quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Nos EUA, Campos nega que PSB tenha decidido não apoiar PSDB em São Paulo

Governador de Pernambuco esteve em Washington para receber um prêmio de governança do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

Flávia Barbosa

WASHINGTON — O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, negou nesta quarta-feira que seu partido, o PSB, tenha decidido não apoiar a reeleição do tucano Geraldo Alckmin em São Paulo, para permitir que a ex-senadora Marina Silva, da Rede, anuncie sua candidatura à vice-presidente em sua chapa em fevereiro. Segundo Campos, a definição das coligações estaduais só será feita após o lançamento das diretrizes comuns para um programa de governo, ainda em elaboração e que só deverão ficar prontas no fim de janeiro.

Campos afirmou que ele e Marina fizeram “uma imersão” no programa durante reunião na última terça-feira, mas não trocaram “uma palavra” sobre as sucessões estaduais. O governador considera natural que os estados já estejam debatendo os arranjos eleitorais de outubro, mas acredita que o seu papel e o de Marina neste momento sejam discutir a sucessão e as diretrizes nacionais.

— Nós não vamos interditar debate estadual algum — disse o governador. — Mas não discutimos este assunto (apoios regionais) em nenhum estado ainda. Estaríamos inclusive sendo incoerentes se falamos em uma coligação programática e a gente parte para decidir as coligações antes de ter as diretrizes do programa, estaríamos desfazendo o que tínhamos dito. Então, não procede.

Isso vale, inclusive, para a definição da chapa presidencial, ou seja, se o candidato a presidente seria o governador ou Marina.

— Vai acontecer na hora que for a melhor estratégia, depois das diretrizes definidas. Enquanto elas estão sendo definidas, estamos amadurecendo os próximos passos — disse Campos, que esteve na capital americana para receber um prêmio de governança do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pelos ações de desburocratização e segurança implementadas em sua gestão.

Para o governador, o ideal é que PSB e Rede, com base no programa comum, entrem juntos na maior parte das disputas de outubro. Ele calcula que, hoje, os dois partidos dividiriam o palanque em 20 dos 27 estados. Ele enfatizou que as siglas têm identidades próprias e diferenças, mas tentarão, onde houver divergências locais, manter o respeito às diretrizes da aliança nacional:

— Não estamos, eu e Marina, nos dedicando a discutir o quadro de São Paulo, Rio, Pernambuco,

Amazonas. Estamos fechando as diretrizes e depois vamos tentar guardar a coerência.
Campos disse que Marina não expressou em conversa com ele oposição ao apoio socialista a Alckmin. E lembrou que a ex-senadora já disse que a intenção da coligação entre PSB e Rede é “governar com os melhores do PT e os melhores do PSDB”.

— Estamos discutindo um projeto para o país. Marina diz muito bem, como eu afirmo, (sobre) a compreensão do ciclo histórico que nos trouxe até aqui, com a contribuição de todas essas forças, uma outra coalizão política que nos permita representar um avanço na prática política, numa política que possa garantir o conteúdo que está sendo reivindicado nas ruas — disse o governador.

Eduardo Campos afirmou ainda que vê com preocupação a deterioração dos fundamentos brasileiros, do ritmo de crescimento e da qualidade de vida da população. Porém, ressaltou, acha que há países em condições econômicas piores do que as brasileiras.

O governador se disse contrário à política de segurar a inflação por meio do represamento de reajustes de preços administrados, enquanto os alimentos estão aumentando à taxa anual de 10%, os serviços pessoais, de 9%, e os aluguéis, em algumas cidades, na casa de 15%.

Para ele, é preciso implementar políticas que coordenem melhor o tripé da economia brasileira — rigor fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação — e elevem a produtividade e a capacidade de investimento.

Campos comentou também a possibilidade de o ano eleitoral contaminar o gerenciamento da política econômica em 2014, como alertou o Banco Mundial, em relação a um conjunto de emergentes que incluiu o Brasil, em relatório divulgado nesta quarta-feira. Para fechar janelas deste tipo, defendeu o governador, o país precisa de mandato de 5 anos para o presidente, sem reeleição:

— Claro que me preocupo (com o alerta do Banco Mundial), como brasileiro torço e vou contribuir para que isso não aconteça (...) Acho sinceramente que no Brasil não se pode retardar mais as decisões que precisam ser tomadas para sinalizar o compromisso fiscal e monetário, precisamos deixar isso muito claro inclusive como consenso das forças políticas que podem disputar o governo.

Fonte: O Globo.

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