Um grupo de cerca de 50 pessoas ocupou ontem por mais de três horas o plenário da Câmara para pedir uma intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional. Após a invasão, leram um manifesto em que acusam o governo de estar "implantando o comunismo no Brasil".
Militantes invadem Câmara para pedir intervenção militar
Por Fabio Murakawa e Raphael Di Cunto – Valor Econômico
BRASÍLIA - Um grupo de cerca de 50 manifestantes invadiu ontem o plenário da Câmara dos Deputados para exigir a intervenção militar no Brasil e o fechamento do Congresso Nacional. Os manifestantes permaneceram durante mais de três horas no local, provocando o cancelamento de uma sessão conjunta do Congresso, agendada para ontem.
Na ação, os manifestantes quebraram uma porta de vidro para forçar a entrada no plenário, deixando um funcionário ferido. A informação não confirmada de que um dos invasores estaria armado levou a segurança da Câmara a esvaziar o local, assim como o Salão Verde, uma imensa área contígua ao plenário.
Já sobre a Mesa Diretora, eles leram um manifesto exigindo o "fim do comunismo", que estaria sendo implementado no Brasil pelos parlamentares, do "ensino ideológico" e dos "supersalários" pagos a funcionários públicos.
"Esse governo está implantando o comunismo no Brasil e o Congresso não está fiscalizando", disse um dos manifestantes.
Os manifestantes exigiam a presença de um general para deixar o plenário, o que não foi atendido. Em vez disso, adentrou o local um grupo de policiais legislativos portando aparatos para confronto: escudos, capacetes e cassetetes. Naquele momento, estava sendo cogitado o uso de força, inclusive com gás de pimenta e lacrimogêneo, para expulsá-los dali.
Após negociações com deputados e funcionários, os manifestantes começaram a deixar o plenário em grupos de dois ou três, sempre escoltados por seguranças da Casa. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que pediria ao Departamento de Polícia Legislativa (Depol) que conduzissem todos à Polícia Federal. Maia afirmou ainda que trabalharia para que os invasores fossem todos indiciados por crimes como depredação do patrimônio público.
"A partir do momento que pessoas resolveram invadir o Parlamento, resolveram quebrar as dependências do Parlamento, entrar no plenário sem autorização, subiram na mesa da diretoria da Câmara, a ordem que eu dei ao diretor do Depol é que todos saiam daqui presos e que sejam levados à Polícia Federal, porque não vamos aceitar esse tipo de abuso, de agressão", disse Maia. "Não há negociação."
Maia anunciou, então, o cancelamento da sessão conjunta do Congresso Nacional, informada momentos antes pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Ao deixar o plenário, sob a escolta de seguranças, os manifestantes insultavam deputados que davam entrevistas aos jornalistas à saída do Salão Verde, dedicando-lhes adjetivos como "ladrão" e "corrupto". Uma manifestante disse ao sair que a ação da Polícia Legislativa "foi tranquila, mas nós viemos aqui pelo povo".
Os manifestantes são de grupos favoráveis à intervenção militar. Alguns afirmaram não pertencer a nenhum grupo específico e que se mobilizaram para invadir o plenário por meio das redes sociais na internet.
"Pelo comportamento deles, foi uma ação coordenada", disse o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), antes de afirmar que os manifestantes seriam retirados "com a menor violência possível". O clima ainda era tenso na Câmara. A invasão terminou por volta das 18h30.
Congresso Nacional. Após a invasão, leram um manifesto em que acusam o governo de estar "implantando o comunismo no Brasil".
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