Amanda Rossi, Daniel Bramatti
O PSB é o partido que mais sobreviveu no poder entre as duas últimas
eleições municipais. Das 310 cidades onde venceu em 2008, a sigla continuará no
comando de 126 delas e apoiará o prefeito eleito em outras 48 a partir de 2013.
O partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, vai se manter no poder
ou estará aliado a ele em 56% das cidades que governa hoje.
No Brasil, apenas 30% das cidades continuarão sob o comando do mesmo partido
eleito em 2008. Em outras 16%, o partido atualmente no poder estará na base de
apoio do futuro prefeito. Ou seja, na maioria absoluta dos municípios (54%), as
eleições de 2012 foram marcadas pela mudança - os vitoriosos foram candidatos
sem vínculo com os eleitos há quatro anos.
Segundo maior sobrevivente, o PT manteve 39% das prefeituras conquistadas em
2008 e integrou coligações dos prefeitos eleitos por outras legendas em mais
10%.
A estratégia de sobrevivência do PSB lhe garantiu também o maior crescimento
nas eleições de 2012. O partido é o que mais aumentou em número de prefeitos e
dobrou seu eleitorado a governar.
No balanço de municípios perdidos e conquistados, o PSB tem saldo positivo.
Perdeu o comando municipal em 136 e venceu em 315 cidades novas - nessas, tirou
do poder prefeitos principalmente do PMDB e do PSDB. Metade das novas
prefeituras está no Nordeste. Já era assim em 2008.
No Sudeste e no Sul, o PSB conseguiu se expandir graças sobretudo a alianças
com candidatos de outras siglas. Foram 700 coligações vitoriosas em cidades
onde não ocupava a prefeitura e onde pode, em tese, pleitear espaço na
administração municipal.
São os casos das duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro.
Em ambas, o PSB participou das coligações vencedoras, de Fernando Haddad (PT) e
de Eduardo Paes (PMDB).
PMDB e PSDB perderam espaço no comando das prefeituras que já governam, mas
conseguiram se manter próximos do poder via coligações. Eles seguraram a
cadeira de prefeito em um terço dos municípios que governam e estão na base de
apoio do prefeito eleito em pouco menos de 15% das demais cidades.
O DEM não sumiu do mapa graças às alianças com outras siglas. Com a maior
queda em número de prefeitos eleitos, o partido só continuará comandando uma de
cada cinco cidades onde venceu em 2008, mas se colocou ao lado de aliados
vencedores em outras 22%. Mesmo assim, o saldo é negativo. O DEM perdeu o controle
de quase 400 cidades, e vai ser coadjuvante em metade disso.
Considerando todas as cidades, não somente aquelas onde foi eleito em 2008,
o DEM está presente em 1906 coligações vencedoras nas eleições 2012. Dessas,
encabeça apenas 15% e será coadjuvante nas 85% restantes.
Partidos não chegam ao terceiro mandato em 90% dos municípios
Fragmentação partidária e desgaste administrativo colaboram para alta taxa
de rotatividade de legendas nas prefeituras
Em Jundiaí, a cerca de 60 quilômetros da capital paulista, o PSDB ganhou
todas as eleições municipais entre 1992 e 2008. Foram 20 anos de continuidade
administrativa, até Pedro Bigardi (PC do B) quebrar a hegemonia tucana na
cidade. Em Concórdia, no oeste catarinense, o PT venceu em 2000, 2004, 2008 e
2012, e caminha para 16 anos seguidos de controle da prefeitura.
Os dois casos são exceção no País. A regra é a alternância de partidos no
poder local. De 2008 para 2012, em apenas 30% das cidades do País a mesma
legenda foi a vitoriosa nas eleições municipais. Levando-se em conta as últimas
três eleições, desde 2004, o índice de continuidade é de apenas 10%.
Uma das razões da alta rotatividade é a fragmentação do quadro partidário.
Com quase três dezenas de siglas disputando o poder, as chances de controle
hegemônico se reduzem.
Prefeitos também costumam dedicar mais energia à sua própria campanha de
reeleição que a de correligionários. E há o fator desgaste, que abre espaço
para que as oposições lancem mão do discurso da necessidade de renovação.
Ruptura. Em Porto Alegre, o PT venceu quatro eleições consecutivas a partir
de 1988 e chegou a ser considerado imbatível. Mas, em 2002, o então prefeito
Tarso Genro renunciou ao cargo para disputar o governo estadual e abriu a
janela de oportunidade que a oposição esperava havia mais de uma década. Em
2004, José Fogaça, então no PPS, venceu no segundo turno com o apoio de todas
as forças antipetistas da cidade.
Desde então, o partido tenta se recuperar, sem sucesso. Em 2012, o PT teve
seu pior desempenho na capital gaúcha nos últimos 24 anos: menos de 10% dos
votos válidos.
Outra ruptura aconteceu neste ano, em Campo Grande (MS), onde o candidato do
PP, Alcides Bernal, pôs um fim à hegemonia do PMDB, que governou a cidade em
uma sequência de cinco mandatos. Em São José dos Campos (SP), foi o PT quem
desalojou o PSDB após 16 anos de continuidade administrativa, com a vitória de
Carlinhos Almeida ainda no primeiro turno.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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