No setor elétrico, a opção foi pela truculência. Medida provisória mudou as
regras radicalmente e exigiu adesão dos concessionários antes de definidos os
critérios de remuneração. Nem todos, óbvio, toleraram a pancada. O impasse
deverá forçar a reabertura de prazos e a revisão de termos. Dificilmente a
presidente cumprirá a promessa de baixar em 20% a tarifa de luz em fevereiro.
A frustração com a licitação dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e
Brasília nem o Planalto disfarça. Já no dia seguinte começou a estudar como
reestruturar os consórcios que ganharam o direito de operar esses terminais. O
plano de privatização de Galeão e Confins teve de ser colocado em banho-maria.
O governo reavalia seu modelo de concessão de rodovias. A cada semestre,
ajusta o edital do trem-bala. Do pacote de mobilidade da Copa-2014, nem 10%
saiu do papel.
Não espanta, daí, a baixa expectativa em torno do plano logístico para os
portos, que em princípio seria anunciado amanhã. O mercado antecipa os embaços,
as fragilidades técnicas, as incertezas jurídicas.
Dilma partiu de diagnósticos certos: os gargalos de infraestrutura precisam
ser enfrentados e o quadro de depressão econômica reduz a resistência a mexidas
regulatórias. Mas, não tendo até agora encaixado uma bola, ela corre risco de
ficar carimbada como a presidente que não produz e não deixa produzir.
Não à toa, empresários fazem fila para conversar com o governador Eduardo
Campos (PSB-PE), num ensaio precipitado, antes de perspectivas eleitorais mais
definidas, da busca de "alternativa de poder".
Fonte: Folha de S. Paulo
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