• Aécio perdeu em BH, Pimentel está às voltas com a Justiça e PMDB está rachado
Evandro Éboli - O Globo
-BRASÍLIA- O cenário da disputa para o governo de Minas Gerais em 2018 é de indefinição completa. As forças políticas tradicionais no estado — PT e PSDB — amargaram derrotas em Belo Horizonte este ano e alguns de seus caciques estão com a popularidade abalada.
O governador Fernando Pimentel, do PT, às voltas com a Operação Acrônimo, é praticamente carta fora do baralho, e seus aliados consideram muito improvável que ele tente a reeleição. O ex-governador e senador Aécio Neves, do PSDB, não elegeu João Leite prefeito e ganhou um adversário figadal: Alexandre Kalil, do PHS, novo prefeito da capital.
Depois de dois mandatos como prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) seria um candidato natural ao governo, mas não é. Em 2008, começou com força total, tendo PT e PSDB a seu lado. Agora, deixa a prefeitura rompido com os dois. Como se não bastasse, o nome que lançou para sucedêlo, Délio Malheiros, do PSD, terminou o primeiro turno em quinto lugar, com apenas 5,5% dos votos. Questionado sobre seu futuro após deixar a prefeitura, Lacerda foi vago.
— Tenho muita vitalidade e excelente saúde. Continuarei trabalhando por alguma coisa — afirmou o prefeito, que pode tentar uma das duas vagas ao Senado. Dos três senadores do estado, dois terão o mandato encerrado daqui a dois anos: Aécio e Zezé Perrella (PTB).
ANASTASIA, TRUNFO TUCANO O PSDB
tem em seus quadros um trunfo: Antonio Anastasia, com mandato de senador até 2022. Anastasia já foi governador, é um quadro também técnico, moderado e nada tem a perder, uma vez que voltaria ao Senado se fosse derrotado na eleição para governador. É o nome do PSDB, admitem os tucanos mineiros. Mas, depois da derrota de João Leite, não se sabe se ter a imagem colada a Aécio, como Anastasia tem, pode contaminar sua eventual candidatura.
Os tucanos têm a seu favor o bom desempenho da legenda nas cidades médias de Minas. O partido elegeu 133 prefeitos e governará para 3,4 milhões de mineiros, que representam 16% da população do estado. O arqui-inimigo PT elegeu 41 prefeitos, em municípios que somam 701 mil habitantes, ou 3,3% dos mineiros.
— Mesmo com a derrota na capital, o PSDB cresce muito mais. Ganhou cidades importantes, como Ribeirão das Neves, Contagem e Governador Valadares. Perder em Belo Horizonte foi uma derrota pessoal do Aécio, que foi o principal avalista do João Leite. Seria o grande responsável pela sua vitória. Agora, o fracasso é dele — disse o cientista político, Malco Camargos, da PUC de Belo Horizonte.
Para Camargos, o PSDB se fortaleceu em Minas, e isso pode beneficiar Anastasia.
— O PSDB continua sendo um ator importante no estado, com chance de retomar o governo, mas não com Aécio.
Na avaliação do cientista político, o PT se enfraqueceu:
— O PT só fez 41 prefeituras. Encolheu demais. É apenas o décimo partido no estado. Não conquistou nenhuma cidade média. A situação de Pimentel é muito ruim. É difícil ele reverter essa curva negativa que vive há dois anos.
O PMDB, diz Camargos, enfrenta um racha no estado e só voltará a ocupar algum espaço se estiver aliado a alguma legenda com chances de vitória. Tem a sua máquina a oferecer. E seu tempo de rádio e TV.
Azarões sempre aparecem. Camargos cita o nome do empresário Vittorio Medioli, eleito prefeito de Betim — quinta maior cidade de Minas — no primeiro turno, com 61% dos votos. Ele é do PHS, de Alexandre Kalil.
O próprio Kalil é lembrado, mas se quiser se lançar ao governo de Minas apenas dois anos após se eleger prefeito prometendo se dedicar intensamente à cidade, não deverá repercutir bem.
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