- Folha de S. Paulo
A definição de uma chapa puro-sangue para disputar as eleições presidenciais de outubro revela um problema que o PSDB enfrenta há tempos: o gradual processo de definhamento de seu aliado de todas as horas, o DEM.
O partido que garantiu o vice da chapa dos tucanos desde a vitória de Fernando Henrique Cardoso em 1994 --exceto na corrida de 2002-- perdeu tanta musculatura que não conseguiu apresentar agora um nome sequer para encarar ao lado de Aécio Neves a disputa que começa oficialmente neste domingo (6).
O esfacelamento do extinto PFL de ACM, Jorge Bornhausen e companhia pode ser descrito em números.
Na eleição de 1998, quando FHC e Marco Maciel garantiram mais quatro anos no Palácio do Planalto, o partido conseguiu eleger uma bancada de 105 deputados, superando até mesmo os tucanos, que lideravam a chapa presidencial.
A partir daí, o partido foi se enfraquecendo paulatinamente.
Fez 84 deputados em 2002, garantiu 65 cadeiras na Câmara na eleição seguinte e saiu das urnas em 2010 com apenas 43 eleitos.
Atualmente, essa bancada está reduzida a 28 nomes, resultado das defecções de vários congressistas para legendas como o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
Concorde-se ou não com as bandeiras defendidas pela legenda, o esfarelamento do DEM não representa apenas uma perda para o partido. É um problema para a oposição, elemento fundamental da cena política.
Assim como na economia, concorrência faz bem a todos os envolvidos: força o poderoso da vez a não vacilar e deixa para o "consumidor" uma opção de mudança, caso ele não esteja mais satisfeito com o que está sendo oferecido pelo líder das prateleiras.
Se Dilma for reeleita, possivelmente caberá ao PSDB fazer esse papel sozinho, até porque não se sabe que tipo de oposição o PSB fará, se é que fará, se também for derrotado.
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