• Dilma Rousseff e Marina Silva temem desgaste eleitoral com citação a aliados
• Oposicionista acha que noticiário dá novo fôlego a CPI, mas teme articulação do governo contra requerimentos
Valdo Cruz, Dimmi Amora e Márcio Falcão – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA / SÃO PAULO - Preocupados com o desgaste diário provocado pela delação do ex-diretor da Petrobras, PT e PSB querem ter acesso aos depoimentos de Paulo Roberto Costa para traçar uma estratégia de reação e evitar danos eleitorais.
Assessores presidenciais disseram à Folha que o governo, por meio da Petrobras, vai solicitar a documentação assim que o processo de delação premiada estiver concluído. O problema, diz um deles, é que não há prazo para que isso ocorra.
O temor do governo é que o processo se arraste até o final do primeiro turno, desgastando a imagem de Dilma. Nesse caso, diz um auxiliar da presidente, a candidata à reeleição pode virar "refém dos vazamentos" de informações, sem condições de reagir preventivamente a eles.
Neste domingo (7), a presidente afirmou que, quando tiver informações detalhadas, tomará "todas as medidas cabíveis", mas negou que seu governo esteja sob suspeita.
"[Uma reportagem] não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado", disse.
A campanha do PT ainda vai avaliar, por meio de pesquisas, o impacto das acusações na campanha de Dilma para definir uma estratégia de reação no programa eleitoral da candidata.
A revista "Veja" revelou os nomes de 12 políticos mencionados em depoimento do ex-diretor da Petrobras como envolvidos em esquema de corrupção na estatal. Não foram divulgados detalhes, documentos nem valores.
Dentre os citados por Costa estão Sérgio Cabral (ex-governador do Rio pelo PMDB), Roseana Sarney (governadora do Maranhão pelo PMDB), João Vaccari (tesoureiro nacional do PT), Henrique Alves (PMDB, presidente da Câmara), Renan Calheiros (PMDB, presidente do Senado), Edison Lobão (PMDB, ministro de Minas e Energia) e Mário Negromonte (PP, ex-ministro das Cidades).
Os senadores Ciro Nogueira (PP) e Romero Jucá (PMDB) e os deputados Cândido Vaccarezza (PT) e João Pizzolatti (PP) também foram relacionados como beneficiários, assim como o ex-candidato à Presidência pelo PSB Eduardo Campos, morto em agosto.
Vice de Marina, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) assumiu a linha de frente da defesa de Campos. Em entrevista ao lado da candidata, foi ele quem falou primeiro das acusações.
"O PSB já requereu acesso ao processo. Ele é sigiloso, mas queremos ler, saber exatamente com detalhes o que foi feito", afirmou. Ele disse que a família de Campos tem sofrido com as suspeitas e que não vai deixar o caso passar sem esclarecimentos.
Em outra frente, os pessebistas vão aproveitar o caso para tentar desqualificar a gestão da estatal no governo do PT e argumentar que Campos sempre apoiou investigações de eventuais ilegalidades na empresa.
O relator da CPI da Petrobras no Congresso, deputado Marco Maia (PT-RS) disse que vai requisitar os depoimentos de Costa. "Será a primeira coisa que vamos fazer. A partir disso, vamos discutir os rumos das investigações."
O deputado Fernando Francischini (SDD-PR) disse que não acredita que o governo permita a aprovação dos requerimentos sobre o compartilhamento das informações do depoimento de Costa. Ainda assim, avalia que as revelações dão novo fôlego ao trabalho da comissão.
"Essa CPI tomou um rumo inesperado. Agora vamos poder investigar os poderosos", disse Francischini.
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