- O Globo
Em diários inéditos, FH define Ciro como “descabeçado” e “destrambelhado”. Garotinho aparece como um “moleque” mal-educado, que entrava no palácio assobiando
Desbocado, destrambelhado, descabeçado. Fernando Henrique Cardoso usou esses e outros adjetivos para se referir a Ciro Gomes nas eleições de 2002. No último volume dos “Diários da Presidência”, o tucano deixa claro que detestaria passar a faixa ao ex-aliado.
“O Ciro é nada, é um oportunista que vive da imprensa”, criticou, em março de 2001. “Eu não confio no Ciro. Me chamou de ameba, isso é inaceitável. Ele não tem responsabilidade”, reclamou, em agosto de 2002. “O Ciro é um desastre”, resumiu, dias depois.
O presidente comparava o desafeto a Fernando Collor. “É um oportunista, um rapaz perigoso”, criticou, a cinco meses da eleição. Quando Ciro subiu nas pesquisas, ele apelou aos céus: “Meu Deus, livre-nos dele!”.
O diário também registra o desapreço de FH por Anthony Garotinho. “Deixou o Estado do Rio em petição de miséria”, criticou, em setembro de 2002. Em outra passagem, ele chama o ex-governador de “moleque”.
Para o tucano, Garotinho teve o pior comportamento entre os quatro presidenciáveis que o visitaram no Alvorada. “Quase agressivo, entrou assobiando, com pouca educação. (...) Não tem noção das coisas”, anotou.
O presidente só pisava em ovos ao falar do candidato do PSDB, José Serra. A dois dias do primeiro turno, ele deixou escapar um desabafo. “O Ciro diz que nós tivemos o pior desempenho dos últimos 50 anos, e o Serra se cala. O Lula diz que não houve investimento de energia elétrica, ele se cala. O Garotinho diz que eu falei que todo aposentado é vagabundo, ele se cala...”, queixou-se.
Os últimos dois presidentes não ficam bem no livro. FH descreve Michel Temer como “um homem educado, agradável”, mas o responsabiliza por uma traição do PMDB ao governo. No último capítulo, Dilma Rousseff aparece como “a moça que representa o PT na comissão de transição”. Numa passagem premonitória, o tucano diz que ela “tem uma visão favorável a subsídio, não sei o que, subsídio para isso, subsídio para aquilo, enfim, como se o Tesouro fosse o Papai Noel”.
JairBolsonaronãoécitadonas1.024páginasdodiário, que cobre os últimos dois anos da Era FH. Deputado do baixo clero, não conseguiu atrair a atenção presidencial.
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