segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Eduardo Cunha é eleito líder do PMDB

Deputados devem escolher hoje Henrique Eduardo Alves como presidente da Câmara

O PMDB - que na sexta-feira elegeu Renan Calheiros (AL) para a presidência do Senado e hoje deve conquistar o comando da Câmara com Henrique Eduardo Alves (RN) escolheu ontem para liderar sua bancada de deputados federais o polêmico Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro. Mesmo sem apoio do Planalto, ele obteve 46 de 80 votos no segundo turno. Cunha é alvo de dois inquéritos que tramitam no STF um por suspeita de sonegação fiscal e outro por suposto uso de documentos falsos.

Dividido, PMDB elege Eduardo Cunha para liderar bancada

Deputado é alvo de inquéritos no STF e não tem apoio do Planalto

Guilherme Amado e Isabel Braga

O PMDB, que elegeu o alagoano Renan Calheiros presidente do Senado e espera eleger hoje Henrique Eduardo Alves (RN) como presidente da Câmara, escolheu ontem como líder da bancada do partido na Câmara outro polêmico parlamentar: o deputado Eduardo Cunha (RJ). Sem apoio do Palácio do Planalto e de setores importantes de seu partido, Eduardo Cunha - que é investigado em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal por suposto crime de sonegação fiscal, envolvendo um sócio e um ex-dirigente da Refinaria de Manguinhos - não teve uma vitória fácil na disputa pela liderança.

Na primeira votação, Cunha obteve 40 dos 80 votos. Sandro Mabel (GO) obteve 26 votos e Osmar Terra (RS), 13. No segundo turno, Cunha venceu com seis votos de vantagem, mas o resultado expôs o tamanho da divisão: ele obteve 46 votos, contra 32 para Mabel, e duas abstenções. Cunha tentou dissipar desconfianças de que será "um calo no sapato" da presidente Dilma Rousseff:

- Pretendo exercer a vontade da bancada. O PMDB é da base, continuará sendo. Não houve segundo turno, na verdade. Tive maioria no primeiro turno. Isso deu legitimidade à vitória. Faço parte desse governo, defendo. Não vai haver submissão. Haverá alinhamento, lealdade, parceria.

Mabel reforçou o descontentamento do partido:

- Tive o desgaste de ser intitulado candidato do governo. Isso é difícil numa bancada que tem um monte de coisa que não foi atendido.

Henrique Alves, líder até ontem, comandou o processo e optou por anular o voto na primeira votação,sem se comprometer com nenhum candidato, para não prejudicar sua eleição hoje.

Cunha é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal. O de número 3056, relatado pelo ministro Celso de Mello, apura o suposto envolvimento do parlamentar no esquema de sonegação fiscal na Refinaria de Manguinhos. No 2984, ele foi denunciado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pelo suposto uso de documentos falsos na tentativa de se livrar de uma investigação no Tribunal de Contas do Estado sobre indícios de irregularidades durante sua gestão à frente da Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Cehab). Este caso é relatado pelo ministro Gilmar Mendes.

Em relação ao caso de Manguinhos, Cunha afirmou que foi apenas citado:

- Havia um grampo no Rio, eu sou ouvido, e foi enviado a Brasília. Não tenho nada a ver com qualquer tipo de delito. Eles buscam em qual tipo de situação a minha fala está vinculada.

Apoiado pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, Cunha se tornou nos últimos anos o principal articulador de Henrique Alves. Na Câmara, atuar nos bastidores em defesa de cargos federais e liberação dos recursos de emendas dos parlamentares. Em público, ataca bandeiras como a criminalização da homofobia e outras que desagradam a bancada evangélica, muito forte na Câmara.

Sua influência no Rio vem desde os governos de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus. Ele e o casal apoiaram a eleição de Cabral, em 2006. Com o rompimento entre o atual governador e o casal, logo após o pleito, Cunha viu sua influência ser neutralizada. Hoje é apontado como aliado de primeira hora de Cabral. Na reunião da bancada, Cunha criticou o espaço do PMDB no governo, considerado por ele insuficiente.

- Vamos ter emendas impositivas queira ou não queira. Briguei e vou continuar brigando para que o PMDB, que é da base, seja respeitado como tal.

Fonte: O Globo

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