PSB deve evitar oposição sistemática ao governo no Congresso
Ranier Bragon
BRASÍLIA - Apesar do tom crítico que Eduardo Campos e Marina Silva têm adotado em relação ao governo de Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco disse ontem que não pretende transformar a corrida à Presidência num "ringue".
Doze dias depois de selar a aliança com a ex-senadora, Campos teve o quarto encontro com Marina, desta vez em Brasília, na sede do PSB.
"Não vamos fazer do debate do Brasil um ringue. Não é o meu nem o jeito de Marina de fazer política", afirmou Campos após a reunião.
Nos últimos dias, os dois têm elevado o tom das críticas à condução econômica do governo, o que levou Dilma a responder aos ataques.
Na reunião de ontem, feita a portas fechadas, Marina e Campos fizeram discurso com prognósticos sobre o que os esperam daqui em diante.
Segundo relatos, o governador de Pernambuco disse que já estão sendo lançadas "cascas de banana" na tentativa de minar a aliança. Marina teria citado como uma das supostas tentativas de desestabilização a avaliação de que ela estaria tentando "tomar o lugar" de Campos na cabeça de chapa à Presidência.
Marina tem 29% das intenções de voto em seu melhor cenário, segundo o Datafolha, contra 15% do governador. Apesar disso, o PSB diz que o candidato será Campos.
Ainda no encontro, Marina afirmou aos integrantes do PSB e da Rede que a coalizão não pode ser "cúmplice" de aliados de Dilma que pretendem negociar o apoio a ela em troca da ampliação do espaço e de benefícios na Esplanada dos Ministérios.
A orientação é que o PSB não assuma papel de oposição ao governo no Congresso, o que Campos confirmou.
Em entrevista, ele disse que a ordem é que os dois partidos "pulem fora do jogo bruto que muitas vezes aliados fazem com o governo".
Correligionários de Marina também disseram que a polarização entre Dilma e Marina os fortalece.
"Nossa expectativa era a de que a Dilma tentasse polarizar ao máximo com o Aécio [Neves, do PSDB], que é o que a fortalece. Polarizar com a Marina só nos fortalece", afirmou o deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ).
Fonte: Folha de S. Paulo
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