• Senador tucano pôs em dúvida conclusão do mandato do peemedebista
Sérgio Roxo, Simone Iglesias - O Globo
-MOGI DAS CRUZES (SP) E BRASÍLIA- No dia seguinte às declarações do senador do PSDB Cássio Cunha Lima (PB), que previu dificuldades para a conclusão do atual mandato presidencial, o presidente Michel Temer procurou minimizar as divergências no partido aliado em relação a seu governo.
— É natural. Se não estivermos habituados a falas dessa natureza, não conseguimos governar. Temos que passar adiante — disse Temer, após cerimônia de entrega de 420 unidades do Minha Casa Minha Vida, em Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, acompanhado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um dos que pregam um distanciamento maior do PSDB da gestão Temer. Ele também está envolvido numa disputa interna com o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), que defende uma participação ainda maior no governo do peemedebista.
Na avaliação do governador paulista, os escândalos políticos ou da cassação da chapa DilmaTemer pelo Tribunal Superior Eleitoral pode comprometer a imagem do partido.
Temer preferiu destacar o apoio que vem tendo do PSDB para aprovar medidas econômicas no Congresso, e lembrou que há três ministros do partido no governo:
— Uma ou outra fala é circunstancial, momentânea, episódica, transitória. O que vale é o apoio maciço que estou recebendo do Congresso Nacional e do PSDB em particular.
REDUÇÃO DE DANOS
Depois da polêmica instalada, Cunha Lima também buscou reduzir os danos de suas declarações dadas na terça-feira a uma rádio da Paraíba, quando admitiu as dificuldades de Temer concluir o mandato, e, no caso de cassação da chapa Dilma-Temer, sugeriu o nome da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, para um mandato tampão, por eleição indireta, como prevê a lei .
Próximo a Aécio Neves, Cunha Lima conversou com o presidente do PSDB e explicou que suas reflexões se deram no campo das hipóteses.
— O momento é para procurar a estabilidade e não ampliar a instabilidade. Falei no campo da hipótese — disse Cunha Lima ao GLOBO.
Para tentar amenizar o distanciamento de Alckmin, Temer o chamou de “grande governador e prezado amigo”. Já o governador paulista disse que “no Brasil de hoje não há mais espaço do nós contra eles”.
— Conte conosco, presidente — disse Alckmin.
Questionado em entrevista se a realização do evento em São Paulo tinha o objetivo de afastar as especulações sobre o distanciamento entre os dois, Michel Temer respondeu:
— Só não vou erguer o braço do governador Geraldo Alckmin para não criar .... (sem completar a frase).
Para o Planalto, o encontro de ontem foi um passo em direção a uma relação mais tranquila entre Temer e Alckmin, que vem sendo uma voz no PSDB pelo afastamento do governo federal para preservar a candidatura do partido em 2018 à Presidência da República e marcando diferença com Aécio, seu concorrente interno.
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