“O ex-presidente
quer se vingar do resultado do julgamento do mensalão. Nunca aceitou os limites
constitucionais. Considera-se vítima, por incrível que pareça, de uma
conspiração organizada por seus adversários. Acha que tribunal é partido
político. Declarou recentemente que as urnas teriam inocentado os
quadrilheiros. Como se urna fosse toga. Nesse papel tem apoio entusiástico do
quarteto petista condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha. Eles continuam escrevendo, dando entrevistas,
participando de festas e eventos públicos, como se nada tivesse acontecido. Ou
melhor, como se tivessem sido absolvidos.
O que os petistas
chamam de resistência não passa de um movimento orquestrado de escárnio da
Justiça. José Dirceu, considerado o chefe da quadrilha por Roberto Gurgel, tem
o desplante de querer polemizar com o ministro Joaquim Barbosa, criticando seu
trabalho. Como se ele e Barbosa estivessem no mesmo patamar: um não fosse
condenado por corrupção ativa (nove vezes) e formação de quadrilha e o outro, o
relator do processo e que vai assumir a presidência da Suprema Corte. Pior é
que a imprensa cede espaço ao condenado como se ele - vejam a inversão de
valores da nossa pobre República - fosse uma espécie de reserva moral da Nação.
Chegou até a propor o financiamento público de campanha. Mas os petistas já não
o tinham adotado?”
Marco Antonio Villa - historiador; é professor do departamento de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).No artigo:Tempos sombrios, tempos petistas, O Estado de S. Paulo, 11/11/2012
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