O Estado de S. Paulo
Quanto mais pesadelo Lula tem, mais Tarcísio sonha com o Planalto em 2026
O impacto da operação policial mais letal da
história não apenas conteve o embalo do presidente Lula como empurrou o governador
Tarcísio de Freitas de volta para a disputa de 2026. Depois de sucessivos
erros, idas e vindas e pedidos de desculpas, Tarcísio está se poupando e
avaliando para onde os ventos – e as candidaturas – vão.
Desde o início, Tarcísio e seu principal mentor político, Gilberto Kassab, combinam duas táticas. A primeira é jamais admitir uma candidatura presidencial já em 2026, para evitar as chuvas, trovoadas e ataques, naturais contra quem se destaca. A outra é monitorar quais as condições de vitória, antes de qualquer decisão.
Com Lula franco favorito, o foco é, ou era, a
reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Com Lula cambaleando, como agora, o céu
é o limite. Ou melhor, a meta é o Planalto. A estratégia atende a um cronograma
milimetricamente desenhado e focado na hora de decidir: vai ou não? O limite é
abril, prazo final para desincompatibilização de governadores em disputa pela
Presidência.
Vejamos pela Quaest a quantas anda o lugar de Tarcísio na chapa de 2026. Num segundo turno entre os dois, Lula tinha 52% e Tarcísio 26% em dezembro de 2024, o dobro. Em maio deste ano, a diferença esfarelou e chegou a 41% a 40%, empate técnico. Lula, porém, se recuperou, com 45% a 33% em outubro. Logo, ele esteve sempre à frente, mas a disputa com Tarcísio é uma montanha russa.
E neste novembro? Em apenas um mês, a
distância entre os dois despencou de 12 para 5 pontos no segundo turno, Lula
41%, Tarcísio 36%. Pela estratégia Tarcísio-Kassab, portanto, o governador de
São Paulo está de volta ao jogo. Mas evitando bolas divididas e mantendo os
demais governadores em campo, impedindo vitória de Lula no primeiro turno e
somando seus votos no segundo.
A intenção é estar próximo o suficiente de
Jair Bolsonaro para atrair seu eleitorado (sem esses votos, Tarcísio não é
nada...) e longe o bastante para não ganhar hematoma, torção, quem sabe uma
maca para sair de campo. O clã Bolsonaro afunda, mas o eleitor anti-PT,
evangélico, com ojeriza a beijo gay em novela e querendo sangue contra o crime
continua à tona, e forte.
Do outro lado, Lula enfrenta temas como
violência e INSS, suspeitas contra agregados e a notícia do Estadão de que o
governo contratou para a cobertura jornalística da COP 30, por R$ 26 milhões, uma
organização ligada ao PT e a Janja. Pode ter justificativa, mas essas coisas
trazem de volta os piores pesadelos de Lula. Quanto mais pesadelo Lula tem,
mais Tarcísio e Kassab sonham com 2026.

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