Depois de reunião com Dilma, PMDB amansa os ânimos em relação à reforma ministerial e desvia o foco para os palanques estaduais
Grasielle Castro, Paulo de Tarso Lyra e Denise Rothenburg
Após encontro entre a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o PMDB amenizou o discurso de apelo por mais uma pasta na reforma ministerial e passou a mostrar mais preocupação com as alianças estaduais. O redesenho ministerial foi condicionado aos palanques de estados como Rio de Janeiro e Ceará, onde existem crises entre as siglas. Horas antes do jantar da cúpula do PMDB no Palácio do Jaburu, a presidente disse que ainda não bateu o martelo sobre a reforma e que só pensará sobre o assunto após o dia 29, quando retornará das viagens a Davos, na Suíça, e a Cuba. Na última segunda-feira, Dilma avisou a Temer que não teria como ampliar o espaço do PMDB na Esplanada, o que, em tese, inviabilizaria a indicação do senador Vital do Rêgo (PB) para o Ministério da Integração Nacional.
A notícia irritou o comando partidário, que marcou um jantar ontem com os presidentes da Câmara e do Senado, líderes e ministros. Um deles reconheceu que o partido está fragilizado e com pouco poder de barganha. “Dilma está forte no Nordeste, onde Aécio Neves e Eduardo Campos não conseguem avançar. Nós temos tempo de televisão, mas ela é bastante conhecida”, resumiu o ministro.
Esse mesmo integrante do primeiro escalão afirmou que o PMDB poderia diminuir a pressão pela Integração caso fosse contemplado com a Secretaria dos Portos. “Não tem nada decidido. Não queremos passar a impressão de que estamos colocando uma faca no pescoço da presidente”, minimizou o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
Alianças
Enquanto Dilma negocia com o PMDB os espaços no governo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, viaja amanhã para discutir os palanques estaduais. Ele vai ao Ceará, a Alagoas, a Bahia e ao Rio de Janeiro. Em todos eles, existem crises envolvendo o PMDB. Em pelo menos três, os problemas estão diretamente relacionados ao PT. No Ceará, o PT negocia uma aliança com o governador Cid Gomes que pode isolar o candidato do PMDB ao governo local, senador Eunício Oliveira. Na Bahia, Geddel Vieira Lima deve concorrer ao Senado, deixando o ex-governador Paulo Souto (DEM) para enfrentar o candidato do PT, Rui Costa.
No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral ainda tenta uma aliança com o PT. Raupp destacou que ainda há tempo para alianças serem refeitas e desfeitas e afirmou que o partido deverá lançar entre 18 a 20 candidatos aos governos estaduais em outubro.
PSDB pede a cassação de Dilma
O PSDB protocolou no Tribunal Superior Eleitoral uma reclamação na qual pede a cassação do diploma e a inelegibilidade da presidente Dilma Rousseff. Os tucanos alegam que a petista fez propaganda eleitoral antecipada no pronunciamento de fim de ano, exibido em rede nacional de rádio e tevê no último dia 29. No ofício, o PSDB pede a abertura de investigação judicial para apurar o suposto abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação. O Planalto não vai se manifestar
Fonte: Correio Braziliense
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