Para tucano, quem for para o segundo turno derrota Dilma, e seu partido tem mais estrutura para governar o país
Paulo Celso Pereira
BRASÍLÍA- O senador Aécio Neves (PSDB-MG) retomou ontem a organização da pré-campanha dos tucanos à Presidência da República com críticas mais agudas à presidente Dilma Rousseff e tentando posicionar a candidatura do PSDB como a mais segura e com melhores quadros para suceder o PT. Uma referência explícita à dupla Marina Sil-va-Eduardo Campos, que, segundo os aliados do PSB e da Rede, deve ultrapassar o tucano nas pesquisas de intenção de votos até o fim do ano. Aécio, no entanto, avalia o cenário como ainda muito favorável ao PSDB.
Críticas à economia
Indagado sobre a pesquisa Datafolha do fim de semana, a primeira após Marina se aliar ao PSB, Aécio festejou, destacando que seu nome cresceu oito pontos enquanto os de Dilma e Campos cresceram sete. E vaticinou que Dilma perderá a eleição no segundo turno:
— O que para mim é relevante nessas pesquisas é que mais de 60% da população brasileira não quer votar na atual presidente da República, renega esse modelo, porque compreende que ele vem fazendo mal ao Brasil. Por isso, estou convencido que o candidato que for para o segundo turno vencerá as eleições, e acho que quem tem as melhores condições é o PSDB, pelos seus quadros, pela sua história e pelas propostas claras.
Em uma tentativa de não permitir que os tucanos percam o posto de principais integrantes da oposição, Aécio afirmou que as críticas recentes de Marina à condução da economia apenas a aproximam dos alertas que o PSDB vem fazendo ao longo dos últimos anos — da fragilidade do tripé econômico, sem cumprimento das metas de inflação e superávit, além do câmbio. O senador insistiu que o PSDB teria mais estrutura partidária para governar o país.
— A nossa história é o nosso passaporte. A agenda que está em curso foi a agenda proposta pelo PSDB lá atrás. O PT nada mais fez que administrar, e mal, a nossa agenda. Agora, é preciso uma nova e ousada agenda. Temos hoje a responsabilidade de governar 50% da população brasileira, mais de 50% do PIB e vamos ter a possibilidade de mostrar que a excelência dos quadros do PSDB e a ousadia que mostramos em outros momentos são o passaporte mais seguro para o Brasil encerrar esse ciclo e iniciar um outro de crescimento, prosperidade e sobretudo avanços sociais — defendeu Aécio, numa referência indireta à falta de estrutura e de experiência do PSB e da Rede para uma disputa nacional.
Ao longo de todo o dia, Aécio reuniu-se com seus aliados mais próximos. Ainda pela manhã, conversou longamente com os presidentes do DEM, senador José Agripino Maia (RN), do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), e com o líder do PP, Francisco Dornelles (RJ). Em seguida, partiu para o encontro com mais de 40 deputados tucanos na Câmara.
Durante a reunião, vários deputados consideraram que a aliança Marina-Campos ajudou o pernambucano durante a semana passada, mas pode atrapalhá-lo nos próximos meses e até mesmo naufragar sua candidatura antes das eleições. Aécio restringiu-se a repetir a avaliação pública que fez de que a união dos dois fortalece o campo oposicionista.
Segundo relatos dos presentes, o senador defendeu que o PSDB chegue ao fim do ano com o esboço de dez grandes propostas para serem apresentadas ao país, com destaque para as áreas econômica e social, e que a legenda retome o debate da ética. Aécio ainda mostrou diversos dados das últimas pesquisas que considera favoráveis à sua candidatura e, apesar de ter elogiado a permanência do ex-governador José Serra (SP) no partido, se apresentou como candidato com disposição:
— Estou aqui para ganhar a eleição. Se não fosse por isso, não seria candidato. Cada vez mais acredito na possibilidade da nossa vitória.
Após uma semana em Nova York, onde fez palestra para investidores estrangeiros, o tucano ampliou ontem suas críticas à condução da economia. Em entrevista, afirmou que o clima de desconfiança é geral e que isso se mostraria nos índices de crescimento econômico do Brasil:
— A grande questão que tem de ser feita: para quê um segundo mandato? Para eternizar os amigos no poder? E o Brasil? O Brasil está ficando no final da fila. Acabo de chegar de um grande evento internacional e as expectativas em relação ao Brasil são as piores. Não há mais confiança em relação à gestão da política econômica brasileira. O governo fracassou.
Fonte: O Globo
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