Escracho. Manifestantes protestam na Avenida Paulista
Tatiana Farah
SÃO PAULO - O Levante Popular da Juventude realizou ontem, com movimentos sociais
de esquerda, um escracho público diante do apartamento do presidente da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marín. Um grupo de cerca
de 120 pessoas atravessou a Avenida Paulista, região central da capital
paulista, entoando palavras de ordem até o condomínio de luxo do dirigente, na
Zona Sul. Marín foi acusado pelos manifestantes de ser delator do jornalista
Vladimir Herzog, o Vlado, assassinado em 1975 pela ditadura militar. Marín era,
na época, deputado estadual pela Arena, que apoiava o regime.
Segundo os manifestantes, ele teria denunciado ao Comando de Caça aos
Comunistas o trabalho crítico de Herzog à frente da TV Cultura. O dirigente
também foi lembrado como vice-governador biônico de Paulo Maluf, a quem
substituiu entre 1982 e 1983. Na ocasião, ele teria subido à tribuna da
Assembleia Legislativa de São Paulo para defender a atuação do delegado Sérgio
Paranhos Fleury, do Dops.
- Olha a cabeleira do Zezé. Será que ele é? Dedo-duro! - cantaram os
manifestantes, que pediram que o dirigente os recebesse; segundo os seguranças
do condomínio, Marín estava viajando.
- Marín, aguarde essa juventude nos sorteios da Copa, nos estádios. O dedo
de Herzog estará apontado para você - discursou Aton Fon Filho, do Comitê
Paulista Memória, Verdade e Justiça.
Fonte: O Globo
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