O prefeito Gilberto Kassab comunicou ao PT que o tucano José Serra deve ser candidato à sua sucessão e terá seu apoio, informam Vera Magalhães e Bernardo Mello Franco.
A decisão frustra negociação do PT para aliar-se a Kassab em SP. Segundo o prefeito, Serra faz as últimas consultas antes anunciar sua candidatura
Kassab diz ao PT que Serra deve disputar eleição com seu apoio
Prefeito afirma que tucano faz últimas consultas para se lançar em SP; aviso frustra aliança de PSD com Haddad
Petista diz que Serra "muda completamente" a eleição; partido fará nova investida por desistência do PC do B
Bernardo Mello Franco e Vera Magalhães
SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), comunicou ontem à direção do PT que José Serra (PSDB) deve ser candidato e terá seu apoio na eleição municipal.
O aviso frustra a articulação costurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o prefeito se aliar ao petista Fernando Haddad e indicar o vice de sua chapa.
Kassab informou aos petistas que Serra se curvou às pressões do tucanato e está fazendo as últimas consultas antes de formalizar a sua entrada na disputa.
O prefeito disse ter "dever de lealdade" com o ex-governador, a quem sucedeu na prefeitura no início de 2006. Ele sustentou que o eleitorado o veria como um "traidor" se ele rompesse a aliança.
Diante do novo cenário, o PT decidiu aumentar a pressão para evitar o lançamento de outros candidatos no campo de centro-esquerda. O principal alvo será Netinho de Paula (PC do B), seguido de Paulinho da Força (PDT).
Os petistas não devem investir contra as pré-candidaturas de Gabriel Chalita (PMDB) e Celso Russomanno (PRB) por entender que eles tiram mais votos de Serra que de Haddad. Deles, pedirão a promessa de apoio num segundo turno contra o tucano.
O presidente estadual do PT, Edinho Silva, disse que a sigla não pode "se mover de acordo com o adversário", mas que uma candidatura do ex-governador "muda completamente o quadro".
"A entrada de Serra reunifica o campo mais conservador da política paulistana, o que vai exigir do PT uma outra estratégia", afirmou.
Kassab disse ao PT que a aliança com o tucano na capital paulista não impedirá o PSD de apoiar candidatos petistas em outros municípios da região metropolitana e do interior do Estado.
É o caso de Luiz Marinho, que disputará a reeleição em São Bernardo do Campo, e de João Paulo Cunha, pré-candidato a prefeito de Osasco.
A interlocutores seus, o prefeito manifestou confiança na força política de Serra e disse que, se for mesmo candidato, ele será "o próximo prefeito de São Paulo".
De acordo com Kassab, estaria errada a avaliação de que o alto índice de rejeição do tucano, demonstrado nas últimas pesquisas, impedirá sua vitória num novo confronto com o PT.
Ainda segundo o relato do prefeito, Serra não queria disputar a prefeitura por entender que isso compromete seu projeto presidencial em 2014, mas foi convencido para não ser culpado caso o PSDB ficasse fora do segundo turno.
Isso, para os tucanos, ainda poderia comprometer a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a "sobrevivência" da oposição ao governo Dilma Rousseff (PT).
"Gestão Serra-Kassab"
Em compromisso ontem em Cidade Tiradentes, Kassab declarou que conversa "rotineiramente" com Serra e que sempre nomeou sua gestão de "Serra-Kassab".
"Se ele for candidato, nós apoiaremos. Todos sabem, não há novidade. As nossas conversas são sempre realizadas com muita transparência, com muito espírito público. Estamos muito tranquilos em relação a isso", disse.
"A questão José Serra junto à nossa administração é muito específica, é clara, é pública", acrescentou.
Ele disse que se opor a Serra seria "não apoiar a continuidade de uma administração que é bem apoiada e tem feito muito pela cidade."
"Todos sabem a sua capacidade, do seu espírito público. Foi um extraordinário prefeito, ajudou a transformar a cidade", afirmou Kassab.
Colaborou Evandro Spinelli
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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