A ex-senadora Marina Silva deu mais um passo na denúncia de que o governo da presidente Dilma se tomou refém de chantagens de sua base aliada em busca de mais cargos e nomeações fisiológicas. Ela propôs em uma reunião, ontem, do PSB que os partidos independentes se unam no Congresso para impedir que os partidos governistas obstruam votações de assuntos importantes para o país, como maneira de pressionar o governo.
Essa proposta heterodoxa, que foi acolhida pelo plenário socialista, seria uma maneira de mostrar, na prática, o que é realmente a "nova maneira de fazer política" que está sendo proposta pela coligação PSB/Rede.
Ao mesmo tempo, Marina dá uma demonstração de que seu grupo político, aliado ao PSB, não pretende se aproveitar das dificuldades do governo para fragilizar ainda mais a presidente Dilma no Congresso, mesmo que a campanha eleitoral já esteja em pleno andamento.
A expressão "chantagem" com que Marina classificou a pressão dos partidos da base, não foi endossada pelo outro candidato da oposição, o senador Aecio Neves, do PSDB. Mas Aécio concordou com o conceito da crítica: "A presidente se submeteu, sim, às piores práticas aqui no Congresso"
O provável candidato do PSDB abordou outro tema que tem sido frequente em suas críticas, e que é também alvo do governador de Pernambuco Eduardo Campos: o aparelhamento da máquina pública, que chamou de "vergonhoso" não só pelo número "acintoso" de ministérios, mas pela qualificação de seu pessoal, o que resulta, segundo análise de Aécio Neves, num "baixo crescimento e ineficiência gerencial enorme" Ontem mesmo o PMDB, o mais importante partido da coligação com o PT, explicitou os desencontros com o partido da presidente Dilma. Em comunicado oficial, avisou que apoiará na eleição presidencial Eduardo Campos contra Dilma em Pernambuco e no Piauí. Além disso, em nove estados o PMDB será adversário do PT nas eleições para ps governos estaduais.
No Rio de Janeiro e na Bahia, é possível que o PMDB apoie o candidato do PSDB, Aécio Neves, em retaliação às seções locais do PT.
Uma interpretação equivocada do papel dos partidos políticos no apoio a um governo levou a que a corrupção e o fisiologismo se tomassem elementos fundamentais da chamada "governabilidade" O nosso "presidencialismo de coalizão" nascido de uma Constituição feita para ser parlamentarista mas que vigora no presidencialismo, cria essas distorções.
O caso do PSB é mais paradoxal, pois é um desses partidos historicamente aliados ao PT que sofrem para ganhar um espaço maior no governo, sendo pragmaticamente trocados quando os interesses de curto
Os pontos chave
1. Marina propôs em uma reunião ontem do PSB que os partidos independentes se unam no Congresso para impedir que os partidos governistas obstruam votações de assuntos importantes para o país, como maneira de pressionar o governo.
2. O nosso "presidencialismo de coalizão", nascido de uma Constituição feita para ser parlamentarista mas que vigora no presidencialismo, cria distorções que favorecem o fisiologismo nas alianças partidárias
3. Para quebrar a centralização de decisões, os partidos da base têm que utilizar o que Marina chama de "chantagem" para ocupar espaços no governo Dilma
Fonte: O Globo
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