• Sindicatos fazem convocação; ruas do entorno são interditadas
Célia Costa - O Globo
Três dias antes de os deputados estaduais começarem a analisar o pacote de austeridade contra a crise financeira, o prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) amanheceu cercado com grades. O isolamento faz parte de um forte esquema de segurança que será montado quarta-feira, quando estão marcadas várias manifestações de servidores. No mesmo dia, o presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), receberá representantes de seis sindicatos. A Alerj informou que, na última sexta-feira, a Secretaria de Segurança e o comando da Polícia Militar pediram a instalação da cerca, que foi autorizada pela presidência da assembleia.
O esquema de segurança contará com agentes do 5º BPM (Centro), do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos e do Batalhão de Choque, além de um helicóptero da PM. Em nota, a Alerj informou que, pela Constituição, cabe ao Executivo o poder de polícia e, consequentemente, “a obrigação de garantir a segurança e o funcionamento das instituições democráticas”.
Segundo a Alerj, o custo do gradeamento é de R$ 20 mil por mês, e o trabalho está a cargo da empresa de engenharia responsável pelo restauro da fachada do Palácio Tiradentes. As cercas começaram a ser montadas no fim da tarde de sábado, marcando um perímetro em torno da Assembleia Legislativa. As grades impedem completamente o acesso ao trecho do Largo do Paço, ao lado da Alerj. As ruas São José e Dom Manuel também estavam cercadas, mas ontem ainda tinham passagens para entrada e saída de veículos. O acesso da Travessa do Paço para a Dom Manuel, porém, foi fechado. Desde as últimas manifestações, carros da PM estão posicionados no entorno da Alerj. Ontem, três veículos eram usados na vigilância do prédio.
Na última terça-feira, servidores das polícias Militar e Civil, além de bombeiros e agentes penitenciários, fizeram um protesto que reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundos os organizadores. No final da manifestação, um grupo arrancou os tapumes que cercam o prédio da Alerj e invadiu o plenário. Durante a invasão, o gabinete da vice-presidência foi depredado e cadeiras do plenário tiveram o estofado rasgado. Microfones foram roubados. Dois dias depois, o comandante do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos, coronel Rodrigo Sanglard, foi exonerado. Ele chefiava a tropa que não impediu a invasão à Alerj.
Na sexta-feira, no fim de uma manifestação que reuniu centenas de servidores, houve tumulto quando pessoas mascaradas acenderam uma fogueira no meio da Avenida Presidente Antônio Carlos. Policiais que faziam a segurança da Alerj correram em direção ao grupo. Uma parte dos manifestantes arremessou pedras, garrafas e fogos de artifício contra a PM, que respondeu com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Uma testemunha da confusão registrou, com um celular, imagens de policiais agredindo um fotógrafo. O comando da PM prometeu apurar o caso.
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