Folha de S. Paulo
Para não ser preso, porque sabe que
ultrapassou as quatro linhas da Constituição
Para não ser preso. Ele sabe que já
ultrapassou as quatro linhas da Constituição, apenas não tinha deixado claro
que está ciente das possíveis consequências, ainda que as negue. Num encontro
com líderes evangélicos, no último sábado (28), disse o seguinte: "Eu
tenho três alternativas para meu futuro: estar
preso, estar morto ou a vitória. Pode ter certeza que a primeira não
existe".
Na atual conjuntura, não existe mesmo. Blindado pelas leis, pelo cargo, pela Procuradoria-Geral da República e por Arthur Lira, só resta a ele continuar escondido atrás da faixa presidencial para diminuir as chances de responder por seus crimes e de não poder mais usar a máquina do governo para proteger seus filhos, que talvez já estivessem em cana.
Jair Bolsonaro não governa desde que
assumiu a Presidência. No começo por pura incompetência, mas há meses desistiu
de fazer de conta que tem algum compromisso com o país. O mais incrível é o
centrão financiar um governo vergonhoso e usar o país inteiro como fiança,
enquanto a agenda de Jair se resume a passeios de moto, inaugurações e
encontros com governistas. Os focos são a campanha para 2022 e a construção de
sua imagem do mito perseguido.
Ao falar sobre as alternativas, Bolsonaro
apenas manipula o inconsciente da militância. A tecla da "vitória" é
o mantra golpista usado para que sua reeleição seja o único resultado de uma
"eleição limpa". Sempre que apela para a morte, ele ressuscita o
fantasma de Adélio e alimenta a figura de herói, já venerada na Bolsolândia.
A novidade é falar sobre ser
"preso" e se antecipar perante seus seguidores a possíveis
desdobramentos dos inquéritos nos quais é investigado no
STF e no TSE. Há uma lista de crimes pelos quais Bolsonaro já poderia ter sido
removido do cargo, mas naturalizou-se a presença de um criminoso na
Presidência. E ele fará tudo para ser reeleito se não der um golpe antes.
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