• Ex-presidente ressaltou que o escândalo que acontece na estatal não 'é uma senhora idosa', como disse a presidente Dilma
O Globo
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na noite desta quinta-feira, em entrevista ao programa "Diálogos", da Globonews, que o atual escândalo de corrupção na Petrobras 'é uma mocinha de muito poucos anos, quase um bebê'. Na segunda-feira, em entrevista coletiva, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que a corrupção no Brasil 'é uma senhora bastante idosa', ao rebater as acusações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que o mal está no Executivo, e não no Legislativo.
O ex-presidente afirmou que a organização criada na estatal é algo novo, dos governos petistas.
— Ouvi a presidente dizer que a corrupção 'é uma senhora idosa'. Mas o que é isso? É a conduta errada de pessoas. Nós não estamos discutindo no Brasil que A, B ou C fizeram alguma corrupção. Nós estamos dizendo que uma organização que junto com funcionários nomeados pelo governo, da Petrobras , sustentação por parte de governo, por parte de partidos, ligação com empresas para formar um caixa para ser usado na política, isso é fato novo, digamos. Tem algo disso no mensalão — disse FH.
— Getúlio (Vargas) nunca organizou um sistema para se manter no poder às custas dos cofres públicos, que é o que está acontecendo hoje. Você acha que esse sistema pode ser organizado sem os partidos? Você acha que os governos não percebem? Eu não estou acusando, porque eu não tenho nenhuma prova, mas não posso imaginar que todo mundo seja ingênuo. Em Brasília, todo mundo falava do que acontecia com a Petrobras. (esse sistema) isso é fato novo. Não é a corrupção da senhora antiga. É uma corrupção de uma mocinha de muito poucos anos, um bebê, quase — acrescentou.
O tucano disse que a atual crise do governo é econômica, de condução política, social e moral.
— Essa (crise) de hoje é um conglomerado de crises.
Segundo ele, o grande problema do governo Dilma é de credibilidade.
— Não é questão de popularidade, é de credibilidade. No meu governo, eu perdi a popularidade mas não a credibilidade. Fui até o fim com maioria no Congresso, apoio dos setores de investimento e recuperei.
Segundo FH, o Brasil vive um momento de cooptação política, e não de coalizão. Defendendo a reforma política, o tucano acrescentou que hoje o país tem poucos partidos de fato no Congresso.
— Nós não vivemos mais no regime de coalizão, e sim o de cooptação. Na coalizão, você junta dois ou três partidos que são diferentes, mas tem um programa, uma sustentação, legitimação. A partir de certo momento, isso foi desaparecendo. Começou com a crise no mensalão. Em vez do presidente Lula fazer aliança com o PMDB, fez aliança dispersa que não deu muito certo. Agora, o que está acontecendo no Congresso? Vinte e poucos partidos no Congresso, 30 no Brasil, 39 ministérios. É receita pro fracasso. E não são partidos. Alguns são, poucos, dois, três, quatro. O resto são aglomerados de pessoas que se juntam para ter um pedaço do orçamento.
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