Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - Eleito nesta sexta-feira presidente nacional do PSDB, o ex-deputado Bruno Araújo (PE) afirmou que o partido terá posição de “absoluta independência” em relação ao governo Jair Bolsonaro e que mostrará sua discordância quando houver necessidade.
A primeira discordância, afirmou Araújo, é “em relação à compreensão de que democracia se constrói num processo de diálogo com as instituições de forma firme”. “Não é só chamar para assinar algumas folhas de um pacto. É com interlocução direta”, disse.
Quanto à proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro, Araújo disse que convocará uma reunião da Executiva do partido em três semanas para decidir sobre o fechamento de questão em torno do projeto.
“A tendência é o fechamento de questão, votarmos com o texto principal da reforma da Previdência. Pode haver discussões pontuais, mas os temas que são o tronco votaremos a favor”, disse. O fechamento de questão pressupõe punições aos parlamentares que descumprirem a orientação do partido.
Segundo Araújo, o PSDB defenderá temas impopulares. “Ouço muito que o impeachment da ex-presidente Dilma não foi bom para a bancada do PSDB. Não fizemos pensando no partido, fizemos porque foi bom para o país”, afirmou.
Araújo comentou que o partido ainda não tem uma posição sobre o decreto do governo que flexibiliza o porte de armas e que esses e outros temas serão decididos pela Executiva, para que sejam uma posição única e nacional da sigla. “Qualquer opinião agora é opinião de um filiado”, disse. “Estamos derrubando os muros. O PSDB terá posição clara sobre os temas”, completou.
O tucano negou que o partido esteja fazendo uma guinada à direita e afirmou que a legenda é “social-democrata” e de centro, com viés liberal na economia, mas com o Estado ajudando a reduzir desigualdades sociais e o respeito aos costumes e diversidades da sociedade.
Ex-ministro das Cidades do governo Michel Temer, ele está atualmente sem cargo público após perder a eleição para o Senado Federal no ano passado. Eleito em chapa única presidente do partido, com a ajuda do governador de São Paulo, João Doria, Araújo afirmou que o correligionário é “naturalmente lembrado” como presidenciável “não só pelo tamanho do Estado” que governa, mas “sobretudo pela consequência e resultados que o governo paulista dá em tão pouco tempo”.
O novo presidente do PSDB afirmou que a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do presidente nacional do MDB, Romero Jucá, na convenção nacional do partido nesta sexta-feira foi uma visita de cortesia, sem relação com alianças futuras. “Não estamos agora tratando [da eleição de] 2022”, disse.
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