domingo, 21 de agosto de 2016

Prata da casa – Editorial / Folha de S. Paulo

Após mais de duas semanas de competições, recordes e medalhas, a Olimpíada do Rio termina neste domingo (21) sem fazer feio no que se refere à organização —salvo imprevistos de última hora. Previsões catastrofistas não se confirmaram, e a capital fluminense obteve saldo positivo como sede da maior festa do esporte mundial.

Os temores quanto ao sucesso do megaevento começaram a ser dissipados já na cerimônia de abertura. Tendo como destaques a diversidade social, cultural e ambiental do Brasil, a apresentação recebeu justificados elogios dentro e fora do país.

O aparato de segurança montado, com mais de 50 mil homens, entre policiais e militares, se mostrou eficaz. Não se registraram incidentes dignos de nota —à parte, talvez, o lamentável episódio menor envolvendo nadadores da equipe norte-americana, que mentiram sobre ter sido assaltados.


As apreensões quanto a um eventual atentado, ao que tudo indica, não se materializaram. O trabalho preventivo de inteligência parece ter funcionado, e as suspeitas de bomba no Parque Olímpico, reportadas nos primeiros dias, revelaram-se infundadas.

Ainda que os Jogos, de maneira geral, tenham transcorrido sob clima de tranquilidade, um evento desse porte dificilmente deixa de registrar problemas —e com a Rio-2016 não foi diferente.

Sobretudo no primeiro final de semana dos Jogos, o despreparo dos responsáveis pela revista do público nas arenas esportivas gerou filas imensas para a entrada nesses locais, o que levou muitos torcedores a perder parte das partidas. O mesmo problema enfrentou quem buscava comprar comida dentro do complexo olímpico.

O transporte para os locais das competições, embora tenha funcionado a contento, recebeu reclamações pela lotação de vagões e ônibus, além da falta de informações. Anotaram-se ainda problemas pontuais, como a piscina do parque aquático que de um dia para o outro tornou-se esverdeada e cuja água precisou ser trocada.

A maior falha, porém, parece ter sido na gestão orçamentária. O comitê organizador admitiu que precisará de R$ 200 milhões para fechar as contas —total estimado em R$ 7 bilhões— e não prejudicar a realização da Paraolimpíada.

Embora a organização tenha repetido várias vezes que não utilizaria recursos públicos na operação da Olimpíada, o rombo será coberto pela prefeitura carioca e pelo governo federal.

Nesta altura, a ajuda parece inevitável. Mas, para manter a boa imagem dos Jogos, não pode ocorrer sem a devida transparência e sem rigoroso escrutínio do público.

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