- Folha de S. Paulo
Presidente finge que movimentações atípicas de filho e ministro não afetam governo
Os ninjas do centrão querem o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) fora da aba de Sergio Moro (Justiça), e o Palácio do Planalto não tem feito questão de manter seus planos originais —muito embora essa tenha sido uma dentre as sabe-se lá quantas promessas ao ex-juiz, quando deixou a república de Curitiba.
Os mestres do fisiologismo, aliados à oposição, deram o primeiro passo para tirar o conselho de Moro ao votar a medida provisória da reestruturação do governo na comissão especial do Congresso e agora chantageiam o Executivo: se a mudança não for mantida, a MP cairá. Dinheiro de troco se for essa a única condição para não transformar a Esplanada dos Ministérios numa algazarra, além da já instalada desde o dia 1º de janeiro.
Com uma estrutura operacional turbinada, o Coaf de Moro azucrina.
O presidente Jair Bolsonaro voltou ao Brasil na madrugada desta sexta (17) e acordou com um novo relatório do órgão a lhe morder os calcanhares. Revelado por esta Folha, o documento mostra operações bancárias atípicas de seu ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que é investigado por suspeita de ter patrocinado um esquema de candidatas laranjas do PSL em MG.
O relatório identificou transações no valor de R$ 1,96 milhão em período coincidente com os costumeiros acertos financeiros de campanha (fevereiro de 2018 a janeiro de 2019). As movimentações incluem depósitos e saques em dinheiro vivo que não são compatíveis com a atividade do então deputado. Na época, seu salário na Câmara era de R$ 22,1 mil, e a empresa cadastrada em seu nome estava inapta na Receita Federal.
A atipicidade das operações também se deu em relação ao patrimônio, reporta o conselho. Em 2018, o ministro declarou à Justiça Eleitoral bens avaliados em R$ 773 mil.
Como no rumoroso caso do gabinete de seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, o presidente pode optar por simplesmente ignorar mais um relatório prenunciativo do Coaf.
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