
Digo isso porque, nunca antes vi na história desse país, nesta campanha para presidente, principalmente nesse 2º turno, tamanha desfaçatez, falta de escrúpulos e empulhação, principalmente exercidos pelo Presidente da República, contumaz transgressor da legislação eleitoral e utilizador da máquina de governo e da projeção propiciada pelo cargo para propagandear sua candidata e detratar adversários.
O que se tenta fazer é a exacerbação da máxima: o que vale é a versão e não o fato. Senão vejamos:
O dossiê, com os dados obtidos com a quebra do sigilo fiscal de familiares e correligionários de José Serra, surge em reunião entre o jornalista organizador do papelório, arapongas e pessoas vinculadas à campanha de Dilma e somente depois disso vaza para a imprensa, o autor da falcatrua, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. fica hospedado em Brasília em apartamento custeado pelo PT, a empresa de comunicação envolvida no caso trabalha contratada oficialmente pela campanha de Dilma.
A polícia rastreia o processo de compra e a cadeia de comando para a obtenção dos documentos ilegais, chegando até a Receita Federal de Mauá, comprovando que o mando e a autoria são do jornalista. Fica claro quem são os participantes do negócio ilícito em todas as suas etapas, tendo o tal jornalista como mandante e organizador. Daí, rastreados e nomeados os autores do ato criminoso, o jornalista Amaury, coordenador do esquema, em depoimento à Polícia Federal diz que fez o que fez para proteger o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, de seu correligionário José Serra e que alguém do PT roubou as dados de seu computador.
Só faltou dizer que quem entregou o pacote com a papelada do dossiê foi o Coelhinho da Páscoa e que foi Papai Noel quem roubou os dados do computador, descendo pela chaminé do apartamento, (aquele mesmo pago pelo PT).
O pior é ver o Presidente da República no papel único de cabo eleitoral, encomendar à Polícia Federal a produção de uma nota oficial edulcorada, enviesada e no mínimo estranha, para depois, secundado pela sua candidata e pelo presidente do PT e outras figuras de menor importância, reverberar e martelar esse conto da carochinha para confundir a opinião pública, tentando turvar a compreensão da realidade pelos eleitores.
No episódio da agressão ao candidato José Serra na caminhada no Rio de Janeiro, o mesmo "modus operandi" é usado. O presidente, aproveitando-se de ato oficial, nega as imagens, ofende a vítima, detrata o médico e assim estimula a violência em campanha e o vale tudo.
Não são os fatos em si que me impressionam, mas o que demonstram: não há mais limites para o que possam fazer para se manter no poder, mandaram às favas os escrúpulos, e já faz tempo.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo.
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