Dona do Banco Rural e dois executivos foram condenados por ajudar a
financiar o esquema organizado pelo PT
Prestes a fazer 70 anos de idade, Ayres Britto deve se aposentar antes da conclusão
da fase final do julgamento
BRASÍLIA - O STF (Supremo Tribunal Federal) deve começar a definir nesta
semana as penas que a banqueira Kátia Rabello e outros dois executivos do Banco
Rural terão que cumprir por seu envolvimento com o mensalão.
O Banco Rural emprestou R$ 32 milhões para o PT e o empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza, e ajudou-os a distribuir o dinheiro do esquema a
partidos políticos sem chamar a atenção das autoridades.
A expectativa é que o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, defenda
penas rigorosas para eles.
Em setembro, um descuido da sua assessoria permitiu que algumas das penas
que ele irá propor fossem divulgadas antes da hora, junto com a publicação de
um dos seus votos, como mostrou a coluna "Painel", da Folha.
Se não tiver mudado de ideia, Barbosa deverá propor nesta semana que Kátia
Rabello e o ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado cumpram dez
anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro.
Marcos Valério e seus ex-sócios receberam entre 5 e 6 anos de prisão como
pena pelo mesmo crime. Kátia e Salgado também foram condenados por gestão
fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Outro integrante do grupo, Vinicius Samarane, que ainda é vice-presidente do
Banco Rural, foi condenado por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro, mas
foi absolvido dos outros dois crimes.
O STF realizará somente duas sessões nesta semana, a última em que o
tribunal será presidido pelo ministro Carlos Ayres Britto, que completa 70 anos
de idade no dia 18 e terá que se aposentar.
No próximo dia 22, o ministro Joaquim Barbosa assumirá a presidência do
tribunal e passará a acumular suas funções com a de relator do processo do
mensalão.
Nos últimos dias, Ayres Britto sugeriu que achava possível concluir o
julgamento antes de sua aposentadoria, mas isso se tornou improvável por causa
da lentidão no cálculo das penas.
Até agora, os ministros do STF só fixaram penas para Marcos Valério e dois
de seus ex-sócios, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. Hoje, eles devem terminar
de calcular as penas do advogado Rogério Tolentino e de uma ex-funcionária das
empresas de Valério, Simone Vasconcelos.
O Supremo condenou 25 pessoas por seu envolvimento com o esquema do
mensalão, incluindo políticos, assessores e empresários.
As penas fixadas para o grupo de Marcos Valério, que foi o principal
operador do esquema organizado pelo PT, já somam 105 anos de prisão e R$ 8,4
milhões em multas.
Fonte: Folha de S. Paulo
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