista político Antonio Lavareda, especialista na área de
marketing político. Em boa parte dos encontros, Aécio tem acompanhado o
dirigente da sigla. O partido discute retomar as suas bandeiras políticas à
frente do governo federal, como as parcerias com a iniciativa privada e a
estabilização da economia, e propõe fazer um embate público com o PT, sobretudo
no campo da ética.
Em conversas reservadas, FH tem reconhecido que a disputa eleitoral será
dura e afirma que chegou a hora de fazer uma leitura crítica das gestões
petistas. O comando da sigla defende que o novo discurso incorpore teses como a
de que a "herança bendita" do PSDB no governo federal "está
chegando ao fim" e de que Dilma tem falhado em sua política econômica
"intervencionista".
- A oposição ou é incisiva ou não é nada. Não existe oposição suave, ela tem
de indicar os erros do governo. Nos últimos anos, a presidente tentou se distinguir
do seu antecessor na forma de se expor. No cerne, contudo, são parecidos. O tom
do discurso é diferente, mas o conteúdo é semelhante - criticou o
vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman
Fonte: O Globo
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