- O Estado de S. Paulo
Na história humana a verdade é associada à luz, mas no governo Dilma, considerando o que ocultou na campanha da reeleição, se fez enxergar na escuridão.
Os sucessivos apagões que mergulham o País na escuridão clareiam a gestão populista que levou à crise energética, e produzem um racionamento em forma de campanha tardia pela racionalização do consumo.
Há mais de um século, o juiz Louis Brandeis, da Suprema Corte americana, cunhava a máxima de que o melhor desinfetante é o sol, ao cobrar transparência ao sistema financeiro que para ele anistiava os capitalistas causadores de crises e penalizava a classe média. A causa aqui se inverte, mas a receita a aplicar é a mesma, pois a população começa a pagar a conta de uma gestão que brigou com as regras capitalistas, perdeu a batalha e agora emprega um discurso de autoanistia, terceirizando a culpa para o contexto internacional.
É o resultado de erros que vão desde um governo permanentemente em campanha, em que racionalização do consumo é palavrão, à teimosia em um modelo econômico exatamente estimulador do consumo.
Hoje emerge a realidade de inadimplência alta, crédito mais caro, custo da luz dobrado para compensar a redução eleitoreira, restrições de direitos trabalhistas e financiamento estudantil, gasolina e impostos mais altos - uma crise energética sem saída em curto prazo devido ao atraso no cronograma de obras das hidrelétricas e de linhas de transmissão.
Os especialistas advertiram seguidamente, pelo menos desde 2012, para a necessidade de promover uma reeducação de consumo. Mas o governo, sempre em campanha, reduziu a conta estimulando o consumo, estourou os cofres das distribuidoras e agora faz o corte seletivo que não gera consumo consciente.
"O corte já era esperado com a queda do nível dos reservatórios e consumo maior que a oferta. Tinha de ser feita uma política de racionalização, com campanha de eficiência energética e de esclarecimento", pontua a consultora para o setor, Elena Landau.
A contabilidade criativa derrete como cera ao calor da erupção das contas públicas, cujo deterioramento foi sempre negado. O modelo que a presidente Dilma adotou em substituição ao que considerava "rudimentar", exige agora antibiótico de largo espectro para revertê-lo.
O atraso nas obras e as dificuldades econômicas não apontam saída em curto prazo, o que agrava a situação de um governo acuado e pobre em recursos técnicos, humanos e materiais - ao qual, portanto, falta também luz para gerir a crise.
Nenhum comentário:
Postar um comentário