segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A lista que sacode a eleição

• Delação do ex-diretor da Petrobras implica ministros, senadores, governadores e deputados, que teriam recebido propina em contratos da estatal. Acusação põe Dilma e Marina na defensiva e dá nova munição a Aécio

- Zero Hora ( RS)

Depois de a morte de Eduardo Campos provocar uma guinada nos rumos da campanha eleitoral, um novo ingrediente passou a dominar os debates dos três principais candidatos à Presidência. Ao delatar ministros, senadores, governadores e deputados na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa colocou em saia justa Marina Silva (PSB) – pelo fato de o nome de Eduardo Campos ter sido mencionado – e, principalmente, a presidente Dilma Rousseff (PT). Aécio Neves (PSDB) ganhou nova munição contra Dilma, já que dos nomes que Costa teria citado como supostos recebedores de propina a maioria integra a base aliada do governo.

De acordo com reportagem da revista Veja desta semana, Costa, preso em março pela Polícia Federal, citou em depoimentos de delação premiada nomes como os dos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA).

Costa, preso desde março, acusa ainda três governadores, em Estados onde a Petrobras tem investimentos: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.

Do Senado, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre deputados, o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), do PP. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, do PP, também é citado.

Ainda de acordo com a revista, Costa admitiu que as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo destinado à base aliada do governo. Quem fazia a ponte com o esquema no PT, segundo Costa, era o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto.

Desde o dia 29, Costa está depondo em regime de delação premiada para tentar obter o perdão judicial. Os depoimentos são todos filmados e tomados em uma sala na custódia da PF em Curitiba.

Querem mudar eleição,diz Gilberto Carvalho
O vazamento "parcial" dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras à Polícia Federal e ao Ministério Público, segundo os quais os desvios de recursos na estatal irrigaram o caixa dos partidos da base aliada, são "um pouco de desespero para mudar o rumo da campanha", disse ontem o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

– Não posso tomar como denúncia contra a base aliada uma boataria de um vazamento, de um procedimento que eu não sei qual é. Só vamos falar sobre esse tema depois que houver o inteiro teor dessas denúncias. Vazamento é uma coisa, em geral dirigida – disse.

Ele acrescentou que, por enquanto, as informações são precárias e frisou que o governo não pode agir em cima de "boataria" e "denúncia que no momento é sem comprovação, sem fundamento":

– Ninguém tem de ficar muito preocupado enquanto não tiver acesso ao inteiro teor dessa dita denúncia.

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