Os três palanques eleitorais mais significativos fechados no prazo-limite para alianças foram os de São Paulo, Ceará e Minas. No primeiro, a candidatura de Paulo Skaf, do PMDB, foi beneficiada pela coligação com o PSD de Gilberto Kassab e o deslocamento em seu favor do PP de Paulo Maluf. Assim, ela reafirmou-se como contraponto viável à reeleição do tucano Geraldo Alckmin, em disputa que se tornou mais provável num 2º turno. Em detrimento da alternativa que o petista Alexandre buscava representar.
Já no campo governista, o avanço de Skaf foi compensado pelo acerto entre Alckmin e José Serra, em torno da candidatura deste no Senado. Que parecia descartada e que fortalece a chapa majoritária do PSDB. E cria um problema para a de Skaf: uma desistência, formal ou na prática, por parte de Kassab de disputa com Serra da vaga de senador, dado o estreito relacionamento político e pessoal existente entre os dois.
Tal disputa porá em xeque esse relacionamento, com o efeito de uma votação muito pequena para o candidato do PSD, mas mesmo assim gerando uma divisão do eleitorado antipetista com potencial de favorecer a reeleição de Eduardo Suplicy. Quanto às implicações das mudanças no quadro nacional, a fragilidade da candidatura de Padilha vai convertendo a de Skaf no palanque de que a candidata à reeleição poderá dis-por em São Paulo. O que o presidente licenciado da Fiesp não desejava com o objetivo, explicitado, de distanciar-se do desgaste do petismo.
Por outro lado, para Aécio Neves, a candidatura de Serra ao Senado, por ele defendida, de par com a escolha de Aloysio Nunes como companheiro de chapa, propiciam reforço da unidade do PSDB e de sua candidatura no maior colégio eleitoral do país.
Favorecida pela manutenção de ampla superioridade de tempo de propaganda “gratuita” na campanha do 1º turno (com a perda do PTB estancada pela intervenção direta de Lula para segurar o PSD e o PR), a campanha de Dilma poderá ter perdas significativas, em relação à de 2010, nos principais estados do Nordeste – Bahia, Pernambuco e Ceará.
Na Bahia, pela relação especial dela com o governador Jacques Wagner, que empurrou o PMDB de Geddel Vieira para uma composição com o PSDB, o DEM, o PTB e o PPS em torno das candidaturas de Aécio a presidente, de Paulo Souto a governador e do próprio Geddel para o Senado.
Em Pernambuco, como resultado do choque da chefe do governo com Eduardo Campos, este rompeu com o Palácio do Planalto e tornou-se candidato anti-Dilma, que deverá arrastar a maioria do eleitorado estadual.
A terceira intervenção da presidente no encaminhamento de alianças do Nordeste processou-se no Ceará, com base em sua aposta no grupo Cid/Ciro Gomes. Que terminou provocando o deslocamento do candidato a governador do PMDB, Eunício Oliveira, para uma composição – formalizada sábado último – com o tucano Tasso Jereissati e a montagem de expressivo palanque para Aécio.
Tais perdas no Nordeste (agravadas pelos bons palanques de Aécio e Campos em outros estados da região) precisam ser compensadas por votação bem maior do que a recebida por Dilma em 2010 nos estados do Centro-Sul. Entre os quais o de Minas. Onde, igualmente nos últimos dias, foi revertido em sério desgaste sofrido pela campanha de Aécio: a decisão da cúpula do PSB, forçada pela esquerda da legenda, do lançamento de candidatura a governador contra o PSDB, foi esvaziada pela postura da principal liderança do partido, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, acompanhado dos demais prefeitos e deputados estaduais pessebistas, de engajamento com a candidatura presidencial de Aécio e a de Pimenta da Veiga, para governador.
A Copa e a economia
Passado o forte risco de desclassificação do time do Brasil contra o Chile no último sábado, a expectativa de conquista do hexa pela nossa seleção segue como tema maior da mídia, envolvida em grandes contratos comerciais, que dis-tanciam o grosso da população de preocupações políticas – ate que ocorra tal conquista, ou sem ela, neste caso com ampla frustração social.
Enquanto isso, vão piorando os indicadores e as projeções sobre o comportamento da economia este ano. Cenário resumido em editorial da Folha de S. Paulo, de domingo, com o título “Fim da fantasia” e o destaque: “Estagnação econômica solapa últimas ilusões da administração Dilma Rousseff e governo se apega a discurso de progresso social”. E o Pibinho à vista ganhou mais um indicador bastante negativo, divulgado hoje cedo pelo IBGE. A produção industrial recuou em maio, pelo terceiro mês seguido, 0,6% na comparação com abril e 3,2% quando comparada à do mesmo período de 2013. De janeiro a maio deste ano o índice acumula queda de 1,6%. Com o efeito de uma perda, só em maio, de quase 30 mil empregos no setor industrial.
Jarbas de Holanda é jornalista
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