DEU EM O GLOBO
Agressividade de Lula uniu aliados, mas eles admitem que também cometeram erros
Gilberto Scofield Jr.
Agressividade de Lula uniu aliados, mas eles admitem que também cometeram erros
Gilberto Scofield Jr.
SÃO PAULO. Abatidos por uma espécie de torpor diante da maneira agressiva com que um bem avaliado presidente Lula se jogou na defesa de sua candidata Dilma Rousseff no primeiro turno, os tucanos (e seus aliados) parecem ter saído do ninho com ânimo renovado na segunda etapa da corrida presidencial em torno da campanha de José Serra.
Nas duas primeiras semanas de outubro, os comitês do PSDB espalhados em cinco andares do edifício Joelma, no Centro de São Paulo, ganharam movimento e excitação que não se viam no primeiro turno, quando as pesquisas pareciam indicar vitória fácil de Dilma Rousseff.
O Joelma ganhou vida contava o ex-deputado Márcio Fortes, um dos arrecadadores de fundos da campanha tucana e constante interlocutor de Serra.
A campanha deixou de ser uma luta solitária do Serra para ganhar um tom mais partidário, multipartidário até dizia o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), amigo e aliado de longa data.
Até então isolados do centro de comando da campanha de Serra, tucanos graduados e vitoriosos como Geraldo Alckmin (governador eleito de SP), Aécio Neves (senador eleito de MG), Beto Richa (governador eleito do PR) e Aloysio Nunes Ferreira (senador eleito por SP), e aliados como Itamar Franco, senador eleito pelo PPS em Minas Gerais, se uniram ao presidente do PSDB, Sérgio Guerra, na estratégia de conquistar os votos de indecisos em São Paulo, Minas e no Sul do país, para compensar a vantagem petista no Norte e no Nordeste.
Querem nivelar por baixo
Animados, os tucanos ampliaram a ação por tours pelo Brasil, enquanto o próprio Serra intensificava suas viagens pelo país a bordo do Learjet 60 do exdeputado federal Ronaldo Cezar Coelho. Ao fim da jornada, na quinta-feira, em Minas, foram visitadas 120 cidades em 23 estados (e Distrito Federal).
Me perguntam se eu estou cansado nesta reta final de campanha afirmou Serra na terçafeira, num comício para 3 mil pessoas na gaúcha Caxias do Sul, num palco repleto de candidatos que preferiram a neutralidade no primeiro turno da disputa, mas que vociferavam contra o governo petista, como o ex-governador Germano Rigotto e o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça, ambos do PMDB.
Eu estou é energizado, porque nunca os valores morais foram tão questionados e aviltados como agora, nesta campanha.
Eles querem nivelar por baixo e dizer que todos são iguais na política. Não são, não.
Nós somos diferentes.
Uma olhada no semblante exausto dos assessores que efetivamente partilharam as horas de campanha da última semana com Serra dava bem a ideia do nível de estresse na equipe de um candidato notívago e de hábitos alimentares frugais, capaz de mandar mensagens pelo Twitter às 4h da madrugada, dormir diariamente entre quatro e cinco horas e se sustentar à base de sanduíche de peito de peru, queijo branco e pão integral, além de frutas muitas frutas comidos de preferência nos deslocamentos do jato de campanha.
Ele come muito pouco porque se educou assim, mas nós acabamos comendo muito toda vez que temos um tempinho porque nunca sabemos quando vamos ter tempo para comer de novo. O resultado é que a gente está enorme diz um assessor.
A rotina ganhou um tom mais enlouquecido na última semana, admitem os assessores mais chegados, por conta de cerca de 15 viagens entre cidades do Rio Grande do Sul, Minas, São Paulo e Pernambuco . Junto do candidato a bordo do jatinho, em cima dos palanques e no tumulto de passeatas e comícios estavam os escudeiros responsáveis por sua segurança pessoal os capitães da PM de São Paulo Hideo e Vinicius , a assessora de imprensa, Paula Santamaria, e o fotógrafo oficial Geraldo de Paula. No celular, o tempo todo e várias vezes ao dia, conversas com o publicitário Luiz Gonzalez; o coordenador de comunicação, Márcio Aith; o coordenador político, Sérgio Guerra; e a responsável pela agenda, Marisa Serrano.
O estado de espírito se manteve em alta mesmo nas duas últimas semanas, quando as pesquisas mostraram uma constância nos votos e a vantagem de Dilma Rousseff diz o deputado Jutahy Magalhães, que admite que nem todos os tucanos mativeram o mesmo alto astral. Porque as pesquisas acabaram muito desacreditadas no primeiro turno, então a esperança e o ânimo de mantiveram.
Calejado de debates políticos e entrevista para a mídia, José Serra não chegou a criar um aparato especial de preparação para os enfrentamentos na TV.
Na madrugada de sexta-feira, quando chegou ao hotel para o debate na Rede Globo, no Rio, por exemplo, decidiu dormir brevemente e passou o dia lendo relatórios com informações sobre o país consideradas fundamentais para o debate.
Até que, à tarde, juntou-se a Luiz Gonzalez e Márcio Aith para arrematar pontos finais de uma estratégia que pretendia deixar claro que Serra, diferentemente de Dilma, tem experiência e traquejo político para administrar melhor os problemas do país.
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