Ex-presidentes de França, Espanha e Itália pedem que petista participe das eleições
- O Globo
SÃO PAULO - O ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira criticou nesta quarta-feira a divulgação de uma carta, assinada por líderes europeus que pedem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. Segundo o chanceler brasileiro, os líderes mundiais "cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas".
Divulgado pelas redes sociais de Lula na terça-feira, a carta foi assinada por seis pessoas: o ex-presidente da França François Hollande, o ex-presidente da Espanha José Luis Rodrigues Zapatero, o ex-primeiro ministro da Bélgica Ellio Di Rupo e os ex-presidentes do Conselho de Ministros da Itália Massimo D'Alema, Enrico Letta e Romano Prodi.
O texto dos líderes europeus chama de "apressada" a prisão de Lula, diz que o impeachment de Dilma Rousseff gerou uma "preocupação séria" e solicita que o petista possa concorrer nas próximas eleições.
"A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes", diz o texto.
Já o comunicado de Aloysio diz que as declarações foram recebidas com "incredulidade" e sugere que "tendo perdido audiência em casa", os ex-presidentes querem dar "lições sobre o funcionamento do sistema judiciário brasileiro".
Prossegue o ministro: "Qualquer cidadão brasileiro que tenha sido condenado em órgão colegiado fica inabilitado a disputar eleições. Ao sugerir que seja feita exceção ao ex-presidente Lula, esses senhores pregam a violação do estado de direito. Fariam isto em seus próprios países? Mais do que escamotear a verdade, cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas".
Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segunda instância da Lava-Jato, a 12 anos e um mês de prisão. O petista nega ter cometido qualquer crime.
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