segunda-feira, 28 de junho de 2010

DEM se reúne com Serra para dar ultimato

DEU EM O GLOBO

Em encontro, hoje, partido dirá que, se não puder ter vice, aliança com tucano pode ser rejeitada em convenção

Ilimar Franco, Gerson Camarotti e Chico de Gois

BRASÍLIA. Com pouco tempo, uma vez que a convenção do partido é nesta quarta-feira, o DEM vai se reunir hoje com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, para dar um ultimato: ou o PSDB desiste da chapa puro-sangue ou haverá o risco de a legenda ficar fora da coligação. O DEM dirá que, se não puder indicar o vice, haverá ameaça de a aliança nacional em torno do tucano ser rejeitada na convenção. O partido tem um trunfo: um tempo de 2 minutos e 9 segundos na TV. Atrás de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção de votos, o ex-governador de São Paulo aposta na propaganda em rádio e TV para tentar reverter a situação.

Na última sexta, o PSDB decidiu indicar o senador Álvaro Dias (PR) para vice, o que causou rebelião no DEM. O assunto foi discutido ontem, no Rio, pela cúpula do partido, em reunião na casa do presidente nacional da sigla, Rodrigo Maia. Estavam presentes, além dele e do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen; o líder da legenda na Câmara, Paulo Bornhausen; o líder no Senado, José Agripino; o deputado José Carlos Aleluia; a ex-vice-governadora do Pará Valéria Pires - como Aleluia, cotada para vice de Serra - e os deputados Antonio Carlos Magalhães Neto e Carlos Melles.

No encontro, duas teses foram discutidas. Um grupo defendia o rompimento da aliança, caso não tenham a vice. Outro, mais moderado, preferia tentar conversa com Serra para lhe dar chance de mudar de ideia. Prevaleceu essa segunda visão.

O DEM ficou indignado com a possibilidade de o PSDB fazer concessões nos estados para acalmar o partido e fazê-lo desistir da vaga de vice.

- As questões estaduais e a questão nacional não se misturam. Até porque cedemos em 15 estados; eles, só em quatro - disse Rodrigo Maia, para quem o partido está unido na decisão.

José Carlos Aleluia resumiu o sentimento do partido:

- Esta solução é inaceitável. Queremos buscar um entendimento. Mas não com essa preliminar de chapa puro-sangue - afirmou. - Não há quem segure uma convenção do DEM para aprovar isso. O PSDB errou. Eles correm o risco de perder uma fortuna no tempo de televisão. Se fizermos uma convenção com esses termos, será uma guerra.

Na avaliação de Cesar Maia, segundo relatos, a eleição foi perdida no momento em que o candidato escolhido foi Serra, e não o ex-governador Aécio Neves. Para os demistas, não se ganha a eleição presidencial pelo Paraná, numa alusão ao estado do senador Álvaro Dias. Ex-líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS) tem mesma opinião.

Dias disse que ontem conversou, por telefone, com Rodrigo Maia e que teria ouvido dele que o veto a seu nome não era questão pessoal, mas programática:

- É do jogo democrático buscar espaço. Ninguém desiste antes do tempo. Estou convicto de que a aliança vai chegar a bom termo.

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