Michel Temer está preocupado com o destino de seu velho amigo Wagner Rossi. O vice-presidente solicitou a Dilma Rousseff um reforço na blindagem do ministro da Agricultura, uma das três pastas sob suspeita de gatunagem. A presidente se movimentou ao longo da semana para atender aos apelos do chefe do PMDB.
Chegou ao conhecimento do partido de Temer que novas denúncias devem atingir seu compadre Rossi. Elas viriam se somar à descoberta do lobista que tinha livre trânsito pelas dependências do ministério, a cuja atuação estão ligadas supostas propinas a funcionários da Agricultura em troca da assinatura de contratos -escândalo que provocou a queda do número 2 de Rossi.
Além disso, o ministro é acusado de transformar a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que presidiu de 2007 a 2010, numa frondosa árvore de empregos para parentes e apaniguados do PMDB.
Mas Temer não se limitou a recorrer a Dilma. Usou a cerimônia de refiliação de Luiz Antônio Fleury Filho ao PMDB, nesta semana, para fazer um grande ato de desagravo a Rossi. O ex-governador Fleury é o Celso Pitta de Orestes Quércia. Seu retorno ao partido, 15 anos depois, é mais um capítulo da "temerização" do PMDB paulista. Como Temer, Rossi também foi secretário de Fleury -e dos Transportes! Falam todos a mesma língua.
Foi por indicação de Temer que Rossi dirigiu entre 1999 e 2000 a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), no porto de Santos. Estão juntos na estrada (nas aduanas, em campo) há muitos anos.
O embaraço político que essa turma do PMDB pode causar a Dilma é muito maior do que o PR melindrado com suas chineladas seria capaz de fazer. São o coração da aliança e os interesses do principal sócio do poder que estão em jogo.
Por outro lado, se fechar os olhos para as pragas do campo, a presidente estará comprometendo o pouco que plantou em matéria de saneamento básico da política.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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