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Troca de gerações
Menos à esquerda para em 2022 disputar o voto conservador com o presidente Jair Bolsonaro caso ele tente se reeleger, ou com o candidato apoiado por ele.
Mas não muito à direita para evitar que o eleitor de Bolsonaro acabe pensando assim: ora, se é para trocar seis por meia dúzia, ficarei então com o que já conheço.
Essa é a pretensão do PSDB que emergiu, ontem, da convenção que elegeu seu novo presidente, o ex-deputado federal por Pernambuco Bruno Araújo, apoiado pelo governador João Doria, de São Paulo.
Foi uma eleição de um só candidato. Bem que os velhos caciques do partido tentaram formar uma chapa para enfrentá-lo, mas não conseguiram. A convenção marcou uma troca de gerações.
Saíram de cena nomes tradicionais do PSDB – o ex-presidente Fernando Henrique que nem apareceu por lá, o ex-governador Geraldo Alckmin (SP) e o senador José Serra (SP) que apareceram.
Entraram Dória e os seus garotos. O deputado federal Aécio Neves ainda conseguiu emplacar alguém da sua turma na primeira vice-presidência. Mas foi também Dória que emplacou o tesoureiro.
O sonho do governador de São Paulo é atrair para suas bandas o DEM do deputado Rodrigo Maia e do prefeito de Salvador ACM Neto, assim como o PSD do ex-ministro Gilberto Kassab.
Tentará atrair também algumas siglas que hoje fazem parte do chamado Centrão, como o PP do senador Ciro Nogueira (PI). “O PSDB é um partido de centro”, reafirmou seu novo presidente.
Como tal, não se alinhará ao governo Bolsonaro. Mas poderá compartilhar com ele ideias comuns, tais como a reforma da Previdência e a privatização de mais empresas estatais.
Coube a Alckmin bater em Bolsonaro. E ele surpreendeu pela contundência. Chamou Bolsonaro de “oportunista” e disse que o bolsonarismo não passa de uma “grande mentira”.
Dória foi mais ameno nas críticas a Bolsonaro. “Continuo entendendo que o PSDB não deve fazer este alinhamento [com o governo], mas deve apoiar as boas iniciativas para o país”, disse.
A próxima sucessão presidencial ensaia seus primeiros passos.
Toffoli x Toffoli
Juiz não pode ter vontade
Em palestra, ontem, na Federação da Indústria do Estado de São Paulo, o ministro José Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, ensinou o que ele parece ter esquecido.
A respeito da isenção, atributo obrigatório para quem usa toga, ele disse que onde se faz justiça não há “lugar para paixões, ideologias e vontades”. E repetiu enfático para que não restasse dúvida:
– Juiz não pode ter vontade. Se tiver vontades, sai da magistratura, vai para política, para movimentos associativos, vai para o Executivo, vai ser candidato.
A levar em conta o que ensinou, Toffoli deve estar pronto para abandonar a má ideia que teve de sugerir um pacto dos três poderes da República destinado a tirar o Brasil da crise.
Ninguém ficou mais eufórico com a ideia de Toffoli do que o presidente Jair Bolsonaro. E com razão. Logo Bolsonaro afirmou que era bom ter a justiça ao seu lado, ao lado do certo, do razoável.
Governo e Congresso podem se entender em torno do que quiser. Como lhe cabe examinar os atos dos demais poderes à luz da Constituição, a Justiça não pode meter-se em pactos. Ponto final.
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