• Por contrato firmado em 2010, ao valor de R$ 900 mil, ex-ministro da Casa Civil “divulgou” Camargo Corrêa
Fausto Macedo, Ricardo Chapola e Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo
A Polícia Federal apreendeu cópia de um documento que liga o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) com a empreiteira Camargo Corrêa, apontada como integrante do cartel que assumiu o controle dos maiores contratos das principais diretorias da Petrobrás. Trata-se de um contrato “de prestação de serviços” datado de 22 de abril de 2010, firmado pela construtora com a JD Assessoria e Consultoria, de José Dirceu, no valor global de R$ 900 mil. Na época, o ex-ministro já era réu no processo do mensalão.
O documento foi encontrado dia 14 de novembro de 2014 na sede da Camargo Corrêa, em São Paulo, durante buscas realizadas por ordem da Justiça Federal no âmbito da Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato. Os investigadores constataram que na mesma ocasião do negócio entre o ex-ministro e a Camargo Corrêa, a Petrobrás fechou dois contratos com a empreiteira no valor global de R$ 4,5 bilhões.
Os investigadores ficaram intrigados com a natureza do serviço prestado pelo ex-ministro, definido no contrato de seis páginas como “análise dos aspectos sociológicos e políticos do Brasil”. Caberia à JD “prestar assessoria na integração dos países da América do Sul, inclusive e principalmente aqueles países integrantes do Mercosul”.
Por parcelas de R$ 75 mil mensais fixos – contrato de 18 cláusulas, duração de um ano e “mediante apresentação de nota fiscal” -, Dirceu também assumiu o compromisso de dar “divulgação do nome da contratante dentro da comunidade internacional e nacional em eventos relacionados com o objeto social da contratante”.
Pela Camargo Corrêa assinaram o instrumento Celso Ferreira de Oliveira, então diretor presidente, e Dalton dos Santos Avancini, diretor – este preso pela Juízo Final por suspeita de envolvimento com o cartel da Petrobrás.
Dirceu é apontado como padrinho político do ex-diretor de Serviços da Petrobrás, Renato Duque, preso pela Lava Jato, mas solto por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Por meio de sua assessoria, a JD informou que “prestou consultoria à Camargo Corrêa, entre 2010 e 2011, para assessorar a companhia em sua atuação internacional”. A JD esclareceu que a consultoria prestada “não guarda qualquer relação com os contratos assinados entre a Camargo Corrêa e a Petrobrás”.
O ex-ministro, por sua assessoria, reiterou que “não foi o responsável pela indicação de Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobrás”.
O criminalista Celso Vilardi, constituído pela Camargo Corrêa, disse que não iria se manifestar sobre documentos aos quais não teve acesso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário