Eleitorado do Sul foi influenciado por crises recentes do partido
Silvia Amorim / O Globo
SÃO PAULO - Aliados do governador Geraldo Alckmin admitem que o quadro eleitoral na Região Sul vai demandar uma atenção maior do que em anos anteriores. O desgaste nacional sofrido pelo PSDB no episódio envolvendo o senador Aécio Neves (MG) e, depois, o apoio ao governo de Michel Temer reverberaram no Sul, onde é forte a presença do eleitorado de classe média, base do PSDB.
Além da participação do senador Álvaro Dias na eleição presidencial — que tem hoje mais que o dobro das intenções de voto de Alckmin no Sul —, outro complicador para o PSDB no Paraná é a baixa popularidade do seu governador, Beto Richa. — Acho impossível que o partido consiga uma vitória como nas últimas eleições no Sul — avaliou o sociólogo da Universidade Federal do Paraná Ricardo Oliveira.
No estado, Alckmin não terá palanque próprio. O melhor cenário para ele seria uma desistência de Dias, mas a alternativa já foi descartada. Como último recurso, restará ao PSDB pregar um voto útil.
BOLSONARO GANHA ALIADOS
No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina o partido se organiza para ter candidatura própria na eleição estadual e aposta na estrutura partidária, superior à do PSL de Jair Bolsonaro, para resgatar o espaço perdido. O estado gaúcho é um terreno lamacento para o PSDB, que perdeu lá as eleições presidenciais para o PT em 2010 e 2014, embora tenha sido o mais votado no Sul. Este ano, o PSDB também perdeu aliados para Bolsonaro. O principal apoiador do adversário no Rio Grande do Sul é o deputado Onyx Lorenzoni (DEM).
— No Sul, tem uma base historicamente identificada com a centro-direita, mas que nunca teve candidato. Os candidatos mais perto disso eram os tucanos. Agora, Bolsonaro tomou esse eleitorado e não devolve mais — disse Lorenzoni.
Pré-candidato do PSDB ao governo gaúcho, Eduardo Leite não acredita nisso.
— Entendo que o eleitor que anuncia voto hoje no Bolsonaro está mais votando contra o que está aí do que a favor do Bolsonaro. Não é um voto muito consciente — disse.
Em Santa Catarina, a campanha do deputado também está sendo organizada por parlamentares de outras siglas, como o PMDB. O senador e pré-candidato do PSDB ao governo, Paulo Bauer, aponta a fragilidade do partido de Bolsonaro como maior trunfo de Alckmin:
— Nem sei quem é do PSL aqui. Estamos construindo as condições políticas para repetir a tradição tucana. Não tenho dúvida de que a candidatura dele vai crescer.
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