A avaliação do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB),piorou de modo relevante desde junho, indica pesquisa Datafolha. O resultado nada tem de surpreendente.
Desde que os paulistanos voltaram a eleger seu governante, 32 anos atrás, quase sempre demonstraram alguma frustração com o desempenho nos primeiros meses do mandato -a exceção foi a breve gestão de José Serra (2005-2006).
De todo modo, o prestígio de Doria -32% consideram seu governo ótimo ou bom, ante 41% há quatro meses- supera o de seus antecessores (fora Serra) em períodos comparáveis da administração.
Particularmente digna de nota se mostra a disparidade de opiniões a respeito do alcaide conforme os estratos sociais: sua aprovação chega a 54% entre os que têm renda familiar superior a dez salários mínimos, não passando de 23% na faixa até dois pisos salariais.
Com pouco mais de nove meses no posto, o prefeito ainda dispõe de tempo para convencer os munícipes de sua capacidade gerencial. Os números do Datafolha são mais sombrios, entretanto, quando se considera sua ambição já escancarada de se candidatar à Presidência da República.
Para 58% dos entrevistados em São Paulo, Doria não deveria deixar o governo local; 55% descartam votar no tucano em uma disputa pelo Palácio do Planalto.
No que diz respeito a suas chances de conquistar a vaga de candidato, afigura-se importante a comparação com a popularidade de seu adversário no tucanato, o governador Geraldo Alckmin.
Este tem aprovação de 31% entre os paulistanos, praticamente idêntica à do prefeito, seu afilhado político. Entretanto a diferença é significativa quando se pergunta qual dos dois deve ser o postulante do PSDB ao comando do país: para 45%, Alckmin; para 31%, Doria.
O veterano parece resistir razoavelmente, assim, ao desgaste de mais de duas décadas em que o PSDB esteve à frente do governo estadual e à ojeriza ampla a políticos tradicionais. Não por acaso, apega-se à defesa da experiência.
Somente em abril vence o prazo para que o prefeito decida se será candidato ou não -o Palácio dos Bandeirantes também é uma hipótese, assim como uma eventual mudança de partido.
Se até lá persistir o anseio por cargos mais elevados, tende a ganhar corpo a leitura de que ele troca o tempo de administrar a cidade pelo de fazer campanha.
A julgar pelos números do Datafolha, o eleitor paulistano não parece satisfeito com essa dupla face de Doria, que põe em risco tanto a sua propalada reputação de gestor quanto uma carreira política iniciada de forma promissora.
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